Internacional

Putin nega funeral de Estado a Gorbachev e não comparecerá à cerimônia

01 set 2022, 15:01 - atualizado em 01 set 2022, 15:01
Dmitry Peskov
“Infelizmente, a agenda de trabalho do presidente não permitirá que ele faça isso em 3 de setembro, então ele decidiu fazê-lo hoje”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov (Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov)

O presidente russo, Vladimir Putin, não vai comparecer ao funeral do último líder soviético, Mikhail Gorbachev, negando ao homem que falhou em impedir o colapso do império soviético as honras de Estado concedidas a Boris Yeltsin.

Gorbachev, idolatrado no Ocidente por permitir que a Europa oriental escapasse do controle comunista soviético, mas não amado em casa pelo caos que suas reformas da “perestroika” desencadearam, será enterrado no sábado após uma cerimônia pública no Salão das Colunas, em Moscou.

O grande salão recebeu os funerais dos líderes soviéticos Vladimir Lenin, Josef Stalin e Leonid Brezhnev. Gorbachev receberá uma guarda de honra militar, mas seu funeral não será de Estado.

A televisão estatal mostrou nesta quinta-feira Putin colocando rosas vermelhas solenemente ao lado do caixão de Gorbachev –deixado aberto como é tradicional na Rússia— no Hospital Clínico Central de Moscou, onde o ex-líder morreu na terça-feira, aos 91 anos.

Putin fez um sinal da cruz no estilo ortodoxo russo antes de tocar brevemente na borda do caixão.

“Infelizmente, a agenda de trabalho do presidente não permitirá que ele faça isso em 3 de setembro, então ele decidiu fazê-lo hoje”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.

Ele acrescentou que a cerimônia de Gorbachev terá “elementos” de um funeral de Estado e que o Estado estava ajudando a organizá-la.

No entanto, será um contraste marcante em relação ao funeral de Yeltsin, que foi fundamental para deixar Gorbachev de lado quando a União Soviética se desfez e que escolheu Putin, um oficial de inteligência da KGB, como o homem mais adequado para sucedê-lo.

Quando Yeltsin morreu, em 2007, Putin declarou um dia nacional de luto e, ao lado de líderes mundiais, participou de um grande funeral de Estado na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou.

A intervenção da Rússia na Ucrânia neste ano parece ter o objetivo de reverter, pelo menos em parte, o colapso da União Soviética que Gorbachev não conseguiu evitar em 1991.

A decisão de Gorbachev de deixar os países do bloco comunista soviético do pós-guerra seguirem seu próprio caminho e a reunificação da Alemanha ajudaram a desencadear movimentos nacionalistas dentro das 15 repúblicas soviéticas, que ele não conseguiu reprimir.

Cinco anos depois de assumir o poder em 2000, Putin chamou a dissolução da União Soviética de “a maior catástrofe geopolítica do século XX”.

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