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Privatização é ‘corrida de obstáculos’, diz ex-CFO da Eletrobras em evento do Market Makers

31 maio 2024, 9:00 - atualizado em 29 maio 2024, 10:56
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Ex-executiva da Eletrobras lembra que uma das condições para a privatização era a de que o preço na oferta fosse maior do que os R$ 39,96. (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A ex-vice-presidente executiva de Finanças e Relações com Investidores da Eletrobras, Elvira Presta, definiu a privatização da empresa como “uma corrida de obstáculos” porque, segundo ela, o “rito era muito complexo”.

De acordo com a executiva, analistas tinham uma visão de que o processo era mais simples do que de fato o que ela via na empresa após a aprovação da lei que possibilitou a desestatização.

Presta citou a segregação da Eletronuclear e Itaipu, além de ações judiciais pelo país, como exemplos de processos complexos que precisavam ser resolvidos. “A gente tinha uma força-tarefa coordenada pela AGU, com advogados do BNDES e do Ministério da Economia para lidar com ações judiciais em todo o país”, contou.

A ex-vice-presidente financeira frisou que uma das condições para a privatização era a de que o preço na oferta fosse maior do que os R$ 39,96 definidos a partir de dois estudos encomendados pelo BNDES – a oferta saiu a R$ 42.

“Não é que a gente só fazia privatização. A gente tocava a segunda estatal do país, tocava a maior empresa elétrica da América Latina”, acrescentou.

Presta estava na companhia durante a privatização que movimentou R$ 33,7 bilhões e participou, junto com a ex-CFO da Petrobras, Andreia Almeida, do Elas revolucionaram as estatais, evento especial do Market Makers, Seu Dinheiro e Money Times.

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Preconceito

A ex-executiva da Petrobras disse que tinha preconceito com estatais até ser chamada para trabalhar na companhia.

“Mas o time que encontrei [de concursados na empresa] era brilhante. Um time com a ‘faca nos dentes'”, contou, relembrando que chamou “a empresa inteira” para discutir performance.

Durante o período dela na empresa, destacou, a estatal aprovou uma nova política de dividendos, criou “uma série de diretrizes” para gerar valor no longo prazo e reduziu a dívida líquida de US$ 115 bilhões para US$ 75 bilhões. “Todo mundo queria fazer o que era certo”, frisou.

A executiva fez parte da Petrobras entre 2019 e 2021, em um momento marcado por alta volatilidade para os papéis por conta da covid-19 e das incertezas políticas em meio às expectativas sobre as eleições.

O período foi marcado por fortes lucros, pagamentos de vultosos dividendos e venda do restante da participação na Transportadora Associada de Gás (TAG).