Boi

Produzir mais carne em menos tempo melhora negócio da genética bovina – Parte I

09 jul 2019, 11:30 - atualizado em 09 jul 2019, 11:30
Liquidez dos leilões e nas fazendas da CV, de Carlos Viacava, se assemelha às demais empresas de genética (Imagem: Foto enviada por Carlos Viacava)

Nos primeiros meses do ano, a @ do boi em São Paulo estava abaixo da média de 2014, a preços nominais. Nesta virada do segundo semestre, na faixa dos R$ 157,00, ficou parelha apenas a junho de 2016. A recessão à la Dilma Rousseff, em plena ampliação do domínio dos grandes frigoríficos nadando na oferta sobrando, com a Vaca Louca (2017) no meio da caminho, não foi driblada, mas o que era sabido pelos produtores cresce em evidência. É necessário produzir mais carne em menos tempo – e para isso só com plantel de qualidade.

É quase unanimidade entre o mercado que as exportações e a expansão da janela chinesa em 2019 fazem aumentar o número de recriadores e invernistas atrás de gado de alta ou boa genética nos leilões ou nas fazendas dos criadores. Girar rápido o capital, tirando custo do tempo de engorda, só com boi bom. E quanto melhor, melhor se agrega valor levando as bonificações.

Em 2018, a liquidez dos certames foi razoável, mas a preços médios achatados e prazos de pagamento a perder de vista. Em 2019, nas primeiras mostras do ano de touros, matrizes e bezerros, os lotes ofertados saíram todos e as cotações médias se elevaram. Estão aquém das pretensões dos vendedores – o que também é unanimidade – mas melhorando bastante.

Olhado apenas pela lente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), os mais de 30 remates durante a última Expozebu – maior vitrine da espécie base do Brasil, onde o nelore desponta esmagadoramente entre as raças -, renderam em torno de R$ 50 milhões, contra R$ 38 milhões da edição do ano anterior. Mais 1,5 mil animais leiloados, sendo uma pequena parcela de gado de leite.

E da CV Nelore Mocho, Agropecuária Paulete, Casa Branca Agropastoril, Agropecuária CFM e Marca 40, além de várias outras, a expectativa é que no segundo semestre se repita. “E não há dúvida que a China puxando as vendas externas, e agora atrás de carne de melhor qualidade, ajudou a impulsionar”, diz Aldoardo Pereira, diretor da Paulete.

Menos pista, mais carne

Ele faz coro a Ricardo Viacava, da CV, a Paulo de Castro Marques, da Casa Branca, a Tamires Miranda Neto, da CFM, e também a Argeu Silveira, diretor técnico da Associação Nacional dos Criadores e Produtores (ANCP), para quem “se o produtor comercial não estivesse usando mais a genética, certamente iria travar o segmento fornecedor”.

E isso tem a ver também com outra característica cada vez mais notada, também acentuada por Carlos Eduardo Dias, proprietário da Marca 40. Embora a empresa esteja apenas no bezerro, e no Norte do Mato Grosso, onde o movimento China ainda é incipiente, ele enxerga a criação de animais para pista, para participação em torneios, diminuindo na proporção do crescimento da aptidão comercial mais rápida.

No caso de reprodutores, como se fala, é touro para “cobrir vacada”, pelame mais solto, umbigo mais caído, animal mais resistente que vai gerar outros animais para produção mesmo.

Não há estatísticas formais e oficiais, quando muito nas entidades de criadores onde há registros dos animais puro de origem (POs) – porém há um universo bem considerável fora delas -, mas todas as empresas citadas estão indo bem em 2019.

“Não devemos liquidar nada abaixo de R$ 9 a R$ 9,5 mil  a cabeça (de touro), como já foi no nosso primeiro leilão, em março”, afirma Ricardo Viacava, que junto com o pai, Carlos, dirige a CV Nelore Mocho, uma das grifes do nelore sem chifre (mocho).

* Amanhã, 10/7, continua  segunda parte desta reportagem.

 

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