Finanças Pessoais

Qual é a diferença entre CDI e Selic?

15 nov 2017, 11:06 - atualizado em 15 nov 2017, 11:06

Por Débora Duarte, do Yubb

Ao pesquisar os melhores investimentos pelo Yubb, você já deve ter se deparado com as palavrinhas CDI e SELIC. A LCI do banco B que rende 110% do CDI, o CDB da corretora A que está indexada à SELIC… São muitos exemplos que você encontra com um só clique. Mas você sabe o que significam essas taxas? Afinal, o que é CDI e SELIC? Essa é uma das dúvidas mais frequentes que a gente recebe aqui no Yubb.

CDI e SELIC são indexadores de investimentos baseados em taxas de juros. Ambas são muito importantes na economia do país e seus valores andam lado a lado. A SELIC é a principal taxa de juros da economia brasileira e é conhecida como uma taxa de juros pública utilizada pelo governo para remunerar aqueles bancos que emprestam dinheiro entre si utilizando-se de títulos do Tesouro Nacional. O CDI tem a mesma função, mas se refere aos empréstimos de curto prazo realizados entre os próprios bancos que se utilizam dos próprios recursos dos bancos ao invés de um título do Tesouro Nacional.

Quer entender melhor? Veja o infográfico e continue lendo o post =)

Já deu para ter uma noção, certo? Mas, para aprofundar mais, vamos entender separadamente o que é cada um desses conceitos?

SELIC

Resumidamente, a taxa SELIC é a taxa de juros que corresponde a operações de curtíssimo prazo (normalmente de apenas um dia) realizadas entre instituições financeiras, mais precisamente os bancos. Esses empréstimos bancos ocorrem porque os bancos precisam ter determinados recursos mínimos ao final de cada dia. Muitas vezes, os bancos não conseguem atingir os níveis de recursos mínimos e precisam pedir dinheiro emprestado até que consigam normalizar novamente os níveis de recursos mínimos. Essa “normalização” costuma acontecer no próximo dia útil, de forma que esses empréstimos entre bancos costuma durar somente um dia (por isso, são chamados de “curtíssimo prazo”).

Quando um banco que precisa de recursos de outro banco oferece títulos públicos como lastro (em garantia), esse empréstimo é registado no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) e a taxa cobrada nessa transação é a famosa taxa SELIC.

Como os títulos que foram dados em garantia (formam o lastro) do empréstimo de uma instituição a outra são títulos públicos do Tesouro Nacional, essas operações são entendidas como tendo o risco do próprio governo federal. Afinal, os títulos públicos são emitidos pelo Tesouro Nacional. Com isso, a taxa SELIC serve de parâmetro para todo o resto do mercado brasileiro.

Na prática, é o seguinte: quando você vai a alguma instituição financeira fazer um empréstimo, eles determinam uma taxa de juros, certo? Você vai pegar R$ 1.000,00 emprestado, mas vai ter que pagar de volta com um juros de 2,5% ao mês. Isto é, você vai ter que pagar mais que R$ 1.000,00 na hora de “devolver” o valor.

A SELIC é exatamente a mesma coisa, mas entre os bancos. O banco A está precisando de determinada quantia e pede para o banco B. Como garantia desse empréstimo, o banco A oferece ao banco B títulos do Tesouro Nacional, o que determinará quanto de juros o banco A terá de pagar ao banco B na “devolução” do dinheiro. A taxa que for determinada é a taxa SELIC.

“Mas por que ela é tão importante?” É muito simples! Por exemplo, se o governo diz que a taxa SELIC está mais alta, o banco A terá que pagar um juros maior na hora de devolver o dinheiro ao banco B. Como consequência, o banco A cobrará um juros maior de seus clientes. Ou seja, se a SELIC aumenta, os juros de toda a economia aumentam consequentemente. É como se todos os juros da economia brasileira “dependessem” da taxa SELIC.

É por isso que ela é popularmente conhecida por taxa básica de juros ou por custo primário do dinheiro da economia, já que todas as outras taxas de juros dependem da SELIC.

CDI

Agora que você já sabe o que é SELIC, fica infinitamente mais fácil saber o que é CDI. A sigla significa Certificado de Depósito Interbancário e é exatamente o mesmo conceito de SELIC, com a diferença de o empréstimo ser feito de banco para banco sem a existência de títulos públicos dados em garantia (colocados como lastro da operação de empréstimo).

Assim como no caso da SELIC, na hora de “fechar” o dia, os bancos percebem que vão precisar emprestar recursos e recorrem a outros bancos para realizar esse empréstimo. A taxa de juros que é definida para um banco devolver o dinheiro a outro é o CDI. Podemos pensar no CDI como se fosse um CDB entre os bancos: um título de investimento que é utilizado somente pelos bancos entre si.

Vale explicar que esses empréstimos (assim como no caso da SELIC) costumam ser muito rápidos. Na maioria dos casos, o dinheiro é devolvido (com os juros) em menos de 24 horas. Novamente, são chamados de “curtíssimo prazo”.

Para ficar mais fácil, imagine a seguinte situação. Você tem uma consulta médica às 18h que custa R$ 200,00. Trabalhou o dia todo para conseguir esse dinheiro, mas, chegando no fim do expediente, percebeu que só tem R$ 160,00. Para conseguir ir à consulta, pede R$ 40,00 emprestado a um amigo.

Esse amigo topa te ajudar, mas diz que você terá que pagar um pouquinho de juros, para ele não sair no prejuízo. Você aceita, vai para a consulta e, no outro dia, com algumas horinhas de trabalho já conseguiu os R$ 40,00 + juros para devolver a seu amigo. Essa é a lógica! Um banco emprestando para o outro e a taxa cobrada é o CDI.

O valor do CDI está totalmente ligado à SELIC. Normalmente, o CDI rende 0,2% a menos que a SELIC. Isso acontece porque as taxas vão caminhando juntas. Afinal, o risco dos bancos costuma ser próximo ao risco do governo, ou seja, não importa muito para os bancos se eles vão pedir dinheiro para os seus próprios amigos (outros bancos) emprestarem seu dinheiro ou esses amigos emprestarem dinheiro usando os títulos do governo (Tesouro Nacional).

Relação com seus investimentos

“Já entendi o que é CDI e SELIC, suas diferenças e semelhanças. Mas que raios isso tem a ver com o meu investimento?”

A resposta é: TUDO hehe. A gente disse que a SELIC é a responsável pelos juros de toda a economia e isso inclui os seus investimentos. Afinal, quando você faz um investimento, você está emprestando dinheiro para o banco, certo? Se o governo diz que a taxa SELIC está mais alta e o banco terá que pagar um juros maior na hora de devolver o dinheiro, o banco também pagará mais juros para quem emprestar dinheiro para ele (em outras palavras, para quem realizar investimentos com o banco).

Lembra que dissemos aqui que investimentos financeiros nada mais são do que um empréstimo? Se você investe com o banco A, ele está usando o seu dinheiro para realizar operações próprias e, na hora de “devolver”, ele vai te pagar os juros do empréstimo – que é a sua rentabilidade.

Isto é, se o banco A pediu dinheiro emprestado para o banco B dando como garantia títulos do Tesouro Nacional (SELIC) ou se fez a operação usando o CDI e a taxa desse empréstimo foi alta, o banco A precisa obter recursos para pagar essa taxa de alguma maneira. E, com a lógica, o banco A  aumenta a rentabilidade dos investimentos para que mais pessoas físicas coloquem seu dinheiro lá.

Quando a taxa SELIC cai (e o CDI acompanha a queda), o banco A vai te pagar menos juros como rendimento. É claro, né? Se pegar dinheiro de outros bancos está mais barato, para que aumentar a rentabilidade de seus investimentos? Ele não precisa desses recursos, pode conseguir em outro lugar.

Isso é muito importante para você, investidor, decidir onde colocar o seu dinheiro. CDI e SELIC são indexadores de investimentos. Em outras palavras, existem aplicações em renda fixa que podem ser pós-fixadas nesses indexadores de forma a acompanhar as oscilações desses indexadores. (Lembra o que é investimento pós-fixado, né?)

Dessa forma, existem aplicações em que o seu rendimento depende do valor dessas taxas. Quando a SELIC está em queda, como no momento atual da economia, pode ser uma melhor opção investir em fundos de investimento ou títulos prefixados, por exemplo. Já que a rentabilidade em produtos indexados à CDI e SELIC talvez seja menor.

Por isso, é essencial entender esses dois indicadores, saber qual é o valor deles no mercado e analisar as melhores opções antes de investir. Vale a pena dizer também que a maior parte dos investimentos de renda fixa no Brasil utiliza o CDI como indexador e apenas um número muito menor de investimentos utiliza a SELIC como indexador. De qualquer forma, como a SELIC e o CDI caminham juntos e a taxa de juros do CDI deriva da SELIC, o importante na hora de investir é conhecer esses indexadores e saber que o mais importante é saber onde você está investindo o seu dinheiro.

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