Quanto a agropecuária do Brasil emite de metano em um ano e quais as soluções para reduzir emissões de efeito estufa?
O Sistema de Estimativa de Emissões de Gás de Efeito Estufa do Observatório do Clima aponta que o Brasil emitiu, em 2022, 20,577 milhões de toneladas de metano. Desse total, a agropecuária respondeu por 75,3% (15,5 milhões de toneladas) das emissões do país, com o setor de resíduos em segundo lugar entre os maiores emissores, com 15,3%.
O metano é um dos principais gases causadores do efeito estufa, ao lado do o dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O), o ozônio (O3) e os clorofluorcarbonos (CFCs). O gás metano está atrás apenas do CO2 entre os maiores responsáveis pelo efeito estufa. A emissão do metano ocorre a partir da fermentação entérica, que é uma parte natural do processo de digestão de animais ruminantes.
Entre os países que mais emitem metano, de acordo com dados de 2021, está:
- China
- Estados Unidos
- Índia
- Rússia
- Brasil
“A China responde por 14% das emissões globais, enquanto o Brasil por 5,5%. Aqui no país, dentro desses 75,3% das emissões da agropecuária, 82% vem da pecuária de corte, seguidas por quase 10% vindas do gado de leite e 3% dos suínos, principalmente pelo tratamentos dos dejetos desses animais, e o arroz com 2,4%”, diz Renata Potenza, especialista em Ciência do Clima no Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
Até 2025, o Brasil se comprometeu, através da sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), em reduzir suas emissões de GEE’s em 48% e 53% até 2030. Para 2025, o mundo espera atingir a neutralidade climática, ou seja, o equilíbrio entre as emissões e absorções dos gases. Quanto ao metano, o Brasil e outros países signatários, se comprometeram a reduzir 30% das emissões de metano até 2030. Fora esses dois compromissos, o país conta com o Plano ABC+, de agricultura de baixo carbono.
Como podemos reduzir emissões de metano?
De acordo com a especialista do Imaflora, há soluções diretas e indiretas, que passam pelas metas da NDC, para reduções de GEE’s. Entre elas:
- redução do tempo de abate de animais (atualmente, para bovinos, o tempo médio é de 36 meses, que pode ser reduzida em até 8 meses)
- melhoramento genético animal
- uso de aditivos e melhor suplementação da dieta animal
“Quando pensamos em outros gases, e que contribui diretamente para redução do metano, está a recuperação das pastagens degradadas, com a recuperação desses solos sendo essencial para reduzir nossas emissões e aumentar nossa remoção de carbono dos solos. Além disso, há práticas como rotação de culturas, inclusão de árvores nos sistemas produtivos e implementação de sistemas agroflorestais (SAF)”, completa.