Primeira mulher diretora-chefe do Yahoo na América Latina fala sobre carreira

O ano é 2022, mas a ideia de um mundo com igualdade de gênero ainda parece ser uma realidade distante, que só as próximas gerações poderão ver acontecendo.

A distância social entre homens e mulheres acaba se refletindo inevitavelmente dentro do ambiente corporativo, que ainda reserva a maior parte de suas posições de liderança aos homens.

A pesquisa “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada recentemente e realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), mostrou que as mulheres ocupam 37,4% dos cargos gerenciais.

A pesquisa também destaca que mesmo que tenham mais anos de estudo e frequentem mais a escola, as mulheres recebem apenas 77,7% do rendimento dos homens.

Alessandra Blanco, country manager do Yahoo Brasil e primeira mulher a assumir o cargo de diretora-chefe do Yahoo na América Latina, diz que são questões como essas guiam seu trabalho.

Ela tem como objetivo dar continuidade à proposta da marca de trazer foco para um conteúdo original, além de ampliar vozes e trazer diversidade e inclusão.

Jornalista por formação, a executiva chegou ao Yahoo há três anos, como head de mídia, sendo responsável pelas estratégias editoriais de projetos de conteúdo e experiências voltadas aos anunciantes.

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Alessandra já passou por veículos como Folha de S. Paulo, Editora Abril e iG, além de atuar em projetos com as marcas Unilever (ULEV34), Coca-Cola (COCA34), Spotify e Netflix (NFLX; NFLX34).

Capacidade coloca em xeque

Para Alessandra, sucesso profissional é poder fazer aquilo “em que se acredita”. “Em uma empresa que me apoia, me dá liberdade para tomar decisões e que, acima de tudo, tem preocupações tanto com seus funcionários quanto com sua responsabilidade social, como é o Yahoo Brasil”, afirma.

Mulher em posição de liderança, ela diz que o cargo traz um desafio: ter que provar constantemente a sua capacidade, mesmo liderando equipes há 25 anos.

“No começo, era muito mais difícil, pois, além de ser mulher, eu era muito jovem. Ao longo dos anos, fui ganhando mais confiança e também experiência. Mas, até hoje, vejo mulheres sendo interrompidas por homens em reuniões ou não sendo ouvidas, o que é ainda pior”, relata.

Ela também destaca o quanto ainda é comum que mulheres sejam consideradas agressivas ou descompensadas quando apenas estão sendo firmes, não sejam levadas a sério ou ainda tenham suas ideias “roubadas”.

Para reverter esse quadro, a executiva acredita que as empresas precisam ampliar a participação feminina em cargos de liderança.

“Quando entrei no Yahoo, há três anos, a liderança no Brasil era majoritariamente masculina. Hoje, sou a country manager e temos mulheres na direção de finanças, RH, jurídico, marketing e vendas”, conta Alessandra.

Dicas e conselhos profissionais

Depois de ter trabalhado em projetos para empresas como Unilever, Coca-Cola, Spotify e Netflix, Alessandra concluiu que não precisava ter sentido tanta ansiedade durante sua vida profissional.

“Controle a sua ansiedade. Não se preocupe tanto, experimente mais, faça mais conexões com pessoas interessantes ou que realizam trabalhos bacanas. E, só trabalhe em projetos/empresas em que você acredita”.

A executiva não vê receita para o sucesso e atribui suas conquistas ao seu trabalho e dedicação. “Quando você vai mostrando resultado, seriedade, honestidade e respeito, vai abrindo caminhos, tendo novas oportunidades, conhecendo pessoas e fazendo conexões”, diz.

Ainda assim, ela lista o que julga ser mais importante para a construção de uma carreira rumo à liderança: dedicação, conhecimento sobre a área, busca pelos melhores resultados, aprendizado contínuo e conexão com projetos e pessoas interessantes.