Petróleo

Produtores de “petróleo não-convencional” nos EUA pisam no freio em 2020

02 jan 2020, 12:21 - atualizado em 02 jan 2020, 17:08
EUA Bandeira
Cortes de investimentos e declínios na produção comuns aos poços de “shale” significam que a expansão da produção nos EUA deve perder força ante o ritmo de 2019 (Imagem: Unsplash/@tjump)

Perspectivas de um crescimento significativamente mais lento da produção de petróleo nos EUA neste ano e de uma posterior estabilização na oferta do maior produtor mundial de petróleo sinalizam uma nova e desconhecida era de autocontenção para a até então acelerada indústria de “shale”, um tipo de petróleo não convencional.

Cortes de investimentos e declínios na produção comuns aos poços de “shale” significam que a expansão da produção nos EUA deve perder força ante o ritmo de 2019, que levou a produção norte-americana a ultrapassar 13 milhões de barris por dia (bpd).

Algumas previsões de analistas para o próximo ano preveem que o crescimento pode desacelerar para uma taxa de apenas 100.000 bpd.

Na última década, a revolução do “shale” transformou os Estados Unidos no maior produtor de petróleo do mundo e em uma potência nas exportações. No entanto, a revolução não se traduziu em preços mais altos das ações do segmento.

Wall Street
Índice setorial S&P 500 Energy ganhou apenas 6% na década (Imagem: Reuters/Eduardo Munoz)

O índice setorial S&P 500 Energy ganhou apenas 6% na década, muito menos do que o retorno de 180% para o mercado de ações em geral.

A década de expansão da produção de petróleo não conseguiu aumentar os lucros, o que desencorajou os investidores.

A indústria de “shale” ainda foi pressionada por uma guerra de preços lançada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que começou em 2014 e chegou a levar os preços da commodity nos EUA para abaixo de 30 dólares por barril em determinado ponto.

A produção diminuiu temporariamente, mas acelerou até o final da década, à medida que as empresas cortavam custos e se tornavam mais eficientes.

Sede da Opep, em Viena
A indústria de “shale” ainda foi pressionada por uma guerra de preços lançada pela (Imagem: Reuters/Leonhard Foeger)

Agora, com os sinais dados pelos retornos aos investidores, o setor não tem planos de voltar a acelerar as atividades, nem no caso de preços mais altos.

“A gritaria foi forte e uniforme por parte dos investidores”, disse Matt Gallagher, CEO da Parsley Energy. Os investimentos da produtora de “shale” no próximo ano cairão cerca de 15% e não subirão mesmo que os preços do petróleo avancem, disse ele. Se isso acontecer, os maiores retornos serão utilizados para pagar dívidas, segundo ele.

“Temos que ser um negócio competitivo e lucrativo, não apenas extrair os recursos a todo custo”, disse Gallagher sobre a mudança de pensamento do setor.

Refinaria de petróleo em Carson, Califórnia (EUA)
Analistas esperam que os preços do petróleo nos EUA fiquem em média de 58 dólares por barril em 2020 (Imagem: Reuters/Mike Blake)

A  Parsley começou a pagar dividendos trimestrais pela primeira vez em setembro.

Analistas esperam que os preços do petróleo nos EUA fiquem em média de 58 dólares por barril em 2020, o que significaria ligeira redução ante os níveis atuais.

Mas, mesmo que os preços seguissem acima de 60 dólares, isso não dispararia um novo salto na produção devido à pressão por retornos, afirmam analistas.

“Nossa visão é que (o crescimento rápido) praticamente acabou”, disse o analista de energia da consultoria IHS Markit, Raoul LeBlanc.

Como a produção de poços de “shale” cai rapidamente, eles exigem constantes e caras perfurações para manter estável o nível de oferta.

O Morgan Stanley destacou no início de dezembro que empresas listadas de “shale” tiveram crescimento da produção de apenas 460 mil bpd nos 12 meses encerrados em setembro, ante 1,3 milhão de bpd nos 12 meses anteriores.

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