PSDB suspende prévias após falha em aplicativo e definirá data para retomada do processo
O PSDB anunciou no final da tarde deste domingo a suspensão das prévias que devem definir o candidato do partido à Presidência na eleição do ano que vem por causa de uma falha no aplicativo usado para a votação, que impediu que parte dos cerca de 44 mil filiados cadastrados votassem na consulta interna.
Em nota publicada no Twitter, o partido assegurou que os votos computados neste domingo, tanto pelo aplicativo quanto presencialmente em urna eletrônica, estão preservados e disse que a direção da sigla se reunirá com os três candidatos –os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio– para definir uma data de retomada do processo.
“O processo de votação em aplicativo encontra-se pausado em razão de questões de infraestrutura técnica, que não comportou a demanda dos votantes das prévias. Os votos registrados neste domingo estão preservados e o PSDB está definindo, junto com os candidatos, em que momento o processo será retomado”, disse o PSDB no Twitter.
“O PSDB definirá nova data para reabertura do processo de votação para que todos os filiados que não puderam votar neste domingo possam, com tranquilidade e segurança, registrar o seu voto e concluir a escolha do nosso candidato às eleições presidenciais de 2022.”
O aplicativo usado nas prévias tucanas foi motivo de polêmica desde o início, ora por críticas da campanha de Doria, ora por parte dos apoiadores de Leite. Uma fonte com conhecimento do assunto disse que o presidente da sigla, Bruno Araújo, e os três candidatos devem se reunir às 20h deste domingo e podem definir uma nova data paras as prévias.
Procurada, a campanha de Doria disse que o governador paulista defende que o processo seja retomado ainda nesta semana.
“Doria defende que as prévias sejam retomadas ainda essa semana. Defende que todos os filiados e mandatários tenham o direto de votar com segurança o mais breve possível”, disse a assessoria do governador paulista.
A campanha de Leite também disse que o governador gaúcho quer a retomada “o quanto antes” das prévias, desde que a votação possa ser feita com segurança.
“Eduardo quer que a votação seja retomada o quanto antes, desde que com segurança e que as pessoas consigam votar. Seja 48 horas, uma semana, mas o quanto antes”, disse a assessoria de Leite.
Procurados, representantes da campanhas de Virgílio não responderam de imediato a pedidos de comentários.
Doria e Virgílio chegaram a anunciar que se reuniriam com Araújo na sede nacional da legenda em Brasília após os problemas no aplicativo de votação e que falariam com a imprensa às 18h, mas posteriormente a entrevista coletiva foi cancelada.
Dia conturbado
Os postulantes do PSDB ao Planalto chegaram na manhã deste domingo ao centro de convenções em Brasília onde foi realizada a votação presencial das prévias, marcadas há meses, e os três candidatos, especialmente Doria e Leite –os favoritos na disputa– posaram para fotos juntos e buscaram manifestar um discurso de união da legenda.
No entanto, o dia foi marcado por problemas no aplicativo de votação e polêmicas como a acusação feita pela deputada Mara Rocha (PSDB-AC), que afirmou, sem dar detalhes, que lhe ofereceram dinheiro para que votasse em Doria.
Um vídeo em que ela ameaça revelar quem teria feito a oferta caso não conseguisse votar circulou nas redes sociais. A deputada declarou que votaria em Leite, ao mesmo tempo que se disse apoiadora do presidente Jair Bolsonaro e disse que deixará o PSDB para se filiar ao PL, partido que atualmente é o favorito para receber Bolsonaro, atualmente sem filiação partidária.
Com a escolha de um candidato para o pleito do ano que vem, o PSDB, que governou o Brasil com Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002, busca reconquistar o protagonismo que perdeu na política brasileira após o fraco desempenho de Geraldo Alckmin nas eleições de 2018.
Mas as pesquisas mostram tanto Doria quanto Leite com intenção de voto de apenas um dígito, sem chegar a 5%, e bastante distantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as sondagens, e de Bolsonaro.