Eleições 2022

PT prepara influenciadores para guerra digital no final da campanha

18 out 2022, 13:09 - atualizado em 18 out 2022, 13:09
Renda Fixa
É pouco. A gente não pode só ficar repetindo ‘Lula não vai fechar igreja’. Temos prova histórica (Imagem: Divulgação/ Ricardo Stuckert)

Na reta final do segundo turno da eleição presidencial, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) organiza uma mobilização de comunicadores digitais para reagir à campanha de Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, e partir para o ataque.

Em uma fala durante encontro com comunicadores digitais nesta terça-feira que chegou a ter 13 mil pessoas assistindo, segundo o coordenador de comunicação da campanha, Edinho Silva o próprio Lula pediu ao grupo que não fique apenas rebatendo ataques e notícias falsas, mas também mostre fatos positivos.

“A gente não pode ficar apenas como se fosse alvo, com um escudo tentando rebater as críticas. É pouco. A gente não pode só ficar repetindo ‘Lula não vai fechar igreja’. Temos prova histórica. Fui presidente por oito anos, não oito dias”, pediu. “É importante (rebater as notícias falsas), mas dizer o que vamos fazer é extremamente importante.”

O PT tenta contrapor a estratégia de redes tradicionalmente dominada pela equipe de Bolsonaro e organizar respostas depois de ter detectado o que considera um aumento exponencial de notícias falsas contra Lula nos últimos dias da campanha.

“Precisamos criar um movimento de mobilização. Temos do outro lado uma estrutura criada há muito tempo. Em 2018 foi uma quantidade absurda de fake news gerada na reta final”, disse Edinho, ressaltando que o mesmo acontece agora.

O PT entrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido para abertura de uma investigação e remoção das redes de 40 perfis e identificação de outros 34 que distribuem notícias falsas contra Lula e o partido.

Na petição, a sigla afirma que se trata de uma rede organizada de desinformação.

“Existe um grupo que discute, organiza e faz o disparo de mentiras de forma ordenada”, acusou Edinho.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira mais votada no primeiro turno da eleição e que se aliou a Lula no segundo turno (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Nas últimas semanas, puxados pelo deputado federal André Janones (Avante-MG), influenciadores que apoiam a candidatura de Lula passaram a se organizar para não apenas rebater, mas criar fatos que passaram a atingir diretamente a campanha de Bolsonaro.

Foram nessa situação que viralizaram imagens do presidente em um templo maçônico o que atingiu parte da base religiosa do eleitorado bolsonarista, as confusões feitas por apoiadores do presidente na Basílica de Aparecida e, principalmente, a entrevista em que Bolsonaro diz que “pintou um clima” com adolescentes venezuelanas-a quem acusou, de forma infundada, se serem prostitutas.

O resultado foi uma semana em que a campanha de Bolsonaro, em vez de atacar, passou a se defender nas redes, e demorou a reagir.

No início desta semana, a reação foi em cima de Janones: o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, usou seu partido para pedir a cassação do deputado. E a campanha pediu ao TSE a suspensão das redes sociais de Janones.

A maior parte desses influenciadores não têm ligação direta com a campanha petista, mas apoia Lula e tem uma base de seguidores relevante.

Grupos de Telegram foram criados também, da mesma forma que fazem os bolsonaristas, para distribuir vídeos que rebatem notícias falsas e, também, com falas de Bolsonaro, como a sobre as venezuelanas ou as declarações que deu durante a pandemia de Covid-19.

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Ação Coordenada

Responsável por iniciar a tática de guerrilha digital na qual o PT, até agora, não tinha expertise, Janones pediu aos influenciadores que trabalham com ações coordenadas.

“O bolsonarismo 2.0 trabalha hoje com o que chamo de robôs humanos. Eles têm uma rede de pessoas que segue determinadas coordenadas e distribui material focado”, afirmou.

O deputado ainda ressaltou que os influenciadores não devem perder o foco em Bolsonaro, e precisam tirar do alvo pessoas que declararam apoio a ele, como no caso dos cantores sertanejos que se reuniram na segunda-feira com o presidente no Palácio da Alvorada. A ideia é evitar que críticas a aliados do presidente gerem reação adversa.

Durante o encontro, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira mais votada no primeiro turno da eleição e que se aliou a Lula no segundo turno, esclareceu o pedido para que se usasse menos vermelho e mais branco nos eventos do ex-presidente.

Grupos de Telegram foram criados também, da mesma forma que fazem os bolsonaristas, para distribuir vídeos que rebatem notícias falsas (Imagem: REUTERS/Ilya Naymushin)

Ela disse ainda encontrar muitos eleitores indecisos, com medo, e a campanha precisa focar nessas pessoas.

“Ainda me surpreende como nosso eleitor ainda está indeciso e influenciado por fake news e por um medo que não se entende. Agora não é hora de pregar para convertidos. Quando sugeri o branco da paz foi no sentido de conversar com esses indecisos, combater esse conteúdo que gera medo”, disse.

Tebet sugeriu ainda que a campanha usasse conteúdo técnico, da CPI da Covid, da qual ela participou, e também análises do orçamento feitas pelos técnicos do Congresso que mostram os cortes feitos pelo atual governo para 2023 em programas de saúde, educação, assistência social e moradia popular.

“Não só ficarmos na defensiva de combater conteúdos de medo, mas gerar conteúdos verdadeiros a respeito desse governo que é desumano e desonesto”, afirmou.

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