Bancos

Principais BCs do mundo escolhem caminhos diferentes para saída de estímulos

16 dez 2021, 11:06 - atualizado em 16 dez 2021, 11:06
Jerome Powell
O chair do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, previu na quarta-feira que os Estados Unidos estão caminhando para o pleno emprego, aconteça o que acontecer –perspectiva remota para a maioria dos mercados de trabalho europeus (Imagem: Kevin Dietsch/Pool via REUTERS)

O Reino Unido se tornou nesta quinta-feira a primeira economia do G7 a aumentar as taxas de juros desde o início da pandemia, com o banco central norte-americano também sinalizando planos de aperto monetário em 2022, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) apenas restringiu ligeiramente o estímulo.

Os diferentes caminhos percorridos por esses importantes bancos centrais sublinham as profundas incertezas sobre como a variante Ômicron, de rápida disseminação, atingirá a economia global e suas visões divergentes sobre a inflação teimosamente alta e os obstáculos nas cadeias de abastecimento internacional.

Eles também refletem o impacto desigual da pandemia nas principais economias do mundo.

O chair do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, previu na quarta-feira que os Estados Unidos estão caminhando para o pleno emprego, aconteça o que acontecer –perspectiva remota para a maioria dos mercados de trabalho europeus.

As autoridades do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) aumentaram a taxa de referência de 0,1% para 0,25%, confundindo expectativas dos economistas de que ficaria em pausa. O BoE disse que a inflação deve atingir 6% em abril, três vezes a meta do BC.

“O Comitê continua julgando que há riscos bilaterais em torno das perspectivas de inflação no médio prazo, mas que algum aperto modesto da política monetária ao longo do período de projeção provavelmente será necessário para cumprir a meta de inflação de 2% de forma sustentável”, afirmou o banco central britânico.

O BCE, que viu a inflação ficar abaixo da meta na maior parte da década passada, entretanto, manteve as taxas de juros e anunciou o fim de seu programa emergencial de compra de ativos –adotado durante a pandemia– em março próximo.

 O BoE disse que a inflação deve atingir 6% em abril, três vezes a meta do BC (Imagem: Reuters/Toby Melville/File Photo)

Mas o banco central da zona do euro prometeu copioso apoio conforme necessário por meio de seu há muito em operação Programa de Compra de Ativos (APP, na sigla em inglês), confirmou sua visão relaxada sobre a inflação e sinalizou que qualquer saída de anos de política monetária ultra-acomodatícia será lenta.

“O Conselho do BCE avalia que o progresso na recuperação econômica e em direção à sua meta de inflação de médio prazo permite uma redução passo a passo no ritmo de suas compras de ativos nos próximos trimestres”, disse o órgão em comunicado.

O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) deve anunciar sua decisão de política monetária na sexta-feira. Com a inflação ao consumidor permanecendo praticamente ausente, apenas uma ligeira redução nas compras de ativos corporativos está em discussão na reunião.

O banco central da Noruega, que havia subido os juros em setembro na esteira de uma recuperação econômica, deu mais passos nessa direção com nova alta de juros nesta quinta-feira, como esperado, e disse que é provável que haja mais.

Também nesta quinta-feira, o Banco Nacional da Suíça manteve sua postura ultraflexível com uma taxa básica de juros fixada em -0,75%. A inflação suíça –embora esteja em alta– ainda deve ficar muito mais baixa do que em outros lugares, em apenas 1% no próximo ano e em 0,6% em 2023.