Produção de etanol nos EUA tem máxima de 15 meses e gera otimismo para o milho
A indústria de etanol dos Estados Unidos está operando em níveis próximos aos normais pela primeira vez desde o início de 2020, à medida que restrições relacionadas à pandemia de Covid-19 são flexibilizadas e os norte-americanos ganham as estradas para a temporada de viagens do verão local.
Dados publicados nesta quarta-feira pela Administração de Informação sobre Energia (AIE) mostraram que a produção de etanol dos EUA atingiu 1,067 milhão de barris por dia (bpd) na semana até 4 de junho, uma máxima de 15 meses, no que também marcou a quarta semana consecutiva em que a produção superou a marca de 1 milhão de bpd.
A média de quatro semanas para a produção do biocombustível, de 1,036 milhão de bpd, está apenas 0,4% abaixo da média registrada no mesmo período entre 2017 e 2019.
A produção de etanol está superando a demanda no curto prazo, já que os estoques saltaram um total de 5% nas últimas duas semanas, para pouco menos de 20 milhões de barris.
Duas semanas antes, eles haviam recuado para menos de 19 milhões de barris, os menores níveis desde dezembro de 2016.
Ainda assim, os estoques permanecem no patamar mais baixo desde 2014 para este período do ano, razoavelmente distante das máximas.
As maiores reservas mantidas em um verão norte-americano foram vistas em 2019, quando atingiram 23 milhões de barris no início de julho e quase 24,5 milhões no final do mês.
A demanda implícita por etanol e gasolina nos EUA tem melhorado, embora ainda não tenha eliminado a lacuna na comparação com anos anteriores.
Recentemente, o uso de etanol tem se mantido até 3% abaixo dos níveis pré-pandemia, enquanto a gasolina fornecida ao mercado norte-americano desde abril flutua ao redor de 3% a 5% abaixo dos patamares anteriores à crise.
As margens de lucro do etanol caíram em relação às máximas de sete anos observadas entre meados e final de maio, quando os contratos futuros do milho passaram por uma importante correção negativa, embora ainda estejam acima das médias recentes para este momento do ano.
Os contratos mais ativos do cereal em Chicago acumulam, até aqui, alta de cerca de 5% neste mês.
No último ano-safra do milho nos EUA, o uso do cereal para a fabricação de etanol recuou 11% frente à média dos três anos anteriores, já que a pandemia e a redução da demanda por combustíveis levaram a produção de etanol a registrar uma queda sem precedentes.
No atual ano de 2020/21, o uso de milho pela indústria de etanol deve cair 9% em relação à mesma média –mas as tendências recentes podem sugerir que essa estimativa é um pouco exagerada.
Se a produção semanal de etanol atingisse em média 1 milhão de bpd nas próximas 12 semanas, o Departamento de Agricultura dos EUA poderia ter de acrescentar pelo menos 75 milhões de bushels à sua estimativa atual, de 4,975 bilhões de bushels.
Essa produção ficaria abaixo tanto da média recente de quatro semanas quanto dos níveis normais para este período do ano.
O USDA ainda projeta o uso de milho para fabricação de etanol em 5,2 bilhões de bushels em 2021/22, temporada que começa em 1º de setembro.
A cifra fica cerca de 5% abaixo da média pré-pandemia. Pode ser muito cedo para que a previsão para a nova safra seja ajustada, mas o cenário de alta é promissor, dada a tendência recente na produção do biocombustível.