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Quais ações ganham e perdem com a reforma tributária?

21 ago 2020, 13:08 - atualizado em 21 ago 2020, 13:19
Aço-Usiminas
De acordo com o Itaú BBA, a Usiminas é uma das empresas que pode se beneficiar com o novo imposto sobre bens e serviços (Imagem: YouTube/Usiminas)

Com a entrega da primeira parte da reforma tributária pelo governo ao Congresso no mês passado, o mercado tem levantado discussões sobre os potenciais impactos da proposta às empresas brasileiras.

Analistas do Credit Suisse sugeriram que a união do PIS Cofins em um único imposto com alíquota de 12% poderia causar, no pior cenário, um impacto entre 5 e 6% na receita líquida e 9% no fluxo de caixa das operadoras de shopping centers.

No caso dos bancos, o UBS destacou que as instituições financeiras pagaram no ano passado R$ 24 bilhões em impostos do PIS/Cofins. Com o aumento das taxas, a estimativa é de que elas paguem um valor adicional de R$ 6 bilhões.

Para a equipe de estratégia e o time macro do Itaú BBA, algumas empresas podem se beneficiar do novo imposto. Os analistas afirmaram que os nomes vencedores podem ser Cyrela (CYRE3), Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5), NotreDame Intermédica (GNDI3), Hapvida (HAPV3), Klabin (KLBN11), MRV (MRVE), Via Varejo (VVAR3), Magazine Luiza (MGLU3), Suzano (SUZB3), Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4).

“Estão incluídas empresas que podem ter mais espaço para compensar impostos pagos anteriormente, seja porque estão em uma cadeia de valor agregado mais longa ou porque o COGS (custo de produtos vendidos) representa uma porcentagem maior de seus custos totais”, explicaram. Exportadores também sairiam beneficiados.

No lado das companhias mais afetadas, o Itaú BBA mencionou nomes do setor de shoppings (brMalls (BRML3), Iguatemi (IGTA3) e Multiplan (MULT3)) e de telecomunicações (TIM (TIMP3) e Vivo (VIVT4)), além da Cogna (COGN3) e da Fleury (FLRY3).

“O impacto total de impostos mais altos poderia ser aliviado dependendo da capacidade da empresa de repassar os custos mais elevados aos preços”, destacaram os analistas.

Uma redução no imposto corporativo beneficiaria nomes com maiores margens antes dos impostos, como a Vivo (Imagem: Divulgação/Vivo)

Próximos passos

Além do imposto sobre bens e serviços, o Itaú BBA acredita que a reforma tributária pode ser dividida em um imposto sobre a renda e um imposto sobre a folha de pagamentos.

“O governo declarou que pretende reduzir os impostos corporativos, introduzir um imposto sobre dividendos e eventualmente eliminar os juros sobre o capital próprio (JCP). Isto simplificaria a estrutura tributária corporativa e tornaria o sistema brasileiro mais compatível com os padrões internacionais”, afirmaram os estrategistas.

As medidas afetariam principalmente bancos, concessionárias de serviços públicos (utilities), empresas de bebidas e operadoras de telecomunicações.

No entanto, uma redução no imposto corporativo beneficiaria nomes com maiores margens antes dos impostos, como Ambev (ABEV3), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Petrobras, TIM, Vivo, Vale, Santander (SANB11) e BR Distribuidora (BRDT3).

O governo também disse que planeja reduzir os impostos sobre a folha de pagamentos como forma de estimular a criação de empregos no país. Segundo o Itaú BBA, isso poderia “compensar as empresas de serviços pelo impacto relativo negativo que sofreriam com a reforma do imposto sobre bens e serviços (devido à alta participação dos custos com folha de pagamentos nos custos totais)”. No entanto, essa proposta parece ter a menor possibilidade de aprovação.