Agronegócio

Produtor precisa encurtar mais ainda apronto do boi e ganhar extra com oferta ajustada

12 dez 2019, 11:57 - atualizado em 12 dez 2019, 12:23
Demanda se manterá forte ajustando a oferta de bois, mesmo com a maior desova que virá na safra

Há uma categoria de produtores mais bem posicionados, que resistiram há mais de dois anos de defasagem dos preços do boi, podendo aproveitar os ganhos obtidos desde outubro e reinvestir alguma sobra em mais tecnologia. E tecnologia em pecuária é, na ponta final, acabar mais rápido um animal de qualidade, oportunizando condições de ganhos adicionais.

A demanda segue com previsões seguras de manter a oferta muito ajustada, mesmo com a safra do boi apontando para dois meses a frente. E a menor disponibilidade ficará mais evidenciada porque 2020 deverá ser marcado pela maior retenção de fêmeas, depois de abates acima do normal de vacas boas (não apenas de descarte), especialmente em 2017, o que encurtou o volume de bois em 2019.

“Os frigoríficos vão necessitar de assegurar fornecimento, por isso creio que vamos precisar aprontar boi mais rápido”, indica André Bartocci, recriador e terminador em Caarapó (MS), e diretor da Federação da Agricultura do Mato Grosso do Sul.

Ele pensa que haverá necessidade de enxugar de dois a três meses o tempo da engorda a pasto ou no semi-confinamento, por exemplo, o que por si só necessitaria de boa suplementação mesmo para animais de boa genética, que já converte melhor a alimentação.

Em confinamento, esse é o tempo médio para engordar um boi.

Desfrute maior e rápido

Na opinião de Bartocci, que também lida com novilho (foi diretor da associação de criadores), “vamos ter que reinvestir para não perdermos a oportunidade”. Com ele concorda Luiz Gonzaga Souza Dias, também com propriedade no Mato Grosso do Sul, que igualmente acentua que a grande chance da pecuária de manter o bom momento é se aproveitar da diminuição da venda de vacas.

Os ganhos adicionais de maior desfrute do rebanho vêm do giro do capital e da regularidade e volume de fornecimento, que deverá forçar os frigoríficos à cederem bonificação.

Apesar do senso comum de que o ciclo pecuário está mudando, com a retomada da produção em volume, certamente não será para os próximos dois anos. Vaca parindo em 2020 é animal para 2022 ou 2023.

Portanto, o segmento pecuário que está na cria, gerando bezerros para reposição, deverá seguir no positivo, como veio sendo em 2019, com preços quase chegando a R$ 1,5 mil a cabeça, para animal padrão, sendo que desde 2016 não passava de R$ 1,4 mil.

Boi magro, então, que fica pronto mais rápido, praticamente inexiste em cotações razoáveis. Em São Paulo se negociava nos últimos dias boi magro a R$ 180/190,00 a @, mesmo com a pressão que os processadores passaram a exercer nas ofertas para o animal gordo, que como Money Times trouxe ontem (11), já está abaixo de R$ 200,00.

 

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