Projeto para térmica de R$1,5 bi a GNL no Pará prevê fornecer gás à indústria local
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Um projeto da norueguesa Golar Power e da brasileira Evolution Power Partners (EPP) para implementar uma termelétrica a Gás Natural Liquefeito (GNL) no Pará envolve também planos para fornecer gás a grandes empresas no polo industrial local de Barcarena, disse à Reuters um executivo ligado ao empreendimento.
Uma associação entre Golar e EPP vendeu antecipadamente a produção da usina Novo Tempo Barcarena no leilão de energia A-6, promovido pelo governo federal neste mês. Os contratos, com 25 anos de duração, têm início do suprimento em 2025.
Para abastecer a térmica, que terá 604,5 megawatts em capacidade, as empresas preveem importar GNL e estabelecer um terminal com navio FRSU (unidade flutuante de armazenamento e regaseificação, na sigla em inglês) no porto de Vila do Conde, a partir do qual pretendem garantir outras destinações para o gás.
O orçamento estimado é de 1,5 bilhão de reais, sendo 1,2 bilhão só para a usina térmica e 200 milhões de reais para o terminal. Já o navio FRSU vai ser afretado junto à Golar em contrato de longo prazo.
“Quanto mais clientes o terminal tiver, menor vai ser o custo operacional dele para a térmica. Então nossa intenção é a partir desse terminal atender diversos clientes. A térmica vai ser uma âncora, na verdade; vai ancorar o terminal de GNL que vai trazer gás para toda a região”, disse o diretor da EPP, Mauricio Carvalho.
O GNL seria importado dos Estados Unidos ou Catar, acrescentou ele.
Na mira do empreendimento está a demanda de diversas grandes indústrias em Barcarena, incluindo a refinaria de alumínio Alunorte, da norueguesa Norsk Hydro, e outras empresas, além de outras térmicas locais que hoje usam diesel e poderiam ser convertidas para geração com gás.
O terminal deverá regaseificar o GNL importado para envio à usina Novo Tempo e outros clientes. O terminal terá capacidade de armazenamento de 170 mil metros cúbicos em GNL, o que permitirá a regaseificação de até 20 milhões de m³/dia.
A térmica, quando acionada, terá um consumo de cerca de 2,3 milhões de m³/dia, segundo Carvalho.
“Queremos fazer o que chamamos de GNL em pequena escala. A gente fraciona a carga através do terminal e distribui com navios menores, balsas, e até contêineres refrigerados”, explicou ele, apontando que a ideia é fazer o transporte por rios na região e rodovias.
O executivo afirmou ainda que a expectativa é começar a gerar receitas com o fornecimento de gás antes mesmo da conclusão das obras da usina, que levarão mais tempo.
Após o leilão, a Golar disse em comunicado que o terminal de GNL dever iniciar operações em meados de 2021.
“A intenção é começar (as negociações com potenciais consumidores de gás) desde já. A gente vem trabalhando há quatro anos nesse projeto e já investimos muito tempo e dinheiro no levantamento desse mercado. O mercado da região Norte está mapeado”, disse Carvalho.
Cronograma e financiamento
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As obras da termelétrica deverão ter início no segundo semestre de 2020, com expectativa de alguma antecipação em relação ao prazo estabelecido no leilão, de operação em janeiro de 2025, mas o diretor da EPP não detalhou prazos.
Já o contrato de fornecimento de GNL que abastecerá o empreendimento será fechado com uma empresa de grande porte do setor de óleo e gás, afirmou Carvalho, sem comentar nomes.
Ele disse também que as parceiras no projeto no Pará já iniciaram conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco da Amazônia, e em paralelo avaliam captar recursos no mercado de capitais para financiar o projeto.
A Golar Power, parceria entre a Golar LNG e a Stonepeak Infrastructure Partners, terá 50% do empreendimento no Pará, enquanto a EPP terá os 50% restantes.
As empresas ainda veem possibilidade de expansão futura, uma vez que já possuem licença ambiental para implementar em torno de 1,6 gigawatt em térmicas na região, mais que o dobro da capacidade já viabilizada no leilão governamental.
As expansões poderiam ser inscritas em leilões de energia do governo brasileiro no futuro, disse Carvalho, incluindo um certame que o Ministério de Minas e Energia pretende promover em 2020 para contratar térmicas a gás e carvão.