BusinessTimes

Promessa de desmatamento do ano passado tem começo devagar

05 nov 2022, 15:50 - atualizado em 05 nov 2022, 15:50
Desmatamento
Promessa de mais de 140 países foi feita durante a COP26, mas o desmatamento caiu apenas 6,3% no ano passado (Imagem: Pixabay/TanteTati)

Um ano depois de mais de 140 países prometerem acabar com todo o desmatamento até 2030, pouco foi feito para financiar proteções ou passar novas leis de conservação, dizem especialistas.

A promessa foi amplamente elogiada na cúpula do clima COP26 ano passado, especialmente porque Brasil, Indonésia e Congo comprometeram-se com ela. Esses três países juntos representam mais de metade das florestas tropicais do mundo.

“O que aconteceu com essas promessas? Estamos caminhando para cumpri-las? A resposta curta… é não”, disse Erin Matson, que coordenou organizações sem fins lucrativos na produção do relatório Avaliação de Declaração Florestal mês passado.

Para cumprir a promessa, o mundo precisa garantir uma redução de 10% de área desflorestada em média a cada ano, de 2021 a 2030. Em vez disso, o desmatamento caiu apenas 6,3% ano passado, com duas das três nações com florestas tropicais enfrentando obstáculos iniciais.

O relatório usa dados do projeto de monitoramento Global Forest Watch e observa avanços em financiamento, leis de conservação e produção de alimentos sustentáveis.

A maioria dos países que fez a promessa ainda não detalhou planos para aprovar proteções mais fortes à floresta ou para implementá-las. O financiamento global para o objetivo totaliza cerca de 2,3 bilhões de dólares por ano – longe dos 460 bilhões de dólares que a avaliação diz que são necessários.

Especialistas esperam que a conferência COP27, na próxima semana em Sharm el-Sheikh, no Egito, encoraje mais investimento de empresas e países que buscam compensar suas emissões preservando e regenerando florestas.

Os negociadores trabalharão na cúpula para finalizar regras para o comércio global de compensação, com o objetivo de ter o sistema em operação até 2025, disse a administradora sênior da consultoria WayCarbon, Laura Albuquerque. Se não houver um acordo na COP27, esse cronograma seria adiado em pelo menos um ano.

“A COP dará um sinal importante para o setor florestal”, disse. “É extremamente importante para trazer investimento”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Brasil

O maior país com florestas tropicais também é líder mundial em desmatamento, com a Amazônia sofrendo com extração ilegal de madeira, agricultura e especulação de terras.

A destruição aumentou desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, revertendo as proteções ambientais e buscando desenvolver a região. Apesar disso, o governo de Bolsonaro prometeu no ano passado acabar com o desmatamento brasileiro até 2028.

Dados preliminares do governo mostram que o Brasil está longe desse caminho, com o desmatamento aumentando outros 23% em 2022, depois de atingir uma alta de 15 anos em 2021.

Ambientalistas e cientistas esperam que a situação se reverta após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que promete uma série de ações para combater o desmatamento e as mudanças climáticas. Mas o mundo deve pressionar Lula para entregar tais mudanças, disseram.

“A pressão da comunidade internacional sobre Lula é igualmente bem-vinda”, disse a ecologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Rita Mesquita. “Precisamos de desmatamento zero.”

Lula planeja participar da COP27, antes de assumir o cargo em janeiro, em uma tentativa de restabelecer a liderança do Brasil em desmatamento e mudanças climáticas, disseram seus assessores à Reuters.

Eles dizem que o presidente trabalhará imediatamente para proteger a Amazônia, inclusive aumentando os recursos para policiar o desmatamento que havia sido cortado por Bolsonaro.

Siga o Money Times no Instagram!

Conecte-se com o mercado e tenha acesso a conteúdos exclusivos sobre as notícias que enriquecem seu dia! Todo dia um resumo com o que foi importante no Minuto Money Times, entrevistas, lives e muito mais… Clique aqui e siga agora nosso perfil!