Principal negociador comercial dos EUA elogia acordo; China continua cautelosa
O principal negociador comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou a “fase um” do acordo comercial com a China, que deve quase dobrar as exportações norte-americanas para a China nos próximos dois anos, enquanto o país asiático continua cauteloso antes da assinatura do pacto.
O representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, falando no programa “Face the Nation” da CBS no domingo, disse que haverá alguns ajustes de rotina no texto, mas que “ele está totalmente concluído, absolutamente”.
O acordo, anunciado na sexta-feira depois de mais de dois anos e meio de negociações entre Washington e Pequim, reduzirá algumas tarifas dos EUA sobre produtos chineses em troca do aumento das compras pela China de produtos agrícolas, manufaturados e de energia dos EUA, no valor de 200 bilhões de dólares, pelos próximos dois anos.
A China também se comprometeu no acordo a proteger melhor a propriedade intelectual dos EUA, a coibir a transferência forçada de tecnologia norte-americana para empresas chinesas, a abrir seu mercado de serviços financeiros a empresas dos EUA e a evitar a manipulação de sua moeda.
Está sendo determinada uma data para as principais autoridades norte-americanas e chinesas assinarem formalmente o acordo, disse Lighthizer.
As compras chinesas de produtos agrícolas devem aumentar para 40 bilhões a 50 bilhões de dólares anualmente nos próximos dois anos, disse Lighthizer.
Embora a delegação comercial da China tenha expressado otimismo sobre o acordo, alguns funcionários do governo estão cautelosos.
“(O acordo) é uma conquista em fases e não significa que a disputa comercial esteja resolvida de uma vez por todas”, disse uma fonte em Pequim com conhecimento da situação. Essa fonte disse que assinar e implementar o pacto continua sendo a principal prioridade para que haja sucesso.
Várias autoridades chinesas disseram à Reuters que a redação do acordo continua sendo uma questão delicada e que é necessário cuidado para garantir que as expressões usadas no texto não aumentem as tensões e aprofundem as diferenças.
A China enfrenta uma enorme pressão para cumprir a fase um do acordo, disse Shi Yinhong, professor da Universidade Renmin e assessor do gabinete.
Shi sugeriu que as importações de alguns produtos agrícolas dos EUA, como a soja, estariam muito acima da demanda da China.
“Olhe para Trump e Lighthizer, eles estão muito felizes. Mas nosso governo apenas relatou fatos, não comemoramos”, disse Shi em um fórum em Pequim.
O acordo suspendeu uma rodada de tarifas dos EUA sobre uma lista de 160 bilhões de dólares em importações chinesas, que estava programada para entrar em vigor no domingo.
Os Estados Unidos também concordaram em reduzir pela metade, para 7,5%, as tarifas sobre uma lista de 120 bilhões de dólares em produtos chineses.