Qual é o tamanho do “risco Lula” para os mercados?
A soltura do ex-presidente Lula, que pode acontecer em horas ou dias, tende a aumentar a polarização do debate político no país e a criar novas incertezas sobre as projeções de médio e longo prazo, avaliam analistas.
Na noite de ontem, o STF decidiu, por 6 votos a 5, derrubar a possibilidade de prisão depois de condenação em segunda instância. Hoje o dólar opera em alta, negociado em torno de R$ 4,15, e o Ibovespa em queda, perto dos 109 mil pontos.
“As reações no mercado tendem a ser negativas, tanto pela sensação de insegurança jurídica (o crime compensa?) quanto pelo chamado ‘risco Lula’”, avalia a corretora H.Commcor em um relatório enviado a clientes.
A consultoria MCM avalia que o ex-presidente irá adotar um discurso de esquerda e mais radicalizado, mas não a ponto de incentivar ações violentas de seus seguidores ou de movimentos a favor do impeachment de Jair Bolsonaro.
“Jogaram um balde de incertezas no otimismo do mercado, que deve reagir negativamente no curtíssimo prazo. O futuro, no entanto, é incerto e o mercado se orienta por dados concretos, resta acompanhar as cenas dos próximos capítulos sem tirar os olhos dos indicadores econômicos”, opina a consultoria Capital Research.
Advogado de Lula, Cristiano Zanin explica pedido de soltura do ex-presidente na Justiça Federal de Curitiba:
Esse ambiente mais polarizado e energizado tende a favorecer Jair Bolsonaro, avalia a MCM, pois dará mais munição a seu discurso contra a esquerdista e poderá ajudá-lo a reagrupar a direita em torno dele.
O risco está em uma “convulsão” do enfrentamento, o que causaria danos à governabilidade política. “Somente nesse caso mais extremo, a soltura de Lula será um obstáculo à tramitação do pacote fiscal pós previdência”, ressalta a análise.
Neste caso, Bolsonaro poderia, como fez na campanha do ano passado, explorar a ideia de que é o único capaz de enfrentar Lula e o PT. Este cenário também tenderia a novamente enfraquecer o centro político brasileiro.