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Quais companhias elétricas driblaram a crise hídrica? Veja as melhores ações do setor, segundo a Benndorf

08 nov 2021, 16:51 - atualizado em 08 nov 2021, 16:51
Diversificação de matrizes: analista da Benndorf acredita que diversificação é essencial para consolidação do setor (Imagem: manode/Getty Images Pro)

A crise hídrica colocou em jogo a maturidade das companhias elétricas. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a fonte hidrelétrica tem sido a principal da matriz brasileira por décadas — tanto por sua competitividade econômica, quanto pela abundância de água doce no país. 

Entretanto, nos últimos meses, essa fartura está ameaçada e virou uma preocupação – além de pesar no bolso dos brasileiros, que passaram a pagar mais caro pela energia. As companhias elétricas também sentem o impacto da longa estiagem e recorreram a outras fontes de energia para atender à demanda contratada.

Segundo João Tonello, analista da Benndorf, no curto prazo, não é um bom momento para investir nas elétricas. O cuidado refere-se, principalmente, àquelas com maior dependência da geração hídrica, pois há muita incerteza sobre o desfecho da crise. “Mas olhando para um prazo maior, com a situação resolvida, vemos o setor com bons olhos”, completa.

O analista acredita que a diversificação das matrizes é essencial para o desenvolvimento e consolidação das companhias e, consequentemente, do setor. 

Para Tonello, as elétricas com maior potencial são Neoenergia (NEOE3), Omega (OMGE3), que possui matriz majoritariamente eólica, Eneva (ENEV3), forte em geração térmica, e EDP Brasil (ENBR3) — que, atualmente, possui cerca de 25% da sua geração solar.

O impacto da crise hídrica

De acordo com Tonello, entre os segmentos das companhias de energia elétrica – transmissão, distribuição e geração -, as geradoras são as mais impactadas pela crise hídrica.

“Para entregar o acordado, a empresa [de geração] precisa ir ao mercado livre comprar o que falta de energia a um preço maior para conseguir cumprir os contratos”, afirma.

O analista ainda diz que, na hora de escolher uma ação elétrica para a carteira, é muito importante levar em conta como é a distribuição da sua atuação. “A Equatorial (EQTL3), que possui em torno de 80% do business em distribuição, teria um impacto maior do que Taesa (TAEE11), que é 100% transmissão”, exemplifica.

Entretanto, este impacto pode ser amenizado nos próximos anos, com a diminuição da dependência das usinas hidrelétricas e o aumento da participação nas gerações eólica e solar.

“A ONS espera que, em 2025, o valor [de produção hidrelétrica] caia para 58,9%, reforçando que, no longo prazo, podemos esperar melhores resultados de empresas que já atuam pensando nesse cenário”, diz Tonello.

Investimentos em outras fontes de energia

Com o avanço da crise hídrica e o aumento da energia elétrica, consumidores e empresas passaram a apostar em outras fontes de energia. A matriz solar se destacou.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em agosto, o Brasil ultrapassou a marca histórica de 11 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica, em usinas de grande porte e em pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos.

Em outubro, a EDP Brasil, por exemplo, anunciou, em conjunto com a EDP Renováveis, um investimento para desenvolver sua primeira usina fotovoltaica.

“O investimento em energia solar é positivo tanto para os consumidores quanto para as companhias, uma vez que deve aumentar a oferta no médio/longo prazo e esse tipo de energia fornece economia para os consumidores e empresas, além de ser benéfica para o meio ambiente”, afirma Tonello.