Putin diz que “um se reconhece no outro” após ser chamado de assassino por Biden
O presidente russo, Vladimir Putin, replicou nesta quinta-feira que “um se reconhece no outro” depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse achar que ele é um assassino, e as relações já desgastadas entre Moscou e Washington atingiram mais um patamar crítico no pós-Guerra Fria.
Putin falava na televisão depois que Biden, em uma entrevista à rede ABC News que levou a Rússia a convocar seu embaixador em Washington para consultas na quarta-feira, disse “acho” ao ser indagado se acha que o presidente russo é um assassino.
Biden também descreveu Putin como alguém que não tem alma, e disse que ele pagará um preço por uma suposta intromissão da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas de 2020, algo que o Kremlin nega.
“Lembro de minha infância, quando discutíamos no pátio costumávamos dizer ‘um se reconhece no outro’. E isto não é uma coincidência, não é só um ditado de crianças ou uma piada”, disse Putin.
“Sempre vemos nossos próprios traços em outras pessoas e achamos que elas são como nós somos, na verdade. E como resultado, avaliamos as atividades (de uma pessoa) e fazemos avaliações”.
“Como ele (Biden) disse, nós nos conhecemos pessoalmente. O que eu responderia a ele? Eu diria: desejo saúde a você. Desejo saúde a você. Digo isso sem ironia ou piada”, acrescentou Putin.
Em uma ação extremamente incomum após a entrevista de Biden, a Rússia disse que está convocando seu embaixador nos EUA para consultas urgentes sobre o futuro dos laços bilaterais.
Pouco antes de Putin falar, o porta-voz do Kremlin disse que os comentários de Biden mostraram que ele não tem interesse em consertar a relação com Moscou.
“Estes são comentários muito ruins do presidente dos EUA. Ele mostra claramente que não quer melhorar as relações com nosso país”, disse Dmitry Peskov. “Agora prosseguiremos a partir disso.”
“É claro, isto nunca aconteceu na história”, disse Peskov aos repórteres, descrevendo o estado das relações bilaterais como “muito ruins”.
Konstantin Kosachyov, vice-presidente da câmara alta do Parlamento russo, disse que as colocações de Biden são inaceitáveis, que tensionarão inevitavelmente laços já ruins e que acabaram com qualquer esperança de Moscou em uma mudança das diretrizes dos EUA com um novo governo.
Os laços russos com o Ocidente sofreram uma nova pressão nos últimos meses devido à prisão do crítico do Kremlin Alexei Navalny, cuja libertação o Ocidente exige.