Quais bancos ganharão mais com o aumento do limite de crédito consignado aos aposentados?
Na última sexta-feira (02), uma medida provisória foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, ampliando de 30% para até 35% a margem para concessão de crédito consignado para beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Para além do fato de os aposentados e pensionistas poderem ter acesso a um crédito maior, por que isso importa? A equipe da XP Investimentos aposta em mais uma oportunidade de ganhos para o setor bancário.
“Com o aumento das margens e tudo mais igual (taxa de juros, número de pagamentos e o valor do benefício), os 5% de aumento na margem consignável podem aumentar as concessões em até 17%”, calcula o analista Marcel Campos.
O crédito consignado é a maior linha de crédito para pessoa física, além de representar 11% do crédito sistema financeiro nacional. Não obstante, a linha é relevante para bancos incumbentes, pequenos, médios e digitais.
Contudo, a medida é apenas temporária como forma de amenizar a crise econômica causada pela pandemia de Covid-19 para que os bancos tenham apenas 3 meses de aumento de concessões.
Momento excelente
A canetada de Bolsonaro vai de encontro com um momento excelente, já que, segundo o analista, a linha de crédito consignado tem:
1) um índice de inadimplência estruturalmente baixo de ~2-3%, o que é excelente para um ambiente de crise e pouca visibilidade sobre como os índices de inadimplência se comportarão nos próximos trimestres; e
2) um juros anualizado atraente de 22%, oportunidade para spread alta alto, já que o Brasil vive a mais baixa taxa Selic de sua história, em 2% ao ano.
Quem ganha mais?
Na análise de Campos, a boa notícia é que quase todo o sistema bancário, mas principalmente os bancos de pequeno e médio porte focados em consignado terão mais o que comemorar.
“Em nossa cobertura, o Banrisul (BRSR6) é o destaque, pois 45% da carteira do banco era proveniente de crédito consignado”, revela o analista.
“No entanto, os bancos incumbentes também possuem forte presença (e crescente) na linha, conforme demonstrado pelo saldo de R$ 86 bilhões do Banco do Brasil (BBAS3) — 13% de sua carteira –, R$ 65 bilhões do Bradesco (BBDC4) — 10% de sua carteira –, R$ 50 bilhões do Itaú Unibanco (ITUB4) — 7% de sua carteira — e de R$ 45 bilhões do Santander Brasil (SANB11) — 12% dos empréstimos –“, explica Campos.
Como os tomadores preferem utilizar primeiro o crédito consignado tradicional, cuja taxa de juros é menor e que podem negociar com outras instituições financeiras, a XP Investimentos espera que a medida diminuirá o ritmo de concessão de crédito do cartão de crédito consignado.