Economia

‘Problema não é o BC, é o fiscal’: Selic alta é fenômeno de uma inflação menos sensível aos juros, diz Rio Bravo

10 jan 2025, 16:18 - atualizado em 10 jan 2025, 17:29
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(Imagem: joaogbjunior/Pixabay)

A taxa básica de juros em patamar já restritivo não tem sido suficiente para controlar a inflação, nem as expectativas futuras, afirma o economista da Rio Bravo, José Alfaix. Hoje, a Selic é de 12,25% ao ano e já tem mais duas altas de 1 ponto percentual (p.p.) contratadas até março de 2025.

O IBGE divulgou na manhã desta sexta-feira (10) que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 rompeu o teto de tolerância da meta perseguida pelo Banco Central (BC) — de 3%, com uma banda de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.). A inflação subiu 0,52% em dezembro e fechou o ano em 4,83%.

Em relação às expectativas, a projeção do Copom para a inflação situa-se em 4% no segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante de política monetária.

Segundo Alfaix, a parte que mais assusta o mercado é justamente essa desancoragem das estimativas. “Mesmo com a Selic podendo chegar 15% no meio do ano, ainda não vemos a inflação ancorando no horizonte relevante”, disse em entrevista ao Money Times.

O economista esperava que as expectativas para o IPCA voltassem a se estabilizar após a alta de 1 p.p. na taxa de juros na reunião de dezembro, o que não aconteceu. Isso porque estão atreladas à condução fiscal — “o canal de juros atingiu seu limite hoje.”

“A Selic alta é um fenômeno natural de uma inflação mais elevada e menos sensível aos juros. O problema não é o Banco Central, é o fiscal. O Banco Central fica a mercê da política fiscal”, disse.

A projeção da Rio Bravo para a taxa em 2025 é de 14,75%. A casa, inclusive, não enxerga espaço para corte de juros este ano.

‘Tempestade perfeita’ na inflação

O economista da Rio Bravo descreve o cenário para a inflação de 2024 e até mesmo para 2025 como uma “tempestade perfeita”.

Alfaix explica que o impacto do câmbio depreciado se espalhou e deve continuar se espalhando para diferentes lados da inflação. Por outro lado, a energia elétrica deve, enfim, aliviar a pressão.

Do lado negativo, os serviços e os alimentos e bebidas e impactaram o IPCA de 2024. “Vemos esse movimento em agropecuários, especificamente, carne bovina — um movimento que já tínhamos visto em novembro, continuamos vendo em dezembro e ainda vamos ver esse ano inteiro.”

“É basicamente um aumento no custo da produção do boi, escassez de oferta de gado e maior demanda externa. E não é uma inflação, necessariamente, de demanda, é de oferta, então é muito mais difícil para o Banco Central lidar”, disse.

Já em serviços, o economista destaca o mercado de trabalho muito aquecido e o rendimento médio real maior. “As pessoas ganham mais dinheiro em serviços, gastam mais dinheiro com serviços e isso consuma retroalimentar a inflação mais pegajosa dentro dessa categoria”, afirmou.

Da parte positiva, Alfaix destaca o ano melhor para os preços administrados em 2025. “A energia elétrica foi um problema muito grande ano passado. Agora, com a bandeira verde em dezembro e a energia natural fluente, tira a pressão da energia.”

No entanto, ele conclui que tal melhora não deve ser capaz de conter as pressões de mercado de trabalho e do dólar nos preços.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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