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Procura por casas em bairros nobres de São Paulo mais do que dobra

29 ago 2022, 14:44 - atualizado em 29 ago 2022, 14:44
Imóveis
Levantamento feito pelo DataZAP+ indica que, em relação a 2019, antes portanto do início da pandemia, a procura por casas em geral caiu 15% na cidade neste ano (Imagem: Pixabay/PhotoMIX-Company)

A busca por casas com espaço para lazer, como piscinas, jardins e churrasqueiras, segue em alta, mesmo com o arrefecimento da pandemia de covid-19.

Há dois anos, a procura teve um “boom” entre consumidores que queriam melhor qualidade de vida e de moradia.

A demanda se mantém e é mais concentrada em bairros nobres na cidade de São Paulo, onde clientes de alta renda pagam até R$ 5 milhões por casarões.

Levantamento feito pelo DataZAP+ indica que, em relação a 2019, antes portanto do início da pandemia, a procura por casas em geral caiu 15% na cidade neste ano. Já em bairros nobres como Morumbi e Jardins houve aumento de até 130% na demanda por esse tipo de imóvel.

Na Revenda Imóvel, com sede em Alphaville, de cada dez imóveis vendidos no período de pré-pandemia, apenas um era casa e os demais, apartamentos. Agora, são em média quatro a cinco casas para cada dez negócios fechados, informa o diretor comercial Guilherme Kraemer. A procura maior levou também ao aumento de preços.

“Antes era possível encontrar casas de 300 metros a 500 metros quadrados no Jardim Eleonor, no Morumbi, por R$ 800 mil”, diz Kraemer. “Hoje não tem nenhuma por menos de R$ 1,6 milhão”

A demanda, ainda assim, continua alta. Ele conta que, no mês passado, uma casa à venda por R$ 5 milhões no Alto de Pinheiros recebeu oito interessados no primeiro fim de semana após o anúncio. Foi vendida em 15 dias.

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Altos preços

Uma das maiores imobiliárias que atuam com imóveis de alto e altíssimo padrão em São Paulo, a Coelho da Fonseca, com mais de 40 anos de atuação e filiais em vários bairros, registrou, nos últimos dois anos, crescimento de 250% na procura por casas e coberturas nos bairros Jardins, Cidade Jardim, Alto de Pinheiros, Alphaville e Jardim Lusitânia, com valor médio a partir de R$ 4 milhões.

Segundo Luiz Coelho da Fonseca, diretor da imobiliária, antes da pandemia o conceito de morar bem estava mais ligado a apartamentos próximos aos locais de trabalho dos proprietários, que não queriam perder muito tempo no trânsito.

Depois, com o home office ou trabalho híbrido, a necessidade de ambientes abertos, com mais espaço e conforto para as famílias, houve grande procura por casas e coberturas, movimento que ainda se mantém.

“Houve uma ressignificação do que é morar bem”, diz Fonseca. No período pré-pandemia, 70% dos negócios da empresa envolviam apartamentos e 30% casas e coberturas. Nos últimos dois anos essa participação se inverteu, e o executivo acredita que a tendência vai se manter.

Fonseca ressalta que, no início da pandemia, muitas casas foram adquiridas a preços bem competitivos, mas, com o aumento da demanda, os valores subiram.

Além disso, a valorização dos novos apartamentos, em parte por causa do encarecimento das matérias-primas, também é repassada para os imóveis usados.

Busca por espaço

Larissa Gonçalves, economista do DataZAP+, também avalia que o aumento da procura por casas é reflexo da mudança de preferências causadas pelo período pandêmico.

“As casas normalmente têm área total maior (em relação a apartamentos), espaços bem divididos, locais arejados, possibilidade de se ter um jardim ou área externa com maior privacidade e, por isso, se tornaram mais atrativas nos últimos dois a três anos”, afirma Larissa.

Pelos dados da ferramenta de monitoramento do mercado imobiliário, em comparação a janeiro de 2019 a procura por casas no bairro Alto de Pinheiros cresceu 129% neste ano; na Cidade Jardim o aumento foi de 113%; nos Jardins de 31%; e no Morumbi de 26%.

Investidores 

O presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic), José Roberto Graiche Júnior, afirma que também há investidores adquirindo casas mais antigas em bairros como Vila Nova Conceição, Jardins e Ibirapuera para reformar e revender.

“Também há uma movimentação de proprietários trocando apartamentos por casas”, constata Graiche Júnior.

Kraemer informa que um apartamento de 80 m² no Brooklin, por exemplo, custa cerca de R$ 1,5 milhão, preço próximo ao de uma casa de 400 m² com piscina no Morumbi.

O diretor comercial da Revenda Imóvel ressalta que a locação de casas de alto padrão também “disparou” nestes últimos anos, e os preços médios do aluguel saltaram de R$ 8 mil por mês, entre 2019 e 2020, para R$ 13 mil atualmente. A busca por terrenos para construção de novas casas também está em alta, acrescenta ele.

Mudança

O mercado imobiliário passa por transformação

– Antes da pandemia: O conceito de morar bem estava mais ligado a apartamentos próximos aos locais de trabalho , observa Luiz Coelho da Fonseca, da imobiliária Coelho da Fonseca.

– Agora: Com o avanço do home office e do trabalho híbrido, a necessidade de ambientes com mais espaço e conforto para as famílias, aumentou a procura por casas e coberturas.

– Em números, a revisão de prioridades: Coelho da Fonseca constata “uma ressignificação do que é morar bem”, que se traduz em números: no período pré-pandemia, 70% dos negócios da empresa envolviam apartamentos e 30% casas e coberturas. Nos últimos dois anos essa participação se inverteu.

– Valorização extra: A valorização dos novos apartamentos, em parte por causa do encarecimento das matérias-primas, também é repassada para os imóveis usados.

– Aluguel: O diretor comercial da Revenda Imóvel ressalta que a locação de casas de alto padrão também disparou, e os preços médios do aluguel saltaram de R$ 8 mil por mês, entre 2019 e 2020, para R$ 13 mil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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