Comprar ou vender?

Privatização da Sabesp (SBSP3) está pegando fogo; com apenas R$ 1 é possível entrar, mas vale a pena?

04 jul 2024, 17:12 - atualizado em 05 jul 2024, 16:28
Sabesp
Mas o investidor pessoa física também pode, e segundo analistas e gestores que conversaram com o Money Times, deve participar (Imagem: Facebook-Sabesp)

A privatização da Sabesp (SBSP3) caminha para ser a maior oferta de ações do ano. A venda para o investidor, de 17%, já atrai R$ 40 bilhões e, segundo informações do Broadcast, pode ultrapassar os R$ 80 bilhões, bem acima do esperado. Na última sexta-feira, a Equatorial (EQTL3) levou a fatia de 15% e será o investidor referência. O período de reserva abriu no dia 1º de julho e irá até o dia 15. No dia 18, será fixado o preço.

Em relatório, a Genial afirma que o processo de bookbuilding pode ser bem competitivo e, eventualmente, puxar para cima as cotações da SBSP3. Na bolsa, a ação já disparou 10% em seis sessões. Desde o dia 20 de junho, a alta soma 14%.

“Por se tratar de uma empresa com valor de mercado relevante (de quase US$ 10 bilhões) e no segmento de saneamento, imaginamos que a demanda de capital estrangeiro pela oferta deva ser não-desprezível tendo em vista a percepção que o negócio é “do bem” e fazer parte de uma agenda positiva de ESG. Sendo assim, imaginamos que alguma reprecificação no case antes mesmo da oferta ser concluída não pode ser descartada”, destaca.

Ainda segundo o Broadcast, os principais interessados são gestores e fundos de investimentos focados em infraestrutura. Mas o investidor pessoa física também pode, e segundo analistas e gestores que conversaram com o Money Times, deve participar.

São três opções disponíveis:

  • comprar o papel na bolsa;
  • reservar o papel de forma direta, com aporte mínimo de R$ 100;
  • via fundo de ações, com aporte mínimo a R$ 1;

O investidor que quiser reservar o papel via fundos ou forma direta, precisa entrar na sua corretora e escolher a opção ‘oferta de ações’.

Para Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, investir direto nas ações, é a melhor alternativa. “Contudo, via fundo da Sabesp acaba sendo mais democrático, considerando o aporte mínimo exigido de R$ 1. Mas aí tem a taxa de administração e as condições gerais do fundo que devem ser respeitadas”, discorre.

Por outro lado, Flavio Conde, da Levante Investimentos, diz que há um desconto significativo nos fundos em relação à ação, se atentando apenas para a taxa de administração. Os fundos do Itaú (ITUB4), por exemplo, possuem taxa de 0,2% ao ano.

Vale a pena investir na Sabesp?

Segundo analistas, a Sabesp é uma empresa boa e que ainda possui margem para crescer. Conde lembra que a empresa está presente em 376 municípios dos 645 do estado, o que dá margem para a companhia realizar aquisições. Ele diz ainda que além de ser mais segura que outras gigantes, como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), o processo da Sabesp foi melhor desenhado que as privatizações da Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3).

Diferente de outras venda de empresas públicas, a operação foi dividida em duas etapas, sendo a primeira para definir o investidor referência, que terá que investir na companhia até 2030. Até 2060, são previstos R$ 260 milhões em investimentos, sendo R$ 68 milhões para a universalização do estado de São Paulo até 2029.

Já para o gestor Gustavo Henrique Fabricio, da RPS Capital, o processo foi conduzido da melhor maneira possível pelo estado. Ele recorda que mesmo em um momento no qual o país está em xeque por investidores estrangeiros, “com uma crise de confiança altíssima, câmbio subindo forte, mercado precificando necessidade de juros mais altos, o Estado de São Paulo conseguiu um investidor estratégico com excelente track record”.

“Não só continuaremos sendo acionistas, mas pretendemos aumentar ainda mais a exposição em nossos fundos através da oferta subsequente. Vemos um retorno potencial sem tamanho pelos próximos anos para a companhia através de melhorias de seu Ebitda via eficiência, além de um potencial re-rating de seu múltiplo atual em torno de 0,8x para níveis do setor elétrico em torno de 1,5x”, explica.

Para EQI, a ação pode bater em R$ 115, potencial de alta de 41%. Segundo a casa, a empresa passará por um ‘momento de inflexão’. “Em vias de ser privatizada, a empresa tem executado de maneira bem-sucedida uma agenda de ganho de eficiência, reduzindo custos e otimizando investimentos. Atualmente a ação negocia a um múltiplo de 0,88x EV/RAB e uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 11,9%”, destaca.

Na visão do analista Luis Fernando Moran de Oliveira, que assina o relatório, a agenda de redução de custos e a redução do custo de capital próprio são as duas alavancas de valor para a tese. “Vemos uma expressiva geração de valor, com SBSP executando seu programa de investimentos, de aproximadamente R$ 55 bilhões nos próximos anos, com custo de capital próprio mais baixo”, destaca.

São três os pontos que fazem o papel valer a pena:

  • Ganhos de eficiência, principalmente com redução do custo de pessoal (com programas de demissão voluntária, substituição de empregados e redução salarial);
  • Privatização e redução do custo de capital, com melhor governança e geração de valor nos investimentos acima da depreciação;
  • Preço da ação atraente e crescimento orgânico: A SBSP3 está negociando ainda com múltiplo atraente de 0,88X EV/RAB e taxa interna de retorno (TIR) de 11,9%;

Qual será o papel da Equatorial?

Segundo a Genial, a Equatorial é um bem-sucedido case de private equity da bolsa brasileira. Desde 2008, a empresa multiplicou seu valor em aproximadamente 30 vezes.

“Entendemos que a maior parte da performance de suas ações está relacionada a aquisição seguido de turnaround de distribuidoras de energia elétrica problemáticas nos estados do Maranhão, Pará, Alagoas, Amapá, Piauí e, mais recentemente, no Rio Grande do Sul”, completa.

Para os analistas, historicamente, a empresa tem sido muito bem-sucedida na gestão/turnaround dessas companhias.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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