Quanto custa a Selic a 13,75% para o país? Governo gastou R$ 1,2 tri com aperto monetário
Os dados divulgados pelo Banco Central apontam que, a cada 1 ponto percentual (p.p) mantido por 12 meses na Selic, o governo gasta aproximadamente R$ 4o bilhões a mais com a dívida bruta (DBGG).
Desde que o BC iniciou o atual ciclo de aperto monetário, em março de 2021, até maio de 2023, a taxa subiu de 2,75% para 13,75% ao ano. Com isso, os gastos do governo com juros foram de R$ 1,26 trilhão no período, segundo cálculos do estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal.
Só no período em que a autoridade monetária optou por manter a taxa básica de juros no patamar de 13,75%, desde agosto de 2022 até agora, o gasto foi de R$ 554 bilhões.
Daniel destaca que, caso a Selic já fosse de 9,5% neste ano, conforme projeção do Boletim Focus para 2024, o governo economizaria R$ 91 bilhões, sem considerar o eventual impacto da Selic baixa na inflação, câmbio e taxa de juros longa.
Segundo o Banco Central, a dívida bruta do governo atingiu 73,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em maio, totalizando R$ 7,6 trilhões.
A evolução de 0,7 p.p. em relação ao mês anterior decorreu de juros nominais apropriados (+0,7 p.p.), das emissões líquidas de dívida (+0,3 p.p.), e do efeito da variação do PIB nominal (-0,4 p.p.), pontuam.
Cortes da Selic entram no radar
Após a última ata do Comitê da Política Monetária (Copom) deixar a porta aberta para eventuais cortes da Selic, o mercado anseia uma mudança na taxa.
O estrategista da BGC Liquidez afirma que as sucessivas surpresas baixistas para a inflação, aliadas à queda nas expectativas no relatório Focus tanto em 2023 quanto em horizontes mais longos, deixam o ambiente mais favorável ao início de um afrouxamento monetário.
Na análise dos economistas do UBS BB, o Banco Central deve realizar um primeiro corte nos juros de 25 pontos percentuais (p.p.) já em agosto.
Depois, a instituição deve acelerar o ritmo e reduzir a taxa em 50 p.p. nas demais reuniões do ano. O UBS espera que a Selic feche 2023 em 12% ao ano.
Ainda assim, os economistas atribuem 5% de probabilidade das taxas se manterem estáveis, mas isso apenas se as expectativas de inflação não encolherem mais. “O que achamos muito improvável”, dizem.
Segundo eles, as expectativas de inflação determinarão a trajetória das próximas reuniões. “Prevemos um ritmo de 50 pontos percentuais a partir de setembro porque esperamos melhorias adicionais nas expectativas de inflação de longo prazo”, afirmam.