Previdência Privada

Previdência privada cresce, mas obstáculos como as bets seguem assombrando o setor

30 nov 2024, 12:00 - atualizado em 29 nov 2024, 16:37
previdência privada novas regras
(Imagem: Canva Pro)

Os aportes na previdência privada cresceram 17,6% no comparativo entre os nove primeiros meses de 2023 e 2024. Foram R$ 146,9 bilhões aplicados nos planos de previdência privada aberta no país, segundo último relatório elaborado pela Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

Com a nova regra de idade mínima progressiva para adquirir o benefício da aposentadoria pelo Estado, a busca por alternativas à previdência social ganhou relevância, ampliando o debate sobre estratégias de planejamento financeiro a longo prazo.

Especialistas alertam que, com o aumento da expectativa de vida no Brasil e a queda na taxa de natalidade, o país poderá enfrentar um cenário insustentável nas próximas décadas. Esse desequilíbrio, marcado por uma população envelhecida e uma base reduzida de trabalhadores ativos, ameaça a viabilidade do sistema do INSS.

No entanto, o presidente da Fenaprevi, Edson Luis Franco, destacou durante o XI Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada que não só previdência social enfrenta desafios no curto e longo prazo, como também o setor privado.

Na pesquisa feita pelo Instituto DataFolha a pedido da Fenaprevi, um dos obstáculos apresentado são as bets. Pela primeira vez, a pesquisa trouxe a relação dos brasileiros com os itens considerados supérfluos.

25% dos entrevistados costumam jogar e participar de jogos de azar ou fazer apostas online. A pesquisa mostrou também que 10% das pessoas que possuem gastos considerados supérfluos — aqui entra também assinatura de streaming, gastos com roupas e outros — consideram esses gastos mais importantes do que contratar um seguro de vida.

Para Franco, esses dados evidenciam a necessidade de mais conscientização financeira nas pessoas e um combate mais efetivo desse imediatismo pelas empresas, empregadoras e governo.

Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva e fundador do Data Favela, disse também durante a sua participação no evento que as empresas e o mercado precisam ser capazes de entender a problemática que a relação dos brasileiros com a bets está trazendo para os diversos setores.

“Se não formos capazes hoje de entender por que o seguro de vida ou a previdência privada é menos importante para os brasileiros do que as bets, perdemos o jogo. E pra isso precisamos ir a fundo”, destacou o empresário.

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Uma nova reforma da previdência poder vir aí?

O presidente da Fenaprevi também defendeu durante o evento uma nova reforma no sistema previdenciário.

Ele disse ver a pauta sendo discutida em 2025, mas ponderou que deve haver dificuldade na aprovação do projeto por esse ser um tema caro e complexo do ponto de vista político.

A última reforma da Previdência, de 2019, extinguiu a aposentadoria por tempo de contribuição e elevou a idade mínima para homens e mulheres. “Desde aquele momento, ficou claro que o sistema de previdência pública, como ele é estruturado hoje, é insustentável”, disse Franco.