Sustentabilidade

Produção sustentável por plantio direto já começa dando resultado ao cortar custos operacionais – Final

04 out 2019, 10:20 - atualizado em 04 out 2019, 11:24
Propriedade em Minas aproveita bem toda a integração produtiva sustentável (Grupo Araunah)

No vasto repertório de produção agropecuária sustentável pode-se falar de ferramentas para todos os gostos. Desde as mais primitivas, quando não há quase nenhuma interferência nos processos naturais, quanto daquelas que mitigam os impactos secundários que as tecnologias trouxeram para o meio ambiente e a saúde, ao mesmo tempo em que foram fundamentais, também, para alavancar a escala produtiva em ambientes hostis. Na agricultura, o plantio direto na palha é uma dessas.

Emparelhada à produção de leite, na qual o manejo das vacas preza pelo bem estar animal e elimina custos adicionais com doenças que a criação tradicional acaba impondo, a Fazenda Boa Fé – retratada em Money Times ontem (3/9, veja em Leia também) – produz soja, milho, sementes, sorgo, aveia e outras forrageiras mantendo a palha na cobertura do solo. E já foi a primeira a usar o método em cana de açúcar, cultura há dois anos eliminada.

Em 3 mil hectares na propriedade de Conquista (MG), próxima a Uberaba, o Grupo Araunah usa o plantio direto desde sempre. A cobertura do solo evita o revolvimento da terra no plantio (usando menos máquinas e gastando menos diesel), ajuda na infiltração da água, mantém o sistema biológico que assegurara fertilidade e imunidade (também cortando agroquímicos), entre outros fatores.

Da criação de vacas leiteiras, alimentadas pela produção sustentável da casa, parte dos dejetos também volta como adubo biológico para o campo. A empresa também atua com serviços de tecnologia, como biosseguridade animal e irrigação, além de possuir marca própria de produtos alimentícios.

Na Boa Fé tudo é economia circular, no qual também se adiciona quase 40 hectares de Integração, Lavoura, pecuária e Floresta.

O sistema cresce no Brasil crece em todo Brasil e já chega a 59% da produção de grãos. Para Jonadan Ma, diretor geral do grupo, ainda pode crescer mais, nem tanto pela falta de conhecimento das técnicas – “e não por ausência de técnicos, estudos e casos reais em produção” – e muito mais pela pressa em resultados.

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O plantio direto necessita de um tempo maior de maturação para se alcançar produtividades em curto prazo condizentes com o perfil de negócios de grãos, por exemplo, ainda que seus custos reduzidos acabam também compensando o menor volume produzido e comercializado.

A média produtiva da soja na Boa Fé fica entre 55 e 67 sacas por hectare. Do milho, 160 a 180 hectares. Naturalmente que há áreas que ultrapassam, como acontece sempre que se fala em média. Na última safra da oleaginosa, “a quebra pela seca foi violenta”, e a produtividade chegou a 47 sacas, enquanto o milho caiu 23%.

Mas o condutor do Araunah e dezenas de outros da Federação Brasileira do Plantio Direto na Palha e Irrigação – da qual ele é o atual presidente – seguem empregando-o e tentando mostrar que essa linha de produção com sustentabilidade já funcionava antes do termo sustentabilidade virar moda.

“Certamente ajudaria também a mudar a imagem da produção brasileira”, diz Ma, longe, contudo, de colocar dúvidas sobre os métodos convencionais de produção.