Qual o peso de Americanas (AMER3) no balanço do 4T22 do Santander (SANB11)?
A perda de crédito relacionada a Americanas (AMER3) causou parte da deterioração de 47% no lucro líquido do Santander (SANB11) no quatro trimestre de 2022 (4T22), afirma a analista da Empiricus, Larissa Quarema. Apesar disso, mesmo excluindo esse efeito, os números ainda teriam sido “fracos”.
O banco teve lucro de R$ 1,6 bilhão no período, mas sem a Americanas, seria entre R$ 2,1 bilhões e R$ 2,5 bilhões. O mercado esperava uma cifra de R$ 2,9 bilhões, de acordo com o consenso da Bloomberg.
Quaresma ainda afirma que o grande problema para o Santander foi a inadimplência. O índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias subiu para 3,1% no trimestre. Já as provisões foram de R$ 7,4 bilhões, aumento de 88,9% na comparação anual. O que os analistas do mercado investigam nesse número é o impacto do caso Americanas.
A analista estima que, da perda total com empréstimos, entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão, ou entre 8% e 14%, são referentes à varejista. Ao excluir esse efeito da estimada provisão com o Santander, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do banco teria sido entre 10% e 12%, ainda abaixo dos 16% do trimestre anterior.
Além disso, a margem financeira após a inadimplência caiu 19% trimestralmente, para R$ 5,2 bilhões. Sem o efeito Americanas, a margem teria tido queda entre 4% e 10%.
“De fato, o evento Americanas pesou, mas entendemos que o resultado já teria sido vindo abaixo das expectativas mesmo sem ele”, afirma a analista.
Segundo Quaresma, parece que nem toda a provisão para Americanas foi feita no último trimestre do ano. Portanto, deve haver mais impactos nos próximos balanços.
Santander não revela impacto de Americanas
O Santander não revelou o provisionamento para Americanas no balanço do trimestre.
Os executivos também não confirmaram o endividamento da varejista com o banco. A dívida estimada é de R$ 3,6 bilhões, segundo a lista de credores entregue à Justiça.
Além disso, o CEO do Santander, Mario Leão, afirmou que está tranquilo quanto às operações de risco sacado com varejistas. Segundo ele, esse é um produto que vem evoluindo nos últimos anos e vão continuar.
Os comentários vêm semanas após problemas com risco sacado terem sido o epicentro de um rombo contábil de R$ 20 bilhões na Americanas, que levou a varejista à recuperação judicial, deixando grandes bancos com bilhões de reais em prejuízos.