Privatização do Banco do Brasil por Bolsonaro? Não aposte nisso (sério)
Enquanto muitos investidores se preocupavam com sinais de uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, outros se alegraram com a menção de uma eventual privatização do Banco do Brasil (BBAS3).
A bola foi levantada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao comentar o desconforto do presidente do banco, Rubem Novaes, com as pressões que recebe de todos os lados.
De um lado, o governo cobra a queda nas taxas de juros cobradas dos clientes. De outro, os acionistas minoritários exigem rentabilidade compatível com os bancos privados listados em bolsa.
Sorridente, Guedes deu sua solução para o dilema, no melhor estilo que pautou a reunião da cúpula do governo naquele dia: “Tem que vender logo essa p…”. Grosserias à parte, foi a senha para uma disparada das ações do Banco do Brasil nos dias seguintes.
Mas, é melhor você não apostar seu dinheiro nisso. O conselho é de Victor Schabbel e Maria Clara Negrão, que assinam um comentário da Ágora Investimentos sobre o assunto. Após alertar que “alguns investidores ficaram excessivamente otimistas” com a possibilidade, os analistas apresentaram seus argumentos.
Custo político
O primeiro é que “privatizar o Banco do Brasil é um movimento político dispendioso e só seria possível em circunstâncias únicas”. Quais? Uma delas seria a deterioração “extrema” da situação fiscal, com a dívida pública chegando a um nível “muito maior” que o atual.
Além disso, segundo a Ágora, seria necessário que o governo convencesse o mercado e a sociedade de que conta com alternativas fortes para atuar no setor bancário, se necessário. Isso significaria fortalecer a Caixa Econômica Federal.
Por isso, os analistas são bastante claros com quem sonha em lucrar com a privatização do Banco do Brasil ainda neste governo. “Não estaríamos negociando essa possibilidade, dada a enorme quantidade de incertezas que a cercam”, dizem.
Não há motivo nem mesmo para esperar a privatização de subsidiárias do banco. “O desinvestimento em certas subsidiárias, como o feito no passado, também não parece ser uma boa alternativa, pois não desbloqueia significativa para os acionistas”, observam.