Quarentena de Merkel complica planos contra vírus na Europa
Com a chanceler alemã Angela Merkel em quarentena, o esforço para conter a propagação do coronavírus na Europa ficou ainda mais complicado quando líderes tentam impor medidas cada vez mais rígidas para controlar a pandemia.
Depois de entrar em contato com um médico que posteriormente deu positivo, a líder alemã preside uma reunião de emergência de gabinete na segunda-feira por videoconferência.
A reunião tem como objetivo aprovar um plano de empréstimos de 350 bilhões de euros (US$ 370 bilhões) para combater os impactos econômicos do vírus.
Na União Europeia, os ministros das Finanças devem se reunir por videoconferência para aprovar a suspensão temporária das regras de orçamento. A medida abriria caminho para elevados gastos com o objetivo de sustentar a economia e mostrar aos cidadãos que o sacrifício pessoal valerá a pena.
“Não há limite” de quanto os gastos da França poderiam subir na luta contra a propagação do coronavírus, disse o ministro do Orçamento do país, Gerald Darmanin, em entrevista a uma rádio francesa na segunda-feira. “Precisamos proteger nossa população.”
A Itália, o epicentro da crise no continente, é arrastada para uma recessão por causa do surto que afeta principalmente as regiões do norte, o que obrigou o governo a proibir quase toda a mobilidade no país e paralisar praticamente toda a produção industrial.
O impacto do vírus na economia será forte, mesmo que as medidas do Banco Central Europeu e de governos da região ajudem a limitar a intensidade e a duração da crise, disseram o presidente do Banco da Itália, Ignazio Visco, e o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte, em entrevistas distintas ao jornal La Stampa.
“O Banco Central Europeu implantou um escudo protetor, agora depende dos governos europeus entrarem na batalha e defenderem a economia”, disse Conte ao La Stampa. “Usaremos todas as ferramentas que possam nos ajudar a começar a caminhar novamente.”
Apelo de Merkel
Em sua última aparição pública antes de entrar em quarentena, Merkel anunciou medidas mais rígidas de bloqueio em todo o país, como limitar o contato que não sejam parentes próximos a uma pessoa e determinar que restaurantes funcionem apenas para serviços de retirada. Ela renovou o apelo para que as pessoas reduzam o contato social.
A adesão às medidas de bloqueio tem sido desigual na Europa, o que alimenta preocupações sobre a contenção do vírus após um fim de semana que registrou mais de 2 mil mortes na Itália e na Espanha.
Nos Países Baixos, o governo avalia mais restrições depois de imagens no fim de semana de residentes aproveitando o tempo ensolarado, com parques e cidades costeiras do Mar do Norte lotados.
Em resposta, um alerta oficial de emergência foi enviado aos celulares no domingo, pedindo às pessoas que mantivessem distância de pelo menos 1,5 metro entre si.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também ameaçou “medidas mais duras”, a menos que a população britânica pare de ignorar os pedidos para evitar reuniões sociais.
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, cuja esposa testou positivo para o vírus, prolongou o estado de emergência no país por mais duas semanas.
A Europa avalia ações coletivas mais agressivas para sustentar a economia. O presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau, solicitou empréstimos de emergência aos estados por meio do fundo de resgate do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
O vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, disse que a UE deveria coordenar uma resposta fiscal conjunta nesta semana.