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Qual resultado do varejo de moda empolgou mais? Analistas têm dificuldade para escolher a empresa campeã

13 ago 2021, 18:39 - atualizado em 14 ago 2021, 9:23
FARM, Grupo Soma
Para o BTG Pactual, os números do segundo trimestre do ano reforçam o bom momentum vivido pelo Grupo Soma (Imagem: Facebook/adoro FARM)

A noite desta quinta-feira foi corrida para o setor de varejo de moda. Vários nomes da indústria soltaram os resultados do segundo trimestre de 2021, tendo alguns surpreendido e outros decepcionado.

O Grupo Soma (SOMA3) e a Track&Field (TFCO4) destacaram-se pela boa performance no período. A dona das marcas Farm, Animale e Hering (HGTX3) registrou resultados recordes – além do lucro de R$ 66,2 milhões, a empresa teve Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 100,5 milhões.

A Genial Investimentos chamou atenção para a performance da Farm Global no período. Na avaliação da corretora, a marca cresce a ritmos interessantes nos Estados Unidos e deve ganhar mais participação na Europa.

“A Hering, recém-adquirida pelo Grupo Soma, também apresentou resultados fortes em suas lojas, já mostrando ganhos de sinergia”, acrescentou.

Para o BTG Pactual (BPAC11), os números reforçam o bom momentum vivido pela companhia. Esse cenário altamente positivo deve persistir à medida que o varejo se recupera do período em que boa parte das lojas físicas ficaram fechadas em função do agravamento da Covid-19 no país.

Na mesma leva de empresas que registraram um sólido desempenho, a Track&Field conseguiu reverter o prejuízo de R$ 1,3 milhão registrado entre abril e junho de 2020 e lucrou R$ 13,3 milhões no segundo trimestre deste ano, superando as projeções do BTG.

A receita líquida, mesmo sem a participação dos números provenientes de eventos esportivos, saltou 303% no comparativo anual, para R$ 94,4 milhões. Segundo a Track&Field, o resultado refletiu positivamente o aumento do sell out na rede própria e os efeitos do crescimento das vendas das franquias na venda de mercadorias e royalties.

O Ebitda ajustado atingiu R$ 17,8 milhões, crescimento de 3.774% em relação a um ano antes.

Na visão do Santander (SANB11), a Track&Field teve o resultado trimestral mais forte entre os varejistas listados no Brasil.

“A aceleração sequencial do crescimento das vendas foi tão acentuada que a T&F superou nossas estimativas de receita, Ebitda e lucro líquido em mais de 20%, apoiando a recuperação das ações nos últimos meses”, disse o analista Ruben Couto, em relatório divulgado nesta sexta.

Ponto de inflexão

Site da Lojas Renner
A Ativa Investimentos chamou atenção para as melhorias que a Renner está realizando no digital, avançando no seu plano de ser uma empresa cada vez mais multicanal (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

A Lojas Renner (LREN3) reportou mais um conjunto de resultados positivos, sinalizando melhora em relação aos trimestres anteriores. Para a Genial, a companhia teve o melhor desempenho quando comparada a outras principais lojas de fast fashion.

A Renner registrou queda de 76,4% no lucro líquido, para R$ 193 milhões, parcialmente pressionado pelo aumento das despesas operacionais. Apesar do recuo, o resultado superou a expectativa média dos analistas de R$ 131,7 milhões.

A varejista teve Ebitda ajustado de R$ 330 milhões, incluindo produtos financeiros e arrendamentos, queda de quase 35% sobre o desempenho de um ano antes. Já a receita líquida saltou 318% na mesma base de comparação, totalizando R$ 2,26 bilhões.

O BTG enxerga o segundo trimestre como o ponto de inflexão para a ação da Renner.

“Vemos o segundo trimestre de 2021 como o ponto de inflexão, abrindo espaço para um upside de curto prazo. Enquanto isso, ainda vemos a Renner bem posicionada para ganhar participação de mercado nos próximos anos no fragmentado segmento de varejo de vestuário no Brasil”, disse o banco.

A Ativa Investimentos chamou atenção para as melhorias que a Renner está realizando no digital, avançando no seu plano de ser uma empresa cada vez mais multicanal. A corretora destacou, no entanto, que é preciso tentar entender a perda de rentabilidade no segmento de varejo, pois o avanço dos canais online pode estar prejudicando a margem da empresa.

Na opinião da Ágora Investimentos, a questão mais importante é a mensagem que os indicadores-chave operacionais da companhia (crescimento do SSS [Vendas Mesmas Lojas], penetração do e-commerce etc.) estão passando ao mercado. Segundo a corretora, isso deve renovar a confiança dos investidores sobre a capacidade da Renner em continuar dominando o mercado de roupas em um ambiente cada vez mais digital.

Arezzo ainda impressiona

A Arezzo (ARZZ3) foi impactada pela pandemia no início do segundo trimestre, mas conseguiu reportar números consolidados impressionantes, disse o BTG.

A empresa registrou lucro ajustado de R$ 47,4 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 31 milhões de um ano antes.

Segundo a Arezzo, o resultado foi impactado positivamente pela performance operacional no período e pela incorporação da AR&CO, mas sofreu pelo aumento das despesas financeiras e da alíquota efetiva do imposto de renda.

A receita líquida totalizou R$ 552,9 milhões no segundo trimestre, um aumento expressivo de 214,2% em relação a um ano antes. A participação do e-commerce no montante foi de R$ 175 milhões.

O Ebitda ajustado saltou 1.414% no comparativo anual e chegou a R$ 84,1 milhões, beneficiado, entre outras coisas, pela assertividade das coleções, fortes campanhas de marketing e maturidade das vendas digitais.

A Ativa defendeu que a força das operações digitais da companhia vai impulsionar seu crescimento orgânico nos próximos trimestres. Já as aquisições mais recentes servirão como potenciais catalisadores para o aumento da receita da empresa.

Marisa
O digital já mostra sinais de desaceleração para a Lojas Marisa, destacou a Genial Investimentos (Imagem: YouTube/voudemarisa)

Digital começa a perder ritmo

Indo na contramão, a Lojas Marisa (AMAR3) divulgou números operacionais e financeiros fracos na temporada. Pressionada pelas despesas, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 59,5 milhões.

O Ebitda ajustado totalizou R$ 40,5 milhões, enquanto a receita líquida atingiu R$ 662,7 milhões.

A Genial destacou que o digital, embora tenha continuado a boa performance, já mostra sinais de desaceleração. O MBank, área de serviços financeiros da Marisa, segue impactado pelo menor fluxo de pessoas nas lojas.

Bastar olhar para frente

A C&A (CEAB3) foi mais rápida que os pares e divulgou seus resultados na noite de terça. A companhia apresentou ao mercado um relatório marcado por números fracos, na avaliação da XP Investimentos.

A varejista teve lucro de R$ 69,2 milhões e Ebitda ajustado de R$ 1,4 milhão. A receita somou R$ 1,1 bilhão, disparando quase 300% na comparação com o segundo trimestre do ano passado.

Os números, ainda que não tenham animado muito, já eram esperados pela XP, que aconselhou olhar para frente em vez de se agarrar aos dados fracos dos últimos meses.

“Nós já esperávamos resultados pressionados frente às restrições da Covid-19 no trimestre e aos preços de matéria-prima elevados e, portanto, acreditamos que o mais importante seja focar na perspectiva do setor para o segundo semestre, que esperamos que seja melhor com a aceleração da vacinação e melhora da confiança do consumidor”, disse.

O Inter Research adotou uma visão parecida com a da XP. Apesar dos desafios do primeiro semestre, a C&A deve encontrar um cenário mais positivo a partir de julho, aproveitando o período de sazonalidade mais forte (Black Friday e comemorações de fim de ano).

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