AgroTimes

Previsões mudam e modelos passam a apontar risco de geada para parte do milho do Brasil

23 jun 2021, 14:09 - atualizado em 24 jun 2021, 14:10
Lavoura de milho
A Somar Meteorologia também afirmou, no início da semana, que não havia previsão de geadas para áreas de milho pelos próximos 15 dias (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

As previsões climáticas mudaram e agora apontam para a intensificação de uma massa de ar polar que indica riscos de geadas para o milho do Paraná e Mato Grosso do Sul, principalmente, no início da próxima semana, de acordo com a Rural Clima.

Na segunda-feira, a empresa de meteorologia divulgou avaliação de que o mês de junho terminaria sem geadas nessas áreas, afastando a possibilidade de novas quebras de safra para o milho, que já sofreu fortemente com a seca após um plantio atrasado.

A Somar Meteorologia também afirmou, no início da semana, que não havia previsão de geadas para áreas de milho pelos próximos 15 dias.

Segundo o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, os modelos passaram a acusar, entre a noite de quarta-feira e a manhã desta quinta-feira, a previsão da chegada de frio mais intenso na próxima semana.

“Os modelos começaram a sinalizar a possibilidade de uma geada até que severa para várias regiões produtoras do Sul do Brasil“, disse ele.

“O risco está gigante se a massa de ar polar continuar avançando com a mesma amplitude. Vai pegar em cheio o milho safrinha do sul de Mato Grosso do Sul, oeste do Paraná e oeste de Santa Catarina…”, acrescentou ele.

Esse “risco gigantesco” seria para segunda, terça e quarta-feira da próxima semana, disse Santos, explicando que essas mudanças de projeções apresentadas pelos modelos são normais e precisam ser acompanhadas.

Uma pesquisa da Reuters apontou na terça-feira uma forte redução na produção de milho do Brasil, com a safra total sendo estimada em menos de 94 milhões de toneladas em 2020/21, mas por conta da seca que atingiu as lavouras nos últimos meses.

Áreas mais ao norte do país, incluindo regiões de café, também enfrentarão um frio mais intenso, mas provavelmente sem geadas.

“Acho que o café sai meio que ileso, mas temos que olhar.”

Geada para o café poderia ter algum impacto na próxima safra, uma vez que a atual está sendo colhida, tendo a colheita atingido já cerca de 40% da produção estimada.

Risco Maior no Oeste

Com relação ao milho do Paraná, segundo Estado produtor do cereal no Brasil, que costuma sentir mais os efeitos de geadas, quando acontecem, será preciso acompanhar a intensidade do frio.

O norte do Estado, que não costuma sofrer muito com geadas neste período, é onde está grande parte da área de milho suscetível a perdas pelo frio, nas fases de desenvolvimento/frutificação.

Mas a região oeste, também importante produtora de milho no Paraná e onde geadas podem acontecer, segundo a previsão, só estaria praticamente livre de qualquer problema advindo do frio se não houver temperaturas congelantes nos próximos 20 dias, disse no início da semana o especialista do Departamento de Economia Rural (Deral), Edmar Gervásio.

Ele confirmou indicações meteorológicas, mas disse que só será possível confirmar o fenômeno climático, previsto para a semana que vem, mais perto do evento.

“O Simepar está prevendo geada pra semana que vem, mas a acuracidade é muito pequena com este prazo, normalmente com 48 horas é mais realista.”

A segunda safra de milho do Paraná 2020/21 foi estimada em 9,8 milhões de toneladas, apontou levantamento do Deral, que reduziu nesta quinta-feira a projeção em 500 mil toneladas ante o total previsto em maio devido ao impacto da seca.

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