Comprar ou vender?

Dividendos: Quais elétricas comprar e vender, segundo Goldman Sachs

19 jul 2024, 18:08 - atualizado em 19 jul 2024, 19:58
Setor Eletrico
O setor possui oportunidades significativas para implantação de investimentos com retornos atraentes, destaca Goldman (Imagem: REUTERS/Mike Blake/File Photo)

O Goldman Sachs iniciou a cobertura de cinco elétricas, com recomendação de compra para Equatorial (EQTL3), Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3) e Energisa (ENGI11) e de venda para Cemig (CMIG4). Segundo os analistas Bruno Amorim, Guilherme Bosso e Guilherme Costa Martins, que assinam o relatório, as empresas negociam a 11,3% a taxa interna real de retorno (TIR), cinco pontos percentuais acima dos títulos indexados à inflação.

“O setor possui oportunidades significativas para implantação de investimentos com retornos atraentes, especialmente na distribuição de energia, e principalmente para custos”, destacam. Outra vantagem é que as empresas recentemente privatizadas (Eletrobras e Copel) têm a possibilidade de reduzir custos e otimizar o portfólio, gerando maiores dividendos nos próximos anos.

Por outro lado, a Cemig (que continua a ser uma empresa pública), apesar dos recentes ganhos de eficiência, não deverá conseguir superar significativamente o Ebitda regulatório no negócio de distribuição de energia, limitando assim a criação de valor de aplicação de capital.

Empresa Ticker Recomendação Preço-alvo (R$) Potencial*
Eletrobras ELET3 Compra 54 45%
Copel CPLE6 Compra 13,70 36%
Energisa ENGI11 Compra 65 40%
Cemig CMIG4 Venda 11.2 6%
Equatorial EQTL3. Compra 42,1 29%

 *potencial calculado em relação ao fechamento de sexta-feira (19)

Veja a seguir os principais pontos das elétricas:

Eletrobras, dividendos pela frente

Para o trio, a Eletrobras negocia com a TIR mais alta do setor, a 14%. Os analistas dizem que a empresa possui geração sólida de fluxo de caixa, combinado com redução de investimentos e venda de ativos. Na noite da última quinta, a empresa levantou R$ 2,18 bi com a venda da participação da Transmissão Paulista.

Porém, o Ministério de Minas e Energia quer abrir negociações com a empresa para o pagamento antecipado de R$ 25 bilhões até 2026 para o chamado CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), fundo setorial administrado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, que oferece subsídios para produtores de energia.

Os analistas calculam que isso poderia impactar o balanço em até 1,3x (de 2x agora). “Se isso acontecer, a administração poderá adiar o aumento dos dividendos”, destacam.

Sobre as reduções de custos, o Goldman diz que a elétrica vem implementando iniciativas, mas ainda há espaço para outro enxugamento no PMSO (pessoal, materiais, serviços de terceiros e outras despesas) de R$ 7,3 bilhões em 2023 para R$ 5,5 bilhões em 2026, uma redução de R$ 1,8 bilhão, ou impacto de 9% no Ebitda.

Copel, dividendos crescentes

Para a Copel, os analistas calculam TIR de 12,5%, uma combinação que classificam como única, com atrativos e catalisadores que podem impulsionar o papel, como:

  • dividendos crescentes como resultado da redução de custos, vendas de ativos e alavancagem razoável;
  • redução de custos de R$ 460 milhões nos próximos trimestres;
  • potencial fechamento de vendas de ativos.

“A empresa vem implementando iniciativas para melhorar a eficiência de custos e reduzindo custos, mas ainda vemos espaço para uma redução de R$ 460 milhões, o que poderia aumentar o Ebitda em 10%”, discorrem.

Equatorial, máquina de retorno

Na visão do Goldman, a Equatorial é boa alocadora de capital, com uma avaliação pouco exigente (10% de TIR real), sem incluir fusões e aquisições futuras.

“A empresa tem estado ativa na frente de fusões e aquisições, expandindo-se para o saneamento, e conseguiu concretizar a recuperação das concessões de distribuição de energia adquiridas no passado”, argumenta.

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A Equatorial levou 15% da Sabesp e será o investidor referência da companhia, o que animou investidores. O Goldman lembra que a regulamentação do setor de saneamento no Brasil é semelhante à da distribuição de energia, na qual a Equatorial tem um histórico significativo.

Venda em Cemig, por quê?

Os analistas listam três pontos de preocupação:

  • avaliação mais restrita em relação aos pares, de apenas 9,1% TIR de patrimônio real;
  • menos espaço para eficiência de custos e otimização de portfólio (por meio de vendas de ativos) em relação aos pares, uma vez que a Cemig é a única estatal entre as empresas cobertas;

“Reconhecemos que a administração tem implementado medidas de eficiência de custos ao longo dos últimos anos, mas na medida em que a Cemig continua sendo uma empresa estatal, vemos espaço limitado para ganhos adicionais”, destacam.

Com os custos no negócio de distribuição de energia a funcionar em níveis semelhantes, o Goldman vê pouco espaço para a criação de valor, apesar do elevado investimento ao longo dos próximos anos.

Do lado positivo, o banco destaca que a Cemig entrega o maior rendimento de dividendos do setor (8%) no curto prazo, apesar da fraca geração de fluxo de caixa (a baixa alavancagem abre espaço para alguma realavancagem).

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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