Política

Proteção da Amazônia ganha impulso com Lula, dizem especialistas

02 nov 2022, 9:00 - atualizado em 01 nov 2022, 19:01
Amazônia
A Amazônia também armazena carbono suficiente, que, se totalmente liberado, seria estimado em 730 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Toda eleição agora é uma eleição sobre o clima. A vitória apertada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) não é exceção.

“O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a Floresta Amazônica. Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia. Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero”, tuitou Lula, 77, no domingo. Bolsonaro ainda não reconheceu formalmente o resultado das eleições.

Além de maior economia da América Latina, o Brasil tem uma enorme influência sobre o meio ambiente global. Mais de 40% do país ainda está coberto por floresta tropical, que abriga algumas das maiores biodiversidades do planeta.

A Amazônia também armazena carbono suficiente, que, se totalmente liberado, seria estimado em 730 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente – o suficiente para contabilizar 20 anos de emissões globais nas taxas atuais.

E sob a recente presidência de Bolsonaro, 67, agir contra a mudança climática não tem sido prioridade. Bolsonaro minou significativamente as regulamentações ambientais e colocou em segundo plano direitos dos povos indígenas. Essa política acelerou o desmatamento da Amazônia, em grande parte devido à atuação ilegal da pecuária.

Em paralelo, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram. Durante a campanha presidencial, Bolsonaro continuou a defender um maior desenvolvimento da Amazônia, mesmo que isso signifique maior desmatamento.

Amazônia Desmatamento
Durante a campanha presidencial, Bolsonaro continuou a defender um maior desenvolvimento da Amazônia (Imagem: Reuters)

Resta saber o que Lula poderá fazer pelo meio ambiente como presidente, mas defensores do clima já veem sua eleição como um passo em uma melhor direção.

“Sinto que o desmatamento era um objetivo político real do governo Bolsonaro, porque eles estavam muito focados no desenvolvimento da Amazônia”, disse Samantha Gross, diretora da Iniciativa de Segurança Energética e Climática do Brookings Institution, uma organização sem fins lucrativos. “Por isso, esta eleição foi muito importante para o futuro do planeta e para o futuro da Amazônia. Sem dúvida.”

Se o planeta se aquecer muito e com a Amazônia como um dos principais pontos de inflexão climática do mundo, é vulnerável à conversão imparável de floresta em savana por meio de um processo chamado “dieback”, de acordo com artigo recente na revista Science.

O desmatamento acelerado pode desencadear um ponto de inflexão ainda mais cedo, o que provocaria a liberação de grandes quantidades desse carbono armazenado.

“Já vimos lugares onde há um ‘dieback’ localizado”, disse o autor do estudo, David Armstrong McKay, cientista de biosfera climática do Centro de Resiliência de Estocolmo e da Universidade de Exeter. A boa notícia é que “não chegamos ao ponto de haver uma espécie de ‘dieback’ em larga escala em grandes regiões de maneira autossustentável”.

Prevenir esse destino, disse McKay, exige “interromper o desmatamento e as emissões o mais rápido possível”. Essa meta está muito mais próxima da visão de Lula para o Brasil do que a de Bolsonaro. Em seu discurso de vitória e no Twitter, Lula prometeu trabalhar pelo “desmatamento zero” da Amazônia.

A resposta internacional foi rápida. Autoridades alemãs e norueguesas já disseram que querem trabalhar novamente com o Brasil para reabrir o Fundo Amazônia, uma iniciativa internacional de conservação que ambos ajudaram a lançar em 2008 e que foi posteriormente interrompida em protesto às políticas de Bolsonaro. “Damos as boas-vindas ao Brasil novamente como um parceiro global nos esforços para reduzir o desmatamento”, disse na segunda-feira Espen Barth Eide, ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega.

Desmatamento
Resta saber o que Lula poderá fazer pelo meio ambiente como presidente, mas defensores do clima já veem sua eleição como um passo em uma melhor direção (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Em meados do ano, membros da campanha de Lula comentaram planos de nomear um enviado climático, semelhante ao cargo de John Kerry nos EUA, caso ele fosse eleito. Lula planeja uma reunião de líderes regionais para uma cúpula da Floresta Amazônica em 2023.

E quer firmar um pacto com a Indonésia e a República Democrática do Congo, que também abrigam enormes florestas tropicais, para garantir que tenham uma frente unida na negociação de acordos com nações ricas para a proteção da vegetação.

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