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Produto imobiliário permite acesso a dinheiro sem necessidade de empréstimo bancário; entenda se vale a pena

11 fev 2025, 14:00 - atualizado em 11 fev 2025, 12:04
imóveis - selic - taxa de juros
(Imagem: 89Stocker/ Canva Pro)

O Crédito com Garantia de Imóvel (CGI), também conhecido como home equity, vem avançando no mercado. Até setembro de 2024, o volume total da modalidade já somava R$ 23 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

No comparativo anual, o volume já era o dobro do visto em 2023 e com projeções ainda mais otimistas para os próximos cinco anos.

De olho nesse movimento, novas modalidades estão surgindo como alternativas para quem busca liquidez sem recorrer a empréstimos tradicionais. É o caso do HomeCash. O modelo, desenvolvido pela startup Rooftop, permite que o proprietário transforme um imóvel em capital imediato, sem a necessidade de análise de crédito ou comprovação de renda.

O produto, segundo a empresa, permite que o cliente receba 60% do valor de avaliação do imóvel em até 45 dias, com a possibilidade de recomprá-lo em até 18 meses, pagando aproximadamente 80% do valor avaliado.

O cliente também pode optar por vender o imóvel. Neste caso, se a propriedade for negociada por um valor maior do que o da recompra, o cliente pode receber parte da valorização.

A Rooftop captou R$ 100 milhões por meio de um fundo de investimento imobiliário (FII) para viabilizar a operação do HomeCash, sendo que a intenção da empresa é financiar 100 contratos até junho deste ano.

Entenda a diferença entre HomeCash e home equity

A principal diferença entre o HomeCash e o home equity está na estrutura da operação. No home equity, o proprietário coloca o imóvel como garantia para obter um empréstimo, mas permanece sendo dono da propriedade e pode usar o dinheiro como quiser.

No entanto, precisa pagar parcelas mensais com juros ao longo do tempo. Embora essa modalidade tenha taxas de crédito mais baixas do que um empréstimo pessoal, ela exige análise de crédito e pode envolver custos elevados.

Segundo Daniel Gava, CEO e fundador da Rooftop, a grande vantagem do HomeCash está no custo para o cliente. No home equity, a taxa do crédito imobiliário é composta por um percentual fixo mais um indexador, geralmente IPCA + 1,29% a IPCA + 1,39% ao mês, dependendo da instituição financeira e da análise de crédito. O pagamento da dívida já começa no primeiro mês.

Já no HomeCash, durante os primeiros 12 a 18 meses, o cliente paga um aluguel de mercado equivalente a 0,5% dos 80% do valor de recompra.

Se compararmos os 12 ou 18 primeiros meses do home equity com o mesmo período do HomeCash, o valor que o cliente quita do saldo devedor nesse intervalo inicial é 63% menor, porque a parcela do aluguel é três vezes menor do que a do home equity, explica Gava.

Além disso, após o período inicial, o cliente pode financiar a recompra do imóvel no HomeCash com taxas de 10% a 11% ao ano + TR (Taxa Referencial).

No home equity, a taxa total pode chegar a 25% ao ano, considerando, além dos juros de 1,39% ao mês + IPCA, custos adicionais como a TAC (Taxa de Abertura de Crédito) e os seguros obrigatórios MIP (Morte e Invalidez Permanente) e DFI (Danos Físicos ao Imóvel).

Gava avalia, no entanto, que o produto foi feito para imóveis residenciais de alto padrão avaliados entre R$ 1 milhão e R$ 7 milhões, com atuação concentrada principalmente em cidades da região Sudeste, apesar de atender municípios das regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste.

Confira na tabela a diferença entre as modalidades

Critério Home Equity HomeCash
Valor liberado 60% a 70% do valor do imóvel 60% do valor do imóvel
Forma de obtenção Empréstimo com garantia do imóvel Venda do imóvel com opção de recompra
Propriedade do imóvel Permanece com o cliente Transferido para a Rooftop
Pagamento inicial Pagamento já no primeiro mês Apenas aluguel (0,5% dos 80% do valor de recompra)
Forma de pagamento Parcelas com amortização e juros Aluguel mensal até a recompra
Custo efetivo total (anual) Até 25% ao ano (1,39% ao mês + IPCA) 10% a 11% ao ano + TR
Seguros obrigatórios MIP (Morte e Invalidez Permanente) + DFI (Danos Físicos ao Imóvel) Não há seguros obrigatórios
Possibilidade de recompra Não se aplica Sim, em até 18 meses pagando 80% do valor inicial
Duração do contrato Longo prazo (10 a 20 anos) Curto prazo (12 a 30 meses)

Apesar de comparáveis, Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV IBRE, avalia que os produtos são para situações diferentes, uma vez que o HomeCash implica na venda do imóvel para a empresa. Por mais que ambos deem a possibilidade de uma quantia atrelada ao imóvel, o produto oferecido pela Rooftop oferece uma maior agilidade.

“O produto se mostra como uma alternativa ao dinheiro mais rápido, já que imóveis por si só não possuem liquidez. Mas é sempre bom alertar que está dando o imóvel para a empresa”, alerta. Ela ainda explica que é necessário fazer as contas para que lá na frente, na hora de recomprar ou até vender, a pessoa possa tomar a melhor decisão.

A coordenadora ainda destaca que o produto não é para todo mundo e que depende muito da avaliação que será feita do imóvel tanto no ato do pedido do dinheiro, quanto lá na frente, após o período do aluguel, já que esses valores podem se alterar.

Castelo afirma ainda que ambos os produtos são boas alternativas para aqueles que souberem se organizar financeiramente com as dívidas, já que são alternativas mais baratas do que utilizar o crédito do rotativo.

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
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