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Qual a relação entre eleição e cripto?

05 fev 2020, 10:55 - atualizado em 05 fev 2020, 10:57
votação eleição
Esta semana, houve um tumulto no caucus em Iowa porque os resultados saíram muito tempo depois que o previsto e foram incosistentes (Imagem: Unsplash/@element5digital)

Não é apenas a governança cripto que é uma bagunça. O recente fiasco do caucus (escolha de quais candidatos irão representar o partido democrata na eleição presidencial) em Iowa demonstra as dificuldades de coordenação de votos em qualquer sistema democrático.

Até os protocolos de votação mais livres, bem-estabelecidos e de alto nível podem falhar às vezes, considerando que você concorde com o design deles para início de conversa.

Talvez você não consiga imaginar um futuro em que blockchains são usados para substituir sistemas de votação legais, mas eu diria que as regras de governança dessas redes experimentais de cripto fornecem a melhor área de testes para o avanço de votações daqui a algumas centenas de anos.

Na verdade, inovação de governança possa ser o subproduto de benefício público mais analisado da fartura de investimento da infraestrutura cripto.

No último ano, o conceito de empresa autônoma descentralizada (DAO, na sigla em inglês) vivenciou um ressurgimento, fornecendo uma espiada em um possível futuro de financiamento de bens públicos.

Passamos pela culminação de um realinhamento de governança do Zcash que durou um ano (e que, aparentemente, foi bem-sucedido).

Até vimos, no mês passado, uma comunidade de projeto de token votar pela sua autodestruição pela primeira vez. Provavelmente, veremos mais comunidades expulsarem seus líderes ou se afastarem de stakeholders dissidentes se tiverem motivo suficiente.

Análise aprofundada da atualização de governança de um ano de duração do Zcash (Tradução feita a partir do gráfico fornecido pela Messari)

É claro, existem fragilidades na governança cripto. Cartéis de validação, centralização de mineradores e centralização de depósitos podem ocasionar (e, possivelmente, ocasionaram) a manipulação de votos de baleias. Mas essa parece ser uma fragilidade inerente na maioria dos sistemas políticos.

Por outro lado, problemas emergentes na indústria cripto tendem a atrair pessoas criativas que encontram soluções rapidamente.

Uma ilustração do problema/solução desse tipo foi apresentada em uma publicação recente de Joel Monegro, da Placeholder, em relação ao “custo de um voto cripto”.

Monegro afirma que você pode estimar o custo tangível por voto ao observar as taxas de empréstimo de cripto. Quanto maior for o período de retenção de ativos (“hold”) exigido para um determinado voto e quanto menos líquido for o token, mais caro se torna o voto.

Você certifica que a maioria dos seus votantes estejam alinhados com seu propósito e esteja envolvido no jogo.

É bem simples, mas também torna tangível uma de minhas teses de que existe, sim, valor econômico aos direitos de governança em cripto… se você está falando sobre sistemas de segurança com verdadeiro valor econômico.

Monegro afirma: “protocolos e DAOs podem influenciar o custo de sua governança ao mudar o período de votação”. Isso significa que algo como um período mínimo de ativos retidos para tokens de votação poderiam abrir as portas para instâncias, e comunidades podem implementar períodos de retenção de ativos dependendo da importância de um voto.

Esses sistemas frágeis vão se tornar antifrágeis ao longo do tempo conforme mais experimentos (e erros) acontecerem.

Cripto sempre foi um movimento político explícito. É por isso que eu vou perdoar o Schadenfreude (“felicidade com a desgraça alheia”) eleitoral em Iowa porque eu sei que é bom para o candidato que eu sempre apoiei nos últimos oito anos: “o outro”.