Produção de açúcar do CS cresce 116% em abril e vendas de etanol caem 30%
A produção de açúcar do centro-sul do Brasil somou quase 3 milhões de toneladas em abril, aumento de 115,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto as vendas de etanol despencaram 30%, informou nesta terça-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
Com o açúcar se mostrando mais rentável que o etanol em meio a medidas para conter a pandemia de coronavírus, usinas confirmaram expectativas de que a safra será mais açucareira, diante de um câmbio favorável a exportações do adoçante.
Também colaborou para o aumento da produção o tempo mais seco para a realização da colheita.
Segundo a Unica, o incremento de 1,6 milhão de toneladas na produção do açúcar em abril decorre em 50% da alteração do mix da cana para açúcar e em 50% do aumento na quantidade de matéria-prima processada.
Na segunda quinzena do mês, as usinas do centro-sul moeram quase 38 milhões de toneladas de cana, alta de 19,6% ante o mesmo período da safra passada.
Já a produção de açúcar na quinzena de abril somou 2 milhões de toneladas, alta de 93,5%, e a de etanol atingiu mais de 1,5 bilhão de litros, aumento de 5%.
O volume de moagem e de produção de açúcar ficaram acima do projetado por pesquisa da S&P Global Platts, que apontou 35 milhões e 1,76 milhão de toneladas, respectivamente.
Da quantidade total de cana-de-açúcar processada na quinzena, 45,76% foi destinada à fabricação de açúcar, ante os 30,87% registrados na mesma data de 2019.
Segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, “essa mudança no mix de produção decorre da perda de atratividade do etanol”.
Além das usinas que ampliaram o mix para açúcar, outras oito unidades produtoras que não fabricaram açúcar nas duas últimas safras retornaram à produção neste ano (uma dessas unidades estava parada e as outras sete plantas optaram por não fabricar açúcar nas safras passadas), segundo a Unica.
Como resultado do aumento da produção e da relatada atratividade econômica, as vendas de açúcar para o mercado externo efetuado pelas unidades do centro-sul aumentaram 52,54% em abril de 2020 ante o mesmo período do ano anterior, para 1,42 milhão de tonelada.
Etanol competitivo
Segundo Padua, “apesar do recente aumento na competitividade do biocombustível frente seu concorrente fóssil nos principais centros consumidores, a demanda de etanol segue com um futuro incerto em função dos impactos da pandemia e das oscilações no preço da gasolina”.
Dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e compilados pela Unica mostram que na última semana (entre 3 a 9 de maio), 170 cidades já apresentaram preço relativo entre etanol versus gasolina abaixo da paridade técnica de 70%.
No Estado de São Paulo, principal centro consumidor, os números indicam que em 88% dos municípios paulistas, incluindo a capital, o hidratado foi mais competitivo nas bombas em relação ao derivado fóssil na última semana.
O diretor ressaltou que “as condições climáticas favoráveis à operacionalização da colheita, garantiram um avanço da produção”, mas, por outro lado, a retração da demanda não permite ampliação das vendas”.
“Esse cenário resulta em maior pressão nos preços dos produtores e leva a necessidade de ampliar o armazenamento do produto.”
Segundo ele, o setor já tem várias usinas com estoque para aderir a qualquer mecanismo financeiro que seja criado para armazenamento do etanol. A Unica tem um pleito de financiamento de estocagem do combustível para se enfrentar os efeitos da pandemia.
De acordo com a Unica, 213 empresas registraram moagem até dia 30 de abril, versus 220 unidades industriais em igual data do último ano.
Para o mês de maio, a expectativa é de 25 empresas iniciem o processamento na primeira quinzena e sete unidades produtoras nos últimos quinze dias do mês.