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Qual será o futuro dos mineradores após o halving do Bitcoin?

06 maio 2020, 11:31 - atualizado em 06 maio 2020, 11:46
Como será a rentabilidade da mineração de bitcoin, um dos maiores setores da indústria cripto, após o halving da rede Bitcoin? (Imagem: Crypto Times)

A segurança da rede Bitcoin é garantida por mineradores, que são computadores especializados que usam um mecanismo de consenso chamado “proof-of-work” (PoW) para verificar cada bloco de transações de bitcoin.

A mineração de bitcoin exige poder computacional, que tem um custo. Para recuperar essa despesa, o minerador que verifica cada bloco é recompensado por seu trabalho com bitcoins recém-criados. Essa “recompensa por bloco” é como novos bitcoins são lançados no sistema.

A recompensa atual é de 12,5 BTC por bloco. Um novo bloco de transações é acrescentado ao blockchain Bitcoin a aproximadamente cada dez minutos. Uma média de 144 blocos é minerada todos os dias, ou seja, cerca de 1,8 mil bitcoins são produzidos a cada 24 horas.

A rede Bitcoin possui um fornecimento pré-programado de 21 milhões BTC. Para reduzir a taxa de novos bitcoins produzidos, conforme o fornecimento em circulação se aproxima desse limite, o protocolo bitcoin reduz pela metade o número de bitcoins incluídos em cada bloco.

A Brave New Coin possui uma ferramenta específica para prever a data e a hora do próximo halving da rede Bitcoin. Foram criados quatro contextos baseados em diferentes métricas de intervalos entre blocos.

Cada contexto é uma estimativa móvel e o registro de data/hora, gráficos e valores mostrados nessa página são recalculados diariamente.

“Halving” é um evento que acontece a cada quatro anos quando a recompensa dada pela mineração de novos bitcoins ao blockchain é reduzida pela metade (Imagem: Crypto Times)

Essa redução de 50% no fornecimento de bitcoins foi programada no protocolo Bitcoin e acontece a cada 210 mil blocos (ou a cada quatro anos). O próximo halving será o terceiro.

A rentabilidade de mineração depende de inúmeros custos, relacionados ao hardware, à localização e, principalmente, ao custo de eletricidade.

Mineradores individuais precisam que o bitcoin esteja a um determinado preço para que a receita ganha com a mineração seja maior do que suas despesas de energia.

Mineradores com baixos custos de energia e fazendas de mineração mais eficientes têm uma vantagem competitiva, já que conseguem obter maiores lucros.

Quando o bitcoin estava sendo negociado a US$ 10 mil em fevereiro, mineradores conseguiram atingir altas margens de lucro. Porém, conforme o preço caiu, apenas as máquinas novas e de última geração se mantiveram rentáveis.

Embora a máquina S17 da Bitmain seja o padrão da indústria, agora a empresa se prepara para lançar Antminer S19 (que opera a 95 terahashes por segundo – TH/s) e Antminer S19 Pro (110 TH/s).

Modelos S17 e T17 da série Antminer da empresa Bitmain (Imagem: Antminer Store)

Os modelos S19 e S19 Pro produzem bem mais poder computacional que os 70 TH/s do modelo S17. O site da Bitmain informa que estarão disponíveis para entrega em julho.

Um relatório recente da Blockware Solutions analisou a mudança na dinâmica da indústria de mineração de bitcoin conforme novas máquinas de mineração são lançadas.

O relatório afirma que “o modelo S17 Pro 50T da Bitmain consume 50% mais energia, mas produz 300% mais poder de hashes do que o modelo S9 13,5T. Cada modelo S17 Pro 50T em utilização possui o poder de hash equivalente a quatro fazendas de mineração do modelo S9 13,5T”.

“A inovação nos chips torna a eletricidade menos relevante conforme menos watts são consumidos por terahash”, afirma Blockware Solutions.

“A próxima geração de fazendas de mineração reduzem o impacto financeiro de altas taxas de eletricidade. Assim, baixas taxas de eletricidade reduzem o impacto de desvantagem em comparação a máquinas antigas e ineficiente.”

Porém, a pressão de preços negativos força mineradores a desligarem máquinas não rentáveis que, por sua vez, geram tanto uma queda na taxa de hashes (velocidade de processamento de um dispositivo de mineração) da rede Bitcoin como um ajuste de dificuldade para compensar.

A chinesa Bitmain é a maior empresa do mundo quando o assunto é máquinas de mineração de bitcoin (Imagem: South China Morning Post)

Conforme novas máquinas como a S19 Pro são utilizadas, começarão a dominar a taxa de hashes da rede e antigas máquinas não serão mais rentáveis, mesmo sendo operadas em locais com eletricidade mais barata.

A Bitmain domina a competitiva indústria de mineração de bitcoin e era o maior e mais rentável player nesse setor durante 2017 e 2018.

A maior produtora de mineradores com ASICs (circuitos integrados de aplicação específica) do mundo também opera BTC.com e Antpool, dois dos maiores pools (grupos) de mineração de bitcoin.

Juntos, os dois pools controlam quase 30% da taxa de hashes da rede Bitcoin. Na fase de especulação (“bull run”) de 2017, a empresa teve uma receita anual entre US$ 3 e US$ 4 bilhões.

Conforme o preço de criptoativos aumentou, a Bitmain conseguiu cobrar prêmios cada vez mais altos de suas máquinas de mineração enquanto também liquidava criptoativos a preços maiores do que os preços em que os minerava.

A empresa continuou tendo forte desempenho no primeiro semestre de 2018, lucrando US$ 742,7 milhões.

Apesar de ser a maior empresa de mineração do mundo, dizem que a Bitmain anda “mal das pernas” em relação ao lucro total (Imagem: Facebook/Bitmain)

Em uma tentativa de consolidar sua forte posição e arrecadar mais capital para a produção de hardware, a Bitmain se preparou para lançar uma oferta inicial pública (IPO) na Bolsa de Valores de Hong Kong (HKEX) no segundo trimestre de 2018.

A empresa completou seu registro pré-IPO com a HKEX em agosto e enviou um pedido em setembro.

Porém, um ano depois, a Bitmain passou por épocas difíceis. A IPO não foi bem-sucedida e diversas notícias sugeriram que a empresa estava com dívidas e ficando sem dinheiro.

Dados financeiros fornecidos pela HKEX, pré-requisito de um pedido de IPO, mostram que a Bitmain teve prejuízo líquido de US$ 500 milhões no terceiro trimestre de 2018.

2019 foi um ano conturbado para a Bitmain, marcado por um conflito interno entre os cofundadores Jihan Wu e Micree Zhan, além de uma lenta perda na participação de mercado. Parece que a gigante empresa de mineração possa estar passando por uma reversão de fortunas em 2020.

Um blog em mandarim sobre a indústria de mineração relatou que a Bitmain realizou um anúncio interno de ter ganhado mais de US$ 300 milhões em 2020.

A publicação afirma que a Bitmain também conseguiu aumentar sua participação de mercado ao abrir novas instalações de mineração, além do aumento na taxa de hashes em dois dos seus pools de mineração.

Enquanto isso, Samson Now, CSO da Blockstream e antigo crítico da Bitmain, tuitou que os clientes da Bitmain relataram que os modelos Antminer S17 e T17s tem uma taxa de erro entre 20 e 30%, em comparação à taxa normal de erro de 5%.

Esses relatos não atrapalharam Riot Blockchain, empresa de mineração listada na Nasdaq, de adquirir mil Antminers S19 Pro de última geração por US$ 2,4 milhões.

Riot afirmou que espera receber a série S19 no início de julho, assim como outras empresas profissionais de mineração, antes da Bitmain apresentar essa máquina para mineradores individuais ou de varejo.