Programa de Lula impulsiona construtoras no 2T23; ‘pé atrás’ ronda médio/alto padrão
A temporada de balanços das empresas listadas na Bolsa brasileira chegou ao fim nesta semana. Após divulgarem prévias operacionais em julho, construtoras e incorporadoras revelaram quanto ganharam e quanto perderam no segundo trimestre deste ano.
As opiniões dos analistas sobre o desempenho das empresas de construção civil divergem. Mas fato é que todos concordam que programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e Pode Entrar, da prefeitura de São Paulo, salvaram as construtoras do segmento baixa renda.
Por outro lado, o ‘pé atrás’ com as construtoras e incorporadoras de médio/alto padrão persiste.
O que as construtoras entregaram no 2T23?
Para o estrategista-chefe da Empiricus Research, João Piccioni, as incorporadoras “foram bem no segundo trimestre”. Ele avalia que o período mostrou uma recuperação do setor imobiliário.
Contudo, Piccioni destaca os resultados de Direcional (DIRR3) e Cyrela (CYRE3). “Elas apresentaram desempenhos fora da curva.
Foram melhores que os pares e devem continuar progredindo ao longo dos últimos seis meses do ano. Tem muito capital investido em CDBs, que deve voltar para o setor. São dois casos que chamaram atenção”, diz.
Sobre a Direcional, o profissional da Empiricus diz que o Minha Casa, Minha Vida foi um propulsor para a construtora do segmento de baixa renda.
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“As iniciativas do governo fizeram com que boa parte dos ativos da Direcional passasse a se enquadrar no MCMV, abrindo espaço para um aumento de volume de lançamentos nos próximos meses”, observa.
Enquanto a Cyrela liderou a retomada do segmento de alta renda no segundo trimestre. “Ela tem uma demanda muito resiliente em São Paulo.
Além disso, deve continuar crescendo à medida que o afrouxamento monetário acontece”, diz Piccioni sobre o ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic), iniciado este mês, que deverá refletir nos próximos resultados das companhias.
O analista de real estate da Empiricus, Caio Nabuco de Araújo, acrescenta que a incorporadora superou com folga as expectativas do mercado. Desta forma, após registrar salto de 85% no lucro líquido na base anual, a Cyrela deverá elevar a distribuição de dividendos ao longo do tempo.
Média/alta renda preocupa
Entretanto, os analistas do Bank of America (BofA) ressaltam que os lançamentos das empresas de médio/alto padrão cresceram entre abril e junho. Porém, o cenário ainda preocupa.
“Apesar das vendas fracas de estoque, os resultados do segmento foram bons”, comenta a equipe de real estate do banco norte-americano.
Contudo, os analistas continuam vendo um cenário difícil, já que as companhias do segmento acumulam um estoque em construção difícil de vender e devem enfrentar o pico de entregas em 2024 em meio aos desafios de acessibilidade.
“Isso pode levar a políticas de inadimplência e a descontos mais altos, o que pressionará as margens ainda mais”, reforça o BofA, que tem recomendação de venda para a Cyrela, Eztec (EZTC3) e Even (EVEN3) diante esse cenário.