Quando o Santander (SANB11) entregará bons resultados? Não em 2023, diz Genial
O Santander (SANB11) patina há alguns anos nos resultados, o que fez analistas o elegerem como uma ação a ser evitada. E agora chegou a vez da Genial Investimentos concluir o mesmo. A corretora cortou o preço-alvo do banco de R$ 33,5 para R$ 27,10 e rebaixou o papel de neutro para venda.
De acordo com os analistas Eduardo Nishio e Wagner Biondo, que assinam o relatório, o Santander divulgará mais um resultado fraco no quarto trimestre. O bancão abre a safra do setor na quinta-feira (3).
“Esperamos que o quarto trimestre do Santander ainda seja fraco (ROE de 12,2%), bem abaixo de alguns pares como o Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) que estimamos vir com crescimento sequencial de lucro e rentabilidade rodando em torno de 20%”, discorrem.
Além disso, há o impacto do rombo da Americanas (AMER3) — o Santander é um dos bancos mais expostos à companhia, com dívidas de R$ 3,6 bilhões.
“Acreditamos que os bancos tendam a antecipar pelo menos parte desse impacto já no quarto trimestre. Iremos comentar nossas estimativas primeiramente sem esse impacto e depois separando o impacto de Americanas apartado, já que não sabemos o timing e o montante a ser provisionado nesse primeiro momento”, preveem.
Mas mesmo sem a Americanas, os analistas veem uma piora sequencial no trimestre a despeito de uma melhor sazonalidade. Eles esperam uma continuidade das tendências observadas no terceiro trimestre, “mas com um agravante de maior pressão no custo de crédito e uma tesouraria fraca pelo atual patamar da taxa juros”.
2023 do Santander será extensão de 2022 (o que é ruim)
Mas não foi só o quarto trimestre o principal fator para fazer a Genial recomendar ficar de fora do papel e, sim, um 2023 que se desenha bem difícil (e com o agravante Americanas).
Nishio e Biondo esperam queda de 5,5% no lucro do Santander em 2023, dado o cenário macroeconômico mais desafiador.
“Acreditamos que o consenso de lucro estar otimista demais com R$ 14,0b (R$ 15 b há uma semana atrás), correndo o risco de revisões negativas ao decorrer desse ano”, discorrem.
Para piorar, destacam, a Genial acredita em um impacto adicional (que ainda não foram incorporadas) das provisões com as dívidas das Americanas de -8% no lucro de 2023, considerando 50% de provisão, e -0,3 ponto percentual sobre o capital nível 1, considerando 100% de provisionamento.
Entre os pontos principais de risco do Santander, estão:
- Fraco crescimento de crédito de apenas 7% a/a, levemente inferior a evolução do setor estimado pela Febram (Federação dos Bancos) de 8,2%.
- O mix de produtos pressionando a margem do banco (NIM) com empréstimos com maiores garantias, mas menores spreads.
- Provisões ainda altas por conta das safras mais antigas e maior exposição a pessoa física, mas crescendo menos do que a carteira de crédito em função de um mixcom de menor risco (mais garantias).
- Uma alíquota de imposto maior, saindo de 20% em 2022 para 30% em 2023, e pressionando os resultados.
“Sem muitos gatilhos positivos para 2023 e um valuation de 1,2x P/VP (um pouco mais esticado que seus pares), rebaixamos nossa recomendação de Santander“, concluem.