Agronegócio

Produção de açúcar do centro-sul cairá em 2021/22 após safra de recordes

15 dez 2020, 13:58 - atualizado em 15 dez 2020, 13:58
Açúcar
Haverá sim redução da produção de açúcar e não necessariamente vai haver (queda) na mesma magnitude em etanol (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

Os canaviais do centro-sul do Brasil sofreram com a seca que atingiu a principal região produtora do país em 2020, e a próxima safra (2021/22) será menor como consequência, assim como a produção de açúcar cairá do recorde alcançado no ciclo atual, afirmaram dirigentes da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) nesta terça-feira a jornalistas.

Segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, o volume de produção de açúcar e etanol vai depender da disponibilidade de cana e da qualidade da matéria-prima ele não fez estimativas.

Mas avaliou que, partindo de uma premissa de redução da oferta e da qualidade da cana, “a produção de açúcar deve ser reduzida de forma significativa”.

“Haverá sim redução da produção de açúcar e não necessariamente vai haver (queda) na mesma magnitude em etanol, uma vez que etanol de milho continua em expansão”, disse Padua.

Antes mesmo da finalização da safra, a produção de açúcar do centro-sul já atingiu um recorde histórico, conforme dados da Unica divulgados na semana passada, beneficiada pelo tempo seco, que ajudou na concentração de açúcares na cana, além de um aumento na produtividade agrícola, que elevou a moagem.

Metade do Comécio Global

Mesmo com uma redução na produção de açúcar no próximo ano, Padua disse que o Brasil continuará tendo participação preponderante no mercado global, uma vez que boa parte do setor já fixou muitas vendas antecipadas para próxima safra e também para a de 2022/23.

Na safra atual (2020/21), a expectativa da Unica é de que o açúcar do Brasil volte a representar 50% do comércio global, ante 36% no ciclo anterior.

A produção de açúcar do centro-sul foi projetada para alcançar 38,4 milhões de toneladas até o final da safra 2020/21, crescimento de cerca de 11,5 milhões de toneladas na comparação com a safra anterior, o que mostra toda a flexibilidade do setor de mudar o “mix” da cana de acordo com o produto com melhor remuneração.

A exportação brasileira de açúcar de janeiro a dezembro foi projetada em 31 milhões de toneladas, “um recorde da última década”, disse o diretor-executivo da Unica, Eduardo Leão.

A exportação de açúcar do Brasil gerou divisas de cerca de 8 bilhões de dólares de janeiro a novembro, alta anual de 67%.

Já o etanol, que sofreu fortemente o impacto da pandemia, deverá encerrar 2020/21 (abril/março) com produção de 30,4 bilhões de litros, versus um recorde de 33 bilhões na safra anterior.

A moagem de cana 2020/21 foi estimada em 605 milhões de toneladas no centro-sul, sendo a maior desde a temporada 2016/17, quando somou 607 milhões de toneladas.

O crescimento no ciclo ante 2019/20 será de 15 milhões de toneladas, com a produção beneficiada por boas chuvas na primavera e verão de 2019, apontou o Centro de Tecnologia de Canavieira (CTC), em apresentação após a fala do diretor da Unica.

O CTC também comentou um dos fatores que colaboraram para o forte crescimento da produção de açúcar no ciclo atual, a qualidade da cana.

O tempo seco em 2020 colaborou para a concentração de açúcares e elevou o ATR para 141 quilos por tonelada de cana (no acumulado da safra até novembro), ante 135 kg na temporada passada.

O indicador de ATR é o maior em mais de uma década, equiparando-se ao da safra 2008/09, segundo dados do CTC.

O centro de tecnologia, contudo, citou que a taxa de renovação dos canaviais voltou a cair em 2020/21, “podendo se refletir na produtividade do próximo ciclo”.

O CTC também concordou com o diretor da Unica sobre o impacto do tempo seco ao longo do último ano para a próxima safra, que deverá ficar mais acentuado, por ora, principalmente no início da próxima temporada.

De acordo com a Unica, 269 unidades estão operando no centro-sul brasileiro, sendo que seis são “flex”, produzindo etanol de cana e de milho.

Há ainda seis unidades dedicadas exclusivamente à produção de etanol de milho, com uma empresa iniciando as atividades em outubro, disse Padua.

Conforme dados da Unica, a produção de etanol de milho do centro-sul terá crescimento de 63% ante a temporada passada, para 2,65 bilhões de litros em 2020/21.

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