Eleições 2018

Qual candidato mais pode absorver votos em branco, nulos e indecisos?

13 set 2018, 13:53 - atualizado em 13 set 2018, 14:02

Com um índice de votos em branco, nulos ou indecisos de 26%, a absorção de parte desses votos pode virar o jogo eleitoral. Uma análise preparada pela equipe do economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, se propôs a entender a relação potencial entre alguns dos presidenciáveis e a elevada parcela de votos em branco, nulos e indecisos, comuns em eleições presidenciais.

“Desconhecimento sobre candidatos, indecisão e falta de interesse por parte dos eleitores contribuem para um patamar alto deste grupo”, explica o relatório. A porcentagem de indecisos, brancos e nulos caiu de 41% para 26%, de acordo com a pesquisa do Ibope divulgada no dia 11 de setembro. Em 2014, esse índice estava em 12% na véspera da eleição.

“Conforme o dia de votação se aproxima, entretanto, a tendência é que os cidadãos comecem a se informar e decidir em quem irão confiar seus votos, e, assim, esta parcela comece a recuar.  Nestas eleições, os dados indicam que não será diferente. ”

(Monitor Semanal das Eleições)

Para prever o potencial de absorção de votos que não seriam válidos, a pesquisa analisou se o perfil do candidato era semelhante ao perfil do grupo de eleitores que não votam ou votam em branco ou nulo.

Na tabela abaixo, com dados do instituto Datafolha de 10 de setembro, os analistas do Itaú corresponderam o desvio, em pontos percentuais aos perfis dos eleitores de cada candidato em relação à composição dos votantes em brancos,
nulos e indecisos, de acordo com renda, região e escolaridade. Os menores e maiores desvios em cada
linha estão marcados em azul e laranja, respectivamente.

(Monitor Semanal das Eleições Itaú)
(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

De acordo com a análise, é pouco provável que Jair Bolsonaro absorva números significativos de votos provenientes dos brancos, nulos e indecisos até o dia das eleições.  Os candidatos com maior chance de conquistar estes votos são Marina Silva, da Rede, e Geraldo Alckmin, do PSDB.

Para chegar a essa conclusão, os analistas verificaram que Bolsonaro é o candidato com maior divergência nos perfis de eleitores: entre cidadãos com renda de até dois salários mínimos, por exemplo, a diferença é de 26 pontos percentuais. Isso significa que dentro dessa faixa da população, que compõe 59% dos votos em branco, nulos e indecisos, apenas 33% dos eleitores do ex-militar recebem até dois salários mínimos.

O padrão se mantém, também, nas faixas salariais de dois a cinco salários mínimos (13 pontos de diferença) e cinco a 10 salários (8 pontos percentuais). Nas quebras por níveis de educação, novamente é Bolsonaro quem mais se diferencia do eleitor, atingindo 23 pontos percentuais de desvio na faixa de eleitores com ensino básico, 9 pontos para ensino médio e 14 pontos com educação superior.

Também na quebra por gênero, Bolsonaro mostra distanciamento do perfil do eleitorado de brancos, nulos e indecisos, com 28 pontos de desvio, a segunda maior diferença, atrás apenas de Álvaro Dias na divisão regional, cujo
eleitor, predominantemente do sul, não se assemelha ao elevado número de eleitores indecisos e de votos brancos e nulos das regiões norte e nordeste.

ferminovictorio@gmail.com
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