Putin abre os braços para turistas com visto gratuito e rápido
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As férias dos sonhos de Norma Garca, um passeio prolongado com a filha por antigos impérios na Europa e no Oriente Médio, foram quase frustradas antes mesmo de começar pela máquina do governo de Vladimir Putin.
As duas mexicanas nem sequer precisaram de visto para a França, e Garca rapidamente conseguiu o visto necessário para a Turquia usando o computador de sua casa em Aguascalientes. Mas, para a Rússia, ela teve que contratar um motoboy para entregar pessoalmente seus passaportes na embaixada na Cidade do México, a cerca de 500 quilômetros ao sul, junto com a prova das passagens aéreas pré-pagas e reservas de hotel. Depois de algumas semanas de ansiedade – e US$ 160 em taxas -, elas finalmente conseguiram o visto com carimbos que preenchiam a página inteira.
“Estava com os nervos à flor da pele, porque eles simplesmente não diziam o que estava acontecendo com nossos passaportes”, disse Garca no lobby do Grand Hotel Europe, de cinco estrelas, em São Petersburgo. “Demorou um dia para a Turquia – um dia!”, disse sobre o processo de obtenção do visto.
Se a dupla tivesse esperado um pouco mais, o presidente da Rússia teria facilitado muito a visita à sua cidade natal, sem falar no preço.
Em 1º de outubro, esta antiga capital czarista passou a adotar um regime de visto eletrônico gratuito que inclui um prazo prometido de 96 horas para cidadãos de 53 países. O resto da Federação Russa seguirá o exemplo em 1º de janeiro de 2021, quando um aplicativo especial tornará o processo ainda mais simples. A taxa não custará mais que US$ 50.
Em um mundo onde até mesmo a Arábia Saudita, conhecida por sua rigidez, está se abrindo para o turismo, a Rússia abriu os olhos. Até agora, o Kremlin – literalmente uma fortaleza – resistia a pedidos de autoridades responsáveis pelo crescimento econômico para reduzir as pontes metafóricas e permitir que turistas endinheirados pudessem explorar a mistura única de culturas, história, religiões e maravilhas naturais da Rússia.
Assessores de Putin dizem que foi preciso sediar um torneio de futebol, a Copa do Mundo de 2018, e a receita tão necessária de 3 milhões de fãs que receberam acesso sem visto, para convencê-lo de que seus tecnocratas poderiam lidar com grandes influxos de estrangeiros sem comprometer a segurança nacional.
“A Rússia agora vê o turismo como um setor estratégico”, disse Zarina Doguzova, 34 anos, recentemente nomeada pelo governo para a iniciativa, em entrevista em São Petersburgo. “Esta é a nossa tarefa: receber milhões de turistas de todo o mundo.”