Produtora mineira de games Rogue Snail lança RPG em parceria com Netflix (NFLX)
A produtora brasileira de videogames Rogue Snail lançou na semana passada o jogo “Relic Hunters: Rebels” em parceria exclusiva com a Netflix (NFLX), marcando sua entrada no mercado de jogos para dispositivos móveis da gigante do streaming.
O presidente-executivo da Rogue Snail, Mark Venturelli, disse à Reuters que a Netflix procurou a empresa com interesse de investir em produções regionais, assim como ocorre nos filmes e séries originais de seu catálogo.
Ele evitou informar detalhes financeiros do acordo.
“Da mesma forma que produções muito locais que fazem sucesso no mundo inteiro, como ‘La Casa de Papel’ e ‘Squid Game’, a Netflix quer fazer isso com videogames e esse nosso projeto chamou a atenção deles”, disse.
“Rebels” é o segundo lançamento da franquia Relic Hunters, um RPG do gênero “looter shooter”, em que os jogadores controlam quatro personagens com o objetivo de coletar diferentes armas para lutar contra patos e tartarugas espaciais na tentativa de derrotar o malvado Império Ducan.
A ideia inicial do estúdio, quando procurado pela Netflix, era lançar “Relic Hunters: Legends”, que tem ambientes e jogabilidade 3D e lançamento planejado para 2023. “Perguntamos se havia o interesse de lançar (Rebels) e eles aceitaram. E como já estava quase pronto, acabou saindo primeiro e foi nosso lançamento com a Netflix Games”.
O game não está disponível para todos os usuários da Netflix no Brasil, uma vez que o serviço de jogos da empresa de streaming não foi lançado para no país.
Mas a Rogue Snail disse que o jogo foi lançado globalmente em 3 de maio. Usuários podem baixá-lo através da Play Store, em dispositivos Android.
A Rogue Snail, fundada em 2014, lançou outros títulos para consoles e plataformas como Steam, onde o primeiro título da franquia Relic Hunters foi lançado de forma 100% gratuita, com código-fonte aberto e atingiu uma comunidade de mais de 1 milhão de jogadores ao redor do mundo.
Venturelli acredita que parcerias entre estúdios independentes e grandes produtoras facilitam a criação artística e de narrativa porque os desenvolvedores não precisam focar no formato de monetização interna dos jogos e “conseguimos fazer jogos, em nossa opinião, mais interessantes”.
A empresa mineira atua de forma independente no mercado de jogos e utiliza diversas formas de financiamento para angariar suas produções.
Durante os primeiros anos de criação da Rogue Snail, a principal forma de investimento eram os investimentos dos próprios desenvolvedores.
A partir de 2017, a produtora participou de um edital da empresa de cinema e audiovisual da cidade de São Paulo, SPcine, e conseguiu investimentos através de financiamento coletivo, um investidor-anjo em 2019, e depois fechou os principais contratos de parceria atuais, entre eles com a produtora norte-americana Gearbox, além da Netflix.
A Rogue Snail aposta em diversidade e menos da metade do quadro de funcionários é composto por homens. “Essa estatística não deveria ser um motivo de orgulho mas infelizmente dentro da indústria de jogos é. Menos da metade da Rogue é composta por perfil do homem branco, heterossexual e cisgênero.”
A empresa explora essa diversidade em “Relic Hunters: Rebels” com o personagem não-binário Baru. “A inclusão de Baru foi totalmente natural, já que o personagem foi criado por uma pessoa não binária, desenhado por uma mulher trans e dublado por Jan Aponte, uma pessoa não binária”, disse Venturelli em material de divulgação da Netflix.
“Jogos Play-to-Earn São Abominação”
Apesar do movimento de investimentos de empresas tecnologia no metaverso, com Meta, Epic Games e Tencent, Venturelli acredita que é um frenesi do momento, pouco atrativo para as pequenas empresas independentes de jogos e entretenimento, como a Rogue.
“Não faz muito sentido falar sobre ser uma empresa e fazer algo para o metaverso, nada agora nesse momento faz muito sentido.”
Venturelli também disse que a empresa não tem projetos para jogos baseados em tokens não fungíveis (NFTs) e criticou a explosão de jogos “play-to-earn”, onde os jogadores passam o tempo para conseguirem ativos digitais. “Jogos play-to-earn são uma abominação, eu espero eles não existam mais ou se tornem nichos em alguns anos”, disse.
A ideia de transformar um tempo de entretenimento dos jogadores em uma atividade pseudo-produtiva da qual você pode tirar seu sustento como algumas pessoas estão fazendo “é profundamente perversa e deturpa a profissão e se torna uma ameaça à indústria de jogos”, disse o presidente da Rogue Snail.
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