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Quatro aspectos do mercado cripto atingem novas altas antes do halving da rede Bitcoin

05 maio 2020, 16:17 - atualizado em 05 maio 2020, 16:17
Uma alta recente nas taxas de transação e de hashes da rede Bitcoin, pesquisas no Google e a emissão de novas stablecoins tether (USDT) são um indício de forte atividade em todo o ecossistema antes do halving do Bitcoin na próxima semana (Imagem: Pixabay/lukinIgor)

A taxa de hashes (velocidade em que dispositivos de mineração de criptoativos operam) da rede Bitcoin disparou para 267 bilhões de gigahashes por segundo (GH/s) no dia 3 de março de 2020, às 8h, horário de Brasília, antes do halving.

Uma média de 144 blocos são minerados todos os dias, ou seja, cerca de 1,8 mil novos bitcoins são gerados a cada 24 horas.

O minerador que verifica cada bloco é recompensado por seu trabalho com bitcoins recém-criados. Essa “recompensa por bloco” é a forma como bitcoins são lançados no sistema.

Um novo bloco de transações é acrescentado ao blockchain Bitcoin a aproximadamente cada dez minutos. A recompensa atual é de 12,5 bitcoins por bloco.

O número de novos bitcoins criados por meio da recompensa por bloco é reduzido pela metade a cada quatro anos, processo chamado de halving do Bitcoin.

Em fevereiro, a Brave New Coin lançou uma ferramenta de contagem regressiva para prever quando o halving do bitcoin aconteceria; os modelos preveem que o halving irá acontecer na próxima semana (Imagem: Crypto Times)

O próximo halving será o terceiro, e a recompensa atual por bloco de 12,5 BTC passará para 6,25 BTC. Espera-se que o halving da recompensa por bloco do Bitcoin aconteça às 22h41 (horário de Brasília) no dia 13 de maio de 2020. Essa é uma média calculada por oito modelos de previsão da Brave New Coin.

Taxas de transação também dispararam, para uma alta de dez meses de US$ 2,50 por transação. Porém, taxas eram mais de US$ 30 reais em 2017, resultando na venda de bitcoin de mais de US$ 20 mil em 2018.

As taxas de transação pagas na rede Bitcoin não dependem da quantia sendo transferida. Recentemente, as taxas de transação totalizaram uma receita de mineração de 1,06%.

Os dados de pesquisa da ferramenta Google Trends para o termo “Bitcoin Halving” também aumentaram e, recentemente, atingiram um novo recorde. O termo pesquisado foi usado três vezes mais do que no halving anterior em 2016.

Dados do Google para o termo “Buy Bitcoin” (“compre bitcoin”) mostram um pequeno aumento e a frase nem chegou perto de ser frequentemente usada como aconteceu em dezembro de 2017.

Em meio à crise econômica causada pelo coronavírus, a stablecoin tether (USDT) teve seu auge (Imagem: Twitter/Tether)

Outro sinal de interesse em bitcoin é o crescimento contínuo de tether (USDT). A capitalização de mercado do tether cresceu mais de 56% em 2020 e, recentemente, atingiu US$ 7,9 bilhões.

Agora, está em quarto lugar na tabela de capitalização de mercado da Brave New Coin, atrás de bitcoin (BTC), ether (ETH) e ripple (XRP).

Tether é uma stablecoin emitida pela Tether Limited. Tether converte dinheiro em criptoativos, para ancorar ou acorrentar o valor do preço de moedas nacionais, como o dólar estadunidense, o euro e o yuan chinês.

No mês de abril, a tesouraria de tether emitiu um total de 1,58 bilhão de sua stablecoin. O aumento na emissão de tether representa um aumento de 54% no fornecimento desde março.

Tether é chamado de stablecoin porque foi criada para sempre valer US$ 1 e manter US$ 1 em reservas para cada tether emitida.

Tether Limited havia afirmado que cada token era lastreado por um dólar estadunidense. Porém, em março de 2019, a empresa mudou o lastro para incluir empréstimos a empresas parceiras.

Em 2018, foi publicado o artigo “Is Bitcoin Really Un-Tethered?” (algo como “o bitcoin é realmente desacorrentado?”, fazendo um trocadilho com o verbo “to tether”, que significa “amarrar”, “acorrentar”, “prender”).

No artigo, John M. Griffin, professor de finanças da Universidade do Texas, e Amin Shams, professor de finanças da Universidade do Estado de Ohio, argumentaram que um aumento na emissão de tether em 2017 correspondia a um aumento nas movimentações de preço do bitcoin.

O artigo afirma que a fase de especulação (“bull run”) do bitcoin em 2017 foi resultado de uma manipulação de mercado da Tether e da corretora Bitfinex.

O artigo publicado pelos professores de finanças Griffin e Shams afirma que Bitfinex e Tether manipularam o mercado antes da fase “bull run” do bitcoin em 2017 (Imagem: Facebook/Bitfinex)

Nossos resultados sugerem que, em vez de milhares de investidores estarem movimentando o preço do bitcoin, é apenas um grande investidor.

Daqui a alguns anos, as pessoas se surpreenderão ao saber que investidores entregaram bilhões a pessoas que não conheciam e não eram supervisionadas.

Esse grande e único player ou entidade ou possuía uma sincronização clarividente de mercado ou exercia um impacto de preço extremamente grande no bitcoin que não é observado em fluxo agregados de outros negociadores menores.

Porém, um novo relatório, intitulado “Stablecoins não inflacionam mercados cripto”, publicado em abril por Richard K. Lyons e Ganesh Viswanath-Natraj, descobriu o contrário.

“Não achamos evidências sistemáticas de que a emissão de stablecoins direcione preços de criptomoedas”, afirma o relatório.

Em contrapartida, descobrimos evidências de hipóteses alternativas para os direcionadores da emissão.

Mais especificamente, (i) a emissão de stablecoins responde, de forma exógena, aos desvios na taxa de mercado secundário da taxa fixa e (ii) stablecoins têm um papel significativo na economia de ativos digitais como um ativo de refúgio.

Isso pode ser visto, por exemplo, nos grandes prêmios durante o pânico causado pela COVID-19 em março de 2020.

Em abril de 2019, a Procuradoria Geral de Nova York alegou que a corretora Bitfinex perdeu US$ 850 milhões devido à falha da processadora de pagamentos Crypto Capital e usou os fundos da Tether para, de forma fraudulenta, cobrir a queda.

A procuradoria emitiu diversos processos judiciais alegando fraude e manipulação de mercado.

Tether e Bitfinex negaram as alegações e estão realizando suas próprias iniciativas conforme buscam recuperar os fundos que foram confiscados ou perdidos quando as contas bancárias da Crypto Capital foram congeladas.

iFinex Inc., empresa-mãe da Bitfinex, solicitou intimações no estados do Colorado, Arizona e Geórgia este mês, buscando interrogar bancos que detinham fundos para a Crypto Capital.