AgroTimes

Produtores seguram vendas de soja à espera do La Niña

26 out 2022, 12:26 - atualizado em 26 out 2022, 12:27
Soja
As vendas antecipadas da próxima safra de soja estão praticamente paradas à espera de cotações mais altas, de acordo com Luiz Fernando Roque, analista da consultoria Safras & Mercado (Imagem: REUTERS/Daniel Acker)

Agricultores no Brasil, maior exportador de soja do mundo, apostam no fenômeno climático La Niña para aumentar os ganhos.

As vendas antecipadas da próxima safra de soja estão praticamente paradas à espera de cotações mais altas, de acordo com Luiz Fernando Roque, analista da consultoria Safras & Mercado.

A aposta é a de que um terceiro ano consecutivo de La Niña pode causar perdas devido no sul do Brasil e na Argentina, o que elevaria os preços futuros.

O La Niña normalmente provoca tempo mais seco que o normal nessas regiões.

A estratégia não está isenta de riscos: uma supersafra e falta de espaço para armazenamento podem favorecer compradores, o que prejudicaria agricultores e derrubaria os preços globais da oleaginosa, usada em produtos como óleo de cozinha, ração e biocombustíveis.

Após safras lucrativas, os produtores estão mais capitalizados este ano e não precisam ter pressa em vender soja antecipadamente para financiar o plantio. Há poucos incentivos para vender agora, pois os preços no mercado à vista estão acima dos contratos futuros.

Além disso, problemas climáticos e volatilidade no câmbio em anos anteriores acabaram elevando o preço dos grãos justamente na época de colheita, quando boa parte de suas produções já estava vendida.

Mas a baixa capacidade de armazenamento no país pode obrigar agricultores a vender grandes volumes de soja ao mesmo tempo quando o ritmo da colheita aumentar, levando à queda dos preços.

Ao contrário dos EUA, onde a maioria dos produtores possui silos, a maioria dos pequenos e médios agricultores brasileiros colhem e entregam os grãos imediatamente, porque não têm armazenamento próprio.

Isso significa que precisam ter grande parte da produção vendida na colheita. Se os volumes forem grandes, essas vendas podem pressionar os preços e favorecer gigantes como Bunge, Cargill e Archer-Daniels-Midland, com forte presença no Brasil.

A ADM disse nesta semana que produtores de soja brasileiros venderam 19% da produção esperada para esta temporada, abaixo dos 28% da safra anterior e inferior à média de cinco anos. Os números estão em linha com as estimativas da Safras & Mercado, que aponta 19% das vendas fechadas, bem abaixo de 30% nas últimas cinco safras.

O Brasil produz mais grãos do que pode armazenar. O país deve colher 152 milhões de toneladas de soja e 126 milhões de toneladas de milho no próximo ano, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA.

O Brasil tem capacidade de armazenamento de grãos de 181 milhões de toneladas, com capacidade de apenas 27,6 milhões de toneladas nas fazendas.

Siga o Money Times no Instagram!

Conecte-se com o mercado e tenha acesso a conteúdos exclusivos sobre as notícias que enriquecem seu dia! Todo dia um resumo com o que foi importante no Minuto Money Times, entrevistas, lives e muito mais… Clique aqui e siga agora nosso perfil!

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar