Previdência: 5ª é deadline para avaliar votação da reforma este ano, avalia Rodrigo Maia
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse hoje (4) que, até a próxima quinta-feira (7), espera avançar na organização da base de parlamentares para aprovar a reforma da Previdência. Maia encerrou, nesta segunda-feira, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), seminário sobre reformas estruturais e reconheceu que o governo ainda está longe da aprovação da reforma da Previdência.
Ele ressaltou, porém, que, nas duas últimas reuniões de que participou, os presidentes dos partidos assumiram que vão trabalhar para isso durante a semana. “A gente continua longe do ponto de vista do número de votos, mas desta vez com cada partido trabalhando de forma organizada, o que é importante. A gente estava longe dos votos e sem organização. Acho que agora, os principais partidos da base vão trabalhar, e o governo também vai mapear aqueles deputados que estão em partidos hoje que não estão na oposição mas também não estão na base mas que podem ajudar na votação da matéria.”
Maia não confirmou se a votação poderá começar na próxima semana e disse que prefere esperar até quinta-feira para ver que condições haverá nessa direção. Ele garantiu que o PSDB não vai atrapalhar a votação: “o PSDB vai votar, o PSDB vai ajudar”.
Segundo o presidente da Câmara, a participação do governo federal no processo é decisiva para a aprovação da reforma. “Não tem reforma da Previdência que se faça sem o compromisso claro do governo”. Para Rodrigo Maia, o governo está participativo e ativo e vai ajudar muito na votação.
De acordo com Maia, a base deverá ser composta por 330 deputados, o que não significa que a reforma terá todos os votos a favor. Ele deixou claro, contudo, que não trabalha com números. “Em uma reforma como a da Previdência, o número não é o mais importante. O mais importante é se o presidente do partido, os líderes estão empenhados – acredito que todos estejam – e se o governo efetivamente vai participar de forma clara nesse processo. E está participando”.
Todas as variáveis possíveis estão colocadas, enfatizou o presidente da Câmara. O trabalho agora é fazer o convencimento dos parlamentares em um tempo curto. “O prazo é que nos atrapalha”, afirmou.
Reorganização
Maia disse que fará o possível para tentar votar a reforma ainda neste ano.
Na opinião do deputado, a sociedade precisa entender que a reforma apresentada pelo governo vem reorganizar o sistema que transfere renda dos que ganham pouco para os que ganham muito. “É um projeto justo do ponto de vista do interesse da sociedade. Aqueles que ganham mais não vão perder nada, mas vão ter que trabalhar mais, com um processo de transição”. Para o brasileiro comum, faz uma diferença “enorme” votar a reforma este ano, disse Maia.
Os deputados também precisam entender que, se não votarem agora, terão que votar a reforma em algum momento, acrescentou Maia. “Não adianta achar que esse tema não estará nas eleições do próximo ano. No próximo ano, a sociedade vai querer saber por que esse tema é importante e os candidatos a deputados, senadores, governadores, presidente vão ter que dizer como vão cumprir suas promessas em um momento em que as despesas previdenciárias estão consumindo todo o orçamento público.”
Para o presidente da Câmara, não votar a reforma da Previdência neste ano tornará as expectativas negativas, gerando crescimento econômico bem inferior a 3%, e com uma taxa de desemprego que não vai cair. “É muito ruim; é dramático. Cada dia que se perde nesse assunto é dramático para o brasileiro comum, para o brasileiro mais simples”. E o déficit da Previdência poderá dobrar em dois anos para R$ 100 bilhões, estimou.
O deputado afirmou ainda que quem fugir do assunto “Previdência” vai pagar um preço elevado, “porque o eleitor não é bobo.” “[O povo] sabe que a Previdência, por mais que algumas corporações sejam contra, que algumas pessoas sejam contra, todos sabem que, sem organizar a Previdência e sem acabar com esse maior programa de transferência de renda onde os mais pobres financiam os que ganham mais, não há solução de investimento sério em educação, saúde e segurança pública.”