Dividendos: Quais elétricas comprar e vender, segundo Goldman Sachs
O Goldman Sachs iniciou a cobertura de cinco elétricas, com recomendação de compra para Equatorial (EQTL3), Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3) e Energisa (ENGI11) e de venda para Cemig (CMIG4). Segundo os analistas Bruno Amorim, Guilherme Bosso e Guilherme Costa Martins, que assinam o relatório, as empresas negociam a 11,3% a taxa interna real de retorno (TIR), cinco pontos percentuais acima dos títulos indexados à inflação.
“O setor possui oportunidades significativas para implantação de investimentos com retornos atraentes, especialmente na distribuição de energia, e principalmente para custos”, destacam. Outra vantagem é que as empresas recentemente privatizadas (Eletrobras e Copel) têm a possibilidade de reduzir custos e otimizar o portfólio, gerando maiores dividendos nos próximos anos.
Por outro lado, a Cemig (que continua a ser uma empresa pública), apesar dos recentes ganhos de eficiência, não deverá conseguir superar significativamente o Ebitda regulatório no negócio de distribuição de energia, limitando assim a criação de valor de aplicação de capital.
Empresa | Ticker | Recomendação | Preço-alvo (R$) | Potencial* |
---|---|---|---|---|
Eletrobras | ELET3 | Compra | 54 | 45% |
Copel | CPLE6 | Compra | 13,70 | 36% |
Energisa | ENGI11 | Compra | 65 | 40% |
Cemig | CMIG4 | Venda | 11.2 | 6% |
Equatorial | EQTL3. | Compra | 42,1 | 29% |
*potencial calculado em relação ao fechamento de sexta-feira (19)
Veja a seguir os principais pontos das elétricas:
Eletrobras, dividendos pela frente
Para o trio, a Eletrobras negocia com a TIR mais alta do setor, a 14%. Os analistas dizem que a empresa possui geração sólida de fluxo de caixa, combinado com redução de investimentos e venda de ativos. Na noite da última quinta, a empresa levantou R$ 2,18 bi com a venda da participação da Transmissão Paulista.
Porém, o Ministério de Minas e Energia quer abrir negociações com a empresa para o pagamento antecipado de R$ 25 bilhões até 2026 para o chamado CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), fundo setorial administrado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, que oferece subsídios para produtores de energia.
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Os analistas calculam que isso poderia impactar o balanço em até 1,3x (de 2x agora). “Se isso acontecer, a administração poderá adiar o aumento dos dividendos”, destacam.
Sobre as reduções de custos, o Goldman diz que a elétrica vem implementando iniciativas, mas ainda há espaço para outro enxugamento no PMSO (pessoal, materiais, serviços de terceiros e outras despesas) de R$ 7,3 bilhões em 2023 para R$ 5,5 bilhões em 2026, uma redução de R$ 1,8 bilhão, ou impacto de 9% no Ebitda.
Copel, dividendos crescentes
Para a Copel, os analistas calculam TIR de 12,5%, uma combinação que classificam como única, com atrativos e catalisadores que podem impulsionar o papel, como:
- dividendos crescentes como resultado da redução de custos, vendas de ativos e alavancagem razoável;
- redução de custos de R$ 460 milhões nos próximos trimestres;
- potencial fechamento de vendas de ativos.
“A empresa vem implementando iniciativas para melhorar a eficiência de custos e reduzindo custos, mas ainda vemos espaço para uma redução de R$ 460 milhões, o que poderia aumentar o Ebitda em 10%”, discorrem.
Equatorial, máquina de retorno
Na visão do Goldman, a Equatorial é boa alocadora de capital, com uma avaliação pouco exigente (10% de TIR real), sem incluir fusões e aquisições futuras.
“A empresa tem estado ativa na frente de fusões e aquisições, expandindo-se para o saneamento, e conseguiu concretizar a recuperação das concessões de distribuição de energia adquiridas no passado”, argumenta.
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A Equatorial levou 15% da Sabesp e será o investidor referência da companhia, o que animou investidores. O Goldman lembra que a regulamentação do setor de saneamento no Brasil é semelhante à da distribuição de energia, na qual a Equatorial tem um histórico significativo.
Venda em Cemig, por quê?
Os analistas listam três pontos de preocupação:
- avaliação mais restrita em relação aos pares, de apenas 9,1% TIR de patrimônio real;
- menos espaço para eficiência de custos e otimização de portfólio (por meio de vendas de ativos) em relação aos pares, uma vez que a Cemig é a única estatal entre as empresas cobertas;
“Reconhecemos que a administração tem implementado medidas de eficiência de custos ao longo dos últimos anos, mas na medida em que a Cemig continua sendo uma empresa estatal, vemos espaço limitado para ganhos adicionais”, destacam.
Com os custos no negócio de distribuição de energia a funcionar em níveis semelhantes, o Goldman vê pouco espaço para a criação de valor, apesar do elevado investimento ao longo dos próximos anos.
Do lado positivo, o banco destaca que a Cemig entrega o maior rendimento de dividendos do setor (8%) no curto prazo, apesar da fraca geração de fluxo de caixa (a baixa alavancagem abre espaço para alguma realavancagem).