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Quais serão as melhores ações para 2020? Confira as escolhas da XP para os setores

26 dez 2019, 11:58 - atualizado em 26 dez 2019, 12:01
Mercados
Não é recomendado confiar em apenas uma métrica antes de investir, pois, às vezes, as transações válidas se misturam com as inválidas (Imagem: Unsplash/@austindistel)

A XP Investimentos, que já demostrou otimismo para o mercado local de ações para 2020, divulgou um relatório apontando quais setores têm esse sentimento em maior escala e quais as top picks em cada um deles. O principal destaque, de acordo com o documento, deve ser o setor de varejo, devido à dinâmica macroeconômica mais favorável

Entre os papéis de cobertura da corretora, destaque para aqueles que possuem exposição relativamente maior ao ciclo de retomada do consumo (Via Varejo (VVAR3) e Lojas Renner (LREN3)); maior potencial de crescimento de lucro (Vivara (VIVA3) e Lojas Renner); ou múltiplos atrativos e risco-retorno assimétrico (Pão de Açúcar (PCAR4)).

No setor de varejo, estão sob cobertura da XP Lojas Renner, Lojas Americanas, Via Varejo, Magazine Luiza (MGLU3), B2W (BTOW3) , Vivara.

Sanepar (SAPR11) é a top pick por apresentar um perfil de risco-retorno atrativo apesar do histórico atribulado do ponto de vista regulatório

Saneamento

Os analistas têm como o nome preferido no setor a Sanepar. A esperança é que 2020 seja um ano promissor devido às expectativas de aprovação de um novo marco regulatório no início do próximo ano.

Apesar do marco ser determinante para as teses de investimento de Sabesp (SBSP3) e Copasa (CSMG3), devido a expectativas de privatização, a equipe notou que ainda existem incertezas políticas e jurídicas até a aprovação final do novo marco e uma eventual concretização desses processos. Sanepar (SAPR11) é a top pick por apresentar um perfil de risco-retorno atrativo apesar do histórico atribulado do ponto de vista regulatório.

No curto prazo, monitora-se o risco de um desequilíbrio entre oferta e demanda gerado principalmente pelo baixo volume de chuvas e a dependência do Brasil de fontes hidrelétricas (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

Elétrico

Copel (CPLE6), AES Tietê (TIET11) e EDP(ENBR3) são as queridinhas da XP. No relatório, a corretora aponta que o movimento atribuído ao fechamento da curva de juros parece já ter sido precificado, o que os leva a crer que investidores terão que ser mais seletivos daqui em diante.

No curto prazo, monitora-se o risco de um desequilíbrio entre oferta e demanda gerado principalmente pelo baixo volume de chuvas e a dependência do Brasil de fontes hidrelétricas (70% da geração de energia).

Em outubro-novembro de 2019, as chuvas nos reservatórios corresponderam apenas a 57% da média histórica, o que pode pressionar os reservatórios no curto prazo caso não haja uma recuperação no período de chuvas, que vai de dezembro a abril.

A favorita no setor é a Cosan, devido à maior consistência na estratégia comercial em distribuição de combustíveis e o momento positivo (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

Combustíveis

No documento enviado a clientes, os analistas apontam que esperam uma recuperação gradual de volumes em virtude da retomada de atividade econômica.

No entanto, a pressão competitiva sobre as três grandes empresas do setor (BR Distribuidora (BRDT3), Raízen Combustíveis e Ipiranga) deve continuar, dado que distribuidoras menores devem continuar a importar combustíveis sob a política de preços de combustíveis da Petrobras.

Além disso, acreditam que o mercado deve monitorar uma eventual participação da Cosan (CSAN3) e da Ultrapar (UGPA3) nos processos de venda de refinarias da Petrobras (PETR4). A favorita no setor é a Cosan, devido à maior consistência na estratégia comercial em distribuição de combustíveis e o momento positivo para as outras linhas de negócio na empresa (como açúcar e etanol e distribuição de gás).

Na visão, SulAmérica e BB Seguridade devem se beneficiar deste cenário em 2020. Sula deve se beneficiar principalmente do aumento da geração de empregos, enquanto o BB Seg se beneficia do conjunto (Imagem: Facebook Sul America)

Bancos e Seguradoras

Na visão da XP, o setor bancário deve se beneficiar da retomada da economia e da baixa estrutural na inadimplência para continuar aumentando sua carteira de crédito e melhorar o mix com pessoas físicas e PMEs.

Por outro lado, é importante ressaltar que existem desafios para o setor: Selic baixa por longo período tende a diminuir a margem financeira dos bancos, colocando um contrapeso nos ganhos de volume e de mix; o aumento da CSLL, de 15% para 20%, afetará o lucro dos bancos já no primeiro trimestre de 2020; pressões regulatórias, como sandbox para fintechs, open banking, pagamento instantâneo e a taxação de dividendos não estão no totalmente refletidos no preço das ações; e a competição de novos entrantes, como fintechs e plataformas de investimentos, não deve baixar.

Os analistas acreditam que 2020 será um bom ano para bancos varejistas, com força no crédito e capilaridade para acessar pessoas físicas PMEs.

Este critério os leva a acreditar que Bradesco e Banco do Brasil podem ser boas escolhas para se posicionar em 2020, por terem a capilaridade necessária para atingir virtualmente todo o país com suas quase 9 mil agências, combinadas.

Eles acreditam que as seguradoras e resseguradora devem se beneficiar de um cenário de recuperação econômica.

Entre os fatores que reforçam a visão, estão: estimativas de aumento nos seguros agrícolas divulgados pelo Ministério da Agricultura; aumento dos seguros de risco de engenharia, que devem acontecer com a retomada da construção civil; seguros de saúde e vida devem se beneficiar de maneira alavancada da geração de empregos formais; e aumento da frota, que permaneceu estagnado nos últimos anos, deve impulsionar o seguro automotivo.

Na visão, SulAmérica (SULA11e BB Seguridade (BBSE3devem se beneficiar deste cenário em 2020. Sula deve se beneficiar principalmente do aumento da geração de empregos, enquanto o BB Seg se beneficia do conjunto.

Empresas na cobertura da XP: Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11), BB Seguridade (BBSE3), IRB (IRBR3), SulAmérica (SULA11).

A competição apresenta níveis elevados de agressividades, com players cortando taxas, antecipando de graça, não cobrando taxas no crédito… (Imagem: Cielo)

Serviços Financeiros

Para a XP, os investidores devem continuar atentos ao crescimento dos volumes de negociação diárias de ações da B3, que já ultrapassou a marca de 20 bilhões em 2019 e deve continuar forte em 2020.

Com a renda fixa menos atrativa, em virtude da baixa taxa de juros, o saldo de investimentos deve migrar gradativamente para a renda variável, o que impulsiona B3.

Outros fatores que fundamentam nossa tese estão relacionados a melhor performance das empresas listadas,como: i) menores despesas financeiras, com a SELIC mais baixa; ii) a taxa de desconto utilizada para avaliar as empresas listadas deve baixar; e iii) cenário de crescimento econômico deve ajudar o lucro das empresas.

Por outro lado, o cenário da Cielo (CIEL3) parece desafiador. A competição apresenta níveis elevados de agressividades, com players cortando taxas, antecipando de graça, não cobrando taxas no crédito, criando portabilidade de POS, enquanto a própria Cielo contratou mil vendedores para ganhar market share.

A continuidade do retorno das operações da Vale (+30mt em 2020) pode colocar alguma pressão do lado da oferta enquanto o mercado acompanha potenciais estímulos (Imagem: Reuters/Ricardo Moraes)

Mineração e Siderurgia

O relatório aponta que as preocupações com crescimento global e noticiário de guerra comercial EUA-China devem seguir no foco dos investidores que buscam entender as tendências para a demanda por minério de ferro (produção de aço).

A continuidade do retorno das operações da Vale (+30mt em 2020) pode colocar alguma pressão do lado da oferta enquanto o mercado acompanha potenciais estímulos, como redução dos juros, por parte da China, que poderia sustentar a produção de aço.

A corretora vê o minério de ferro convergindo gradualmente para os níveis de 2018, em torno dos US$70/t. para os preços de aço no Brasil, um dólar mais alto e melhor cenário para demanda podem compensar eventual queda dos preços internacionais.

Destaques positivos: (1) Vale (VALE3) com um preço atrativo e geração de caixa e (2) Gerdau (GGBR4) com margens saudáveis nos EUA e possibilidade de recuperação do setor de construção no Brasil.

Os analistas ressaltam que não está claro o que seria um nível considerado ‘normal’ para os estoques, mas apostam que a cotação da celulose esteja próxima do fundo (Imagem: Divulgação/Suzano)

Papel e Celulose

Os estoques de celulose serão acompanhados de perto em 2020. A XP tem uma visão positiva sobre a forma que a Suzano tem modificado sua estratégia para ter uma produção mais disciplinada e reduzir os estoques. Os analistas ressaltam que não está claro o que seria um nível considerado ‘normal’ para os estoques, mas apostam que a cotação da celulose esteja próxima do fundo.

Empresas de cobertura: Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11).

Na visão dos analistas, com taxas de juros nas mínimas históricas e com dados de tráfego apresentando crescimento sequencial, eles acreditam que o setor deverá continuar atrativo nos curtos/médios prazos (Imagem: Reuters/Gabriel Araujo)

Rodovias

Entre as concessionárias de rodovias, a visão da corretora é construtiva para o setor. A equipe destaca que o cronograma de projetos de infraestrutura no Brasil para os próximos anos é robusto. Inclui desde leilões do PPI, programa do Governo Federal, como leilões de Governos Estaduais e também diversas concessões que expiram dentro de um horizonte de 5 anos.

Na visão dos analistas, com taxas de juros nas mínimas históricas e com dados de tráfego apresentando crescimento sequencial, eles acreditam que o setor deverá continuar atrativo nos curtos/médios prazos. Para eles, tanto CCR (CCRO3) como Ecorodovias (ECOR3) estão bem posicionadas para participar dos próximos leilões.

A preferência dentro do setor pelas ações da Ecorodovias é baseada nos múltiplos relativamente mais atrativos, no maior duration (duração) do portfólio e no crescimento esperado superior nos indicadores financeiros no curto/médio prazo, refletindo a aceleração do tráfego aliada à maturação de ativos incorporados recentemente.

Em suma, a expectativa positiva para o setor de Alimentos e Bebidas em 2020 (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

Alimentos e Bebidas

O relatório mostra ainda que a Peste Suína Africana deve continuar sendo o principal impulsionador de bons resultados para frigoríficos em 2020. Com a oferta chinesa de proteínas ainda restrita devido aos efeitos da Peste, os países exportadores devem seguir beneficiados pelos preços mais altos no mercado internacional.

Para a XP, quanto ao mercado norte-americano, Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) devem permanecer favorecidas pela demanda mais aquecida. Quanto ao mercado brasileiro, acreditam que tanto BRF (BRFS3) quanto JBS e Marfrig estão bem posicionadas para se beneficiar dos efeitos de uma potencial retomada da atividade econômica doméstica. Tal melhora da economia, por sua vez, também favoreceria o setor de Bebidas.

No caso da Ambev (ABEV3), por meio de seu portfólio de cervejas principal, a visão é particularmente propensa a ganhar participação de mercado diante da aceleração dos números de renda disponível do consumidor, apesar dessa melhora ser gradual. Em suma, a expectativa positiva para o setor de Alimentos e Bebidas em 2020.

A principal ressalva atualmente é o patamar de câmbio, que pode resultar em margens menores que o esperado devido à pressão nos custos (Imagem: Money Times)

Aéreas

O viés construtivo para o setor aéreo é sustentado, de acordo com a XP, pela dinâmica racional de oferta e demanda e pela recuperação (ainda incipiente) da atividade no Brasil, que em conjunto com a baixa penetração do modal aéreo deverá resultar em uma demanda sustentada.

A principal ressalva atualmente é o patamar de câmbio, que pode resultar em margens menores que o esperado devido à pressão nos custos.

Os analistas mantém a preferência pela Azul (AZUL4), com base em sua menor sobreposição de rotas com outras companhias e, portanto, menor suscetibilidade à concorrência e também pelo crescimento esperado superior em termos relativos, o que justifica um prêmio de múltiplos.

Entre os nomes em questão, a equipe vê Unidas (LCAM3) e Movida (MOVI3) como histórias de transformação/recuperação, e mais atrativas em termos de múltiplos, mas com maior risco de execução

Locadoras

No setor de locação de veículos, a visão também é positiva e a recomendação de Compra para todos os nomes da cobertura, visto que os analistas acreditam que todas as empresas estejam de alguma forma bem posicionadas para se beneficiar de um ambiente macroeconômico melhor, com taxas de juros estruturalmente mais baixas e atividade acelerando; e de tendências benignas do setor, como a competição racional e a consolidação de players pequenos.

Entre os nomes em questão, a equipe vê Unidas (LCAM3e Movida (MOVI3) como histórias de transformação/recuperação, e mais atrativas em termos de múltiplos, mas com maior risco de execução.

Por outro lado, no caso de Localiza (RENT3), acredita que a trajetória consistente de geração de valor mesmo rodando com um ritmo acelerado de crescimento, e isso em conjunto com um posicionamento privilegiado de mercado, justificam um prêmio em relação aos pares.

A preferência no setor é pelas ações da Iguatemi (IGTA3), reflexo da combinação entre múltiplos atrativos e portfólio resiliente em termos relativos (Imagem: Reuters/Nacho Doce)

Shoppings

A visão também positiva para o setor de shoppings no Brasil, tendo como base a recuperação da atividade e das vendas do varejo, permitindo gradual redução nos descontos concedidos aos lojistas nos contratos de aluguel e crescimento do aluguel percentual (% das vendas das lojas).

A penetração ainda baixa das vendas em shoppings como percentual das vendas do varejo, e a eficiente adaptação dos shoppings brasileiros à mudança estrutural nos hábitos dos consumidores, via ajuste no mix de lojistas e crescentes investimentos em tecnologia, aplicativos e plataformas.

A preferência no setor é pelas ações da Iguatemi (IGTA3), reflexo da combinação entre múltiplos atrativos e portfólio resiliente em termos relativos.