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Quais empresas brasileiras devem sentir mais com uma recessão nos EUA?

29 jul 2022, 15:00 - atualizado em 29 jul 2022, 15:01
EUA
Recessão nos EUA vai mexer com empresas brasileiras mais expostas à economia norte-americana. (Imagem: Pexels)

A narrativa de uma recessão nos Estados Unidos ganha força. E empresas brasileiras mais expostas à economia norte-americana podem sentir uma dentada maior em seus resultados.

“A tendência em 2022 é de inflação elevada em todo o mundo por causa da alta dos preços das commodities“, aponta Felipe Reymond Simões, diretor da WIT Asset, gestora de fundos de investimentos e carteiras administradas para pessoas, grupos familiares e empresas.

Como as commodities são os insumos mais básicos da cadeia produtiva, a disparada de seus preços afeta o mundo inteiro.

Os dados mais recentes da economia dos EUA, divulgados nesta sexta-feira (29), apontam que o Federal Reserve talvez precise de mais um reajuste de 0,75 ponto percentual na taxa de juros.

O indicador favorito do Fed, o Índice de Preços de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), avançou 1% em junho na comparação com maio.

A alta não foi bem recebida pelo mercado, que continua vendo a inflação avançar mesmo com o aperto monetário promovido pelo banco central americano.

Empresas brasileiras

Acompanhar de perto o que acontece na economia dos EUA é uma tarefa preciosa para acionistas posicionados em empresas brasileiras com forte presença na terra do Tio Sam.

Entre as ações que integram o Ibovespa (IBOV), estas são as companhias brasileiras com maior correlação com os EUA: Gerdau (GGBR4), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e MRV (MRVE3).

E se existe o risco de uma recessão nos EUA num futuro próximo, qual seria a ação brasileira mais penalizada?

“A crise atual é uma crise global de preços. Então, ela é menos específica do que a de 2008. Ela é mais abrangente e realmente afeta de maneira bem parecida o mundo inteiro. Entre os setores brasileiros mais expostos nos EUA, com certeza o imobiliário é o que será mais afetado em caso de recessão, pois é um setor que é mais cíclico”, explica Reymond.

Em outras palavras, isso é um ponto de alerta para a MRV. A empresa já vem negociando com bastante desconto na Bolsa brasileira também pelo movimento de alta da taxa Selic, que encarece o financiamento imobiliário, freando a procura por novos imóveis.

Apesar disso, o histórico da construtora brasileira é bastante positivo, já que, na década passada, apesar da crise de grandes proporções que acometeu o segmento de incorporação imobiliária, ocasionando a falência de grandes empresas do setor no Brasil, a MRV conseguiu atravessar o período ilesa.

A Ativa Investimentos recomenda a compra das ações da MRV, com preço-alvo de R$ 12,90 e potencial de valorização 43% em até 36 meses.

Aço e frigoríficos

Os setores de siderurgia e frigoríficos lidam com insumos mais básicos para a economia e por isso terão um impacto em menor proporção.

“Em caso de desaceleração, pode ser que se reduza a produção industrial e o aço também seja afetado negativamente. Mas, com certeza o setor imobiliário será mais afetado ainda porque não é um item de consumo imediato, como é o caso dos frigoríficos”, diz o diretor da WIT Asset.

É muito mais fácil que as pessoas postergarem a compra de um imóvel do que de insumos mais básicos para a produção.

No curto prazo, a Gerdau deve apresentar o melhor desempenho entre as empresas de siderurgia e mineração durante o segundo trimestre de 2022, de acordo com a Genial Investimentos.

A corretora recomenda compra do papel, com preço-alvo em R$ 35.

As expectativas do Santander para as quatro ações de frigoríficos listados na Bolsa brasileira são mistas.

JBS e Marfrig devem apresentar redução de suas margens nas operações de bovinos nos Estados Unidos, com o banco as deixando de escanteio.

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