Prorrogação da desoneração da folha de pagamento não garante mais empregos, diz economista
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou nesta semana, em caráter de urgência, o Projeto de Lei que prorroga por quatro anos a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia.
A expectativa do legislador é de que, com a medida, os setores ampliem a contratação de funcionários e promovam mais empregos.
No entanto, alguns economistas do mercado não enxergam desta forma. “Embora seja positivo para a manutenção dos empregos destes setores, não acredito que aumente as contratações, já que o benefício só está sendo mantido. Entendo que se não fosse aprovado, aí, sim, iria trazer um impacto e nesse caso negativo por aumentar o custo para as empresas”, diz o economista e sócio fundador da Sarfin, Bruno Mori.
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Já o especialista em mercado de capitais e sócio da Quantzed, Ricardo Jorge, acredita que de fato possa ser positiva a desoneração, uma vez que o caixa poderá sofrer realocações que permitem com que as empresas façam maiores investimentos e aumentem sua capacidade.
Porém, ele pontua que a preocupação é em relação ao governo. “A questão é quanto tempo essa desoneração vai se sustentar, dado que o governo tem tentado captar recursos de tudo quanto é fonte, aumentando regras de tributação (…). Pode ser que a medida tenha vida curta”, pondera Jorge.
Quais são os 17 setores?
Os setores da economia que vão se beneficiar da decisão são:
- calçados
- call center
- comunicação
- confecção/vestuário
- construção civil
- empresas de construção e obras de infraestrutura
- couro
- fabricação de veículos
- carroçarias
- máquinas
- equipamentos
- proteína animal
- têxtil
- tecnologia da informação (TI)
- tecnologia de comunicação (TIC)
- projeto de circuitos integrado
- transporte metroferroviário de passageiros
- transporte rodoviário coletivo
- transporte rodoviário de cargas
Relembre a proposta
A proposta aprovada pelo Senado reduz a alíquota da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento de 20% para 8% em cerca de 3 mil municípios do país.
Inicialmente, o relator havia optado por acatar as mudanças promovidas pela Câmara, que substituiria a contribuição previdenciária patronal, de 20% sobre a folha de salários, por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.
No entanto, após pedido de vista do líder do governo, o relator voltou atrás e resolveu apresentar o texto original, do Senado.
A desoneração da folha de pagamentos dos setores considerados pelas autoridades de maior representatividade nas contratações teve início no governo Dilma Rousseff (PT), em 2011, e teve sucessivas prorrogações.