Quantos bilhões a Americanas (AMER3) precisa para se manter? Mais do que Lemann quer pagar, calcula XP
A derrocada da Americanas (AMER3), que começou na quarta-feira depois de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões, ganhou mais um capítulo na sexta-feira após a empresa ganhar na justiça uma proteção contra execução de dívidas.
Depois de 30 dias, a varejista terá que decidir se irá entrar com pedido de recuperação judicial (RJ). Segundo informações que circulam pela imprensa, a companhia não deseja pedir RJ, mas terá que fazê-la caso não chegue a um acordo com os bancos.
Tudo começou quando o BTG Pactual (BPAC11) solicitou o adiantamento de R$ 1 bilhão da Americanas. Na última sexta, a companhia realizou uma reunião com bancos para tratar de negociações sobre as dívidas, que segundo a decisão do juiz chegam a R$ 40 bilhões.
Ainda de acordo com a Bloomberg, os bancos aceitam prolongá-las, desde que haja uma injeção de capital.
Os acionistas de referência da Americanas, a 3G Capital, formada pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, querem R$ 6 bilhões, mas os bancos R$ 10 bilhões.
Porém, para a XP Investimentos nem um nem outro valor será suficiente para tampar o rombo da empresa. Pelos cálculos dos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, o montante da oferta de ações deveria ser de R$ 12 bilhões a R$ 21 bilhões.
Eles assumiram diferentes níveis de alavancagem e margem Ebitda, dada a falta de visibilidade quanto às demonstrações financeiras após os eventos recentes.
E se a Americanas solicitar recuperação judicial?
A corretora elencou quatro consequências caso a empresa decida realizar uma recuperação judicial, o que pode ser considerada a alternativa mais provável segundo a XP, dado o tamanho da dívida da Americanas e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos.
Os analistas recordam ser um processo longo, com duração média de três anos, mas excedendo esse prazo em muitos casos — a Oi (OIBR3), o maior caso de recuperação judicial do Brasil, demorou seis anos.
Outra consequência seria a saída do Ibovespa, já que de acordo com a metodologia da B3, as companhias em RJ não são elegíveis para entrar no índice, o que pode impactar negativamente a liquidez da varejista.
Além disso, segundo os analistas, as ações tendem a sofrer com a volatilidade durante processos de recuperação judicial, uma vez que as medidas são focadas nos credores e são geralmente diluitivas aos acionistas.
Entre as soluções para a saída do processo estão o desinvestimento de ativos, renegociação de dívidas, conversões de dívidas em ações e aumento de capital.
A Natural da Terra, hortifrúti comprada pela Americanas em 2021, e a rede Vem Conveniência, joint venture com a Vibra (VBBR3), estão entre os ativos que podem ser vendidos, segundo informações do Valor Econômico.